É frustrante constatar que no primeiro dia do novo ano está tudo na mesma. A retórica dos políticos não é excepção. A mensagem do Presidente Cavaco Silva, muito aguardada pelos habituais especuladores de serviço (nomeadamente os que lançaram a manchete do «Sol» do último sábado), pariu um rato. À boa maneira de um político profissional, deu «uma no cravo, outra na ferradura», deixou uns recados velados à governação, mas para o Orçamento do Estado nem uma palavra. Dizer que «as ilusões pagam-se caras» é, de facto, uma observação forte, e que assenta como uma luva à propaganda socialista, mas não deixa de ser bastante vago e com destinatário incerto. Em suma, um discurso «muito bem feito», como já se ouviu por parte dos analistas do regime, e que convida, como convém, a múltiplas leituras. Definitivamente, não é com políticos de meias tintas que isto anda para a frente.
PS: Cavaco preferiu fazer a sua intervenção confortavelmente sentado, ao contrário do Primeiro-Ministro,que na mensagem natalícia, se manteve em pé. Até na estética os homens começam a divergir.
1 comentário:
Memória curta, meu caro. O discurso de Cavaco marca uma cisão face aos que fez nos anos transactos (faz a pesquisa). Quanto à crise, se ela existe não se pode escamotear. E relativamente ao Orçamento de Estado só por loucura é que o PR poderia referir semelhantes palavras de malabarismos jornalísticos... (nms)
Enviar um comentário