26 dezembro, 2007
«Hoje ainda não morreu ninguém nas estradas portuguesas»
«Hoje ainda não morreu ninguém nas estradas portuguesas», disse, num misto de alívio e gozo, o locutor da TSF que leu o boletim das 19 horas. A sinistralidade rodoviária está preocupantemente sujeita à ditadura das estatísticas. Se morreram menos pessoas, se há menos feridos e menos acidentes em comparação com o mesmo período em 2006, está tudo bem, as medidas do governo estão a resultar, os condutores estão mais conscientes. Subitamente, um desastre vitima de uma assentada quatro pessoas e volta tudo a ser posto em causa. Entendam-se e deixem de jogar com os números, atirando areia para os olhos das pessoas.
O profano venceu o sagrado
O profano ganha espaço sobre o sagrado. Segundo um estudo divulgado hoje, estima-se que 3,5 milhões de britânicos tenham passado o dia 25 de Dezembro ao computador, ao passo que apenas 2,7 milhões saíram de casa para assistir na igreja às celebrações alusivas à data.
Um povo que adora dar ao dedo
Os sintomas de tendinites e queixas nas articulações dos dedos devem ter aumentado nos últimos dias. Mais um record histórico de envio de sms foi batido pelos felizes cidadãos portugueses. Os três operadores de redes móveis registaram entre o dia 21 e o próprio dia 25, mais de 945 milhões de mensagens escritas. A TMN liderou, com a Vodafone a escassa distância, ficando a Optimus no fundo da tabela. Haja alegria, ao menos somos primeiros da Europa em algo. Só ainda não percebemos que em nome da comodidade e de uns euros a menos, estamos a construir uma sociedade robotizada, que envia mensagens "chapa 5", seja para o amigo de uma vida, seja para aquele colega de trabalho que nos irrita profundamente, «que é feiinho» e tal, mas a desculpa é sempre a mesma, «é Natal!».
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