03 novembro, 2009

Da euforia ao cepticismo

Cumpre-se amanhã 1 ano sobre a vitória eleitoral de Barack Obama. O Presidente americano recolhe os níveis mais baixos de popularidade desde que tomou posse, em Janeiro. Muitos dos americanos que votaram no candidato democrata confessam agora a sua desilusão. Internamente, a incompreendida reforma sanitária, a lenta retoma económica, os índices de desemprego e, fora de portas, a guerras do Afeganistão e do Iraque, estão a manchar este primeiro ano de mandato. No fim-de-semana surgiu nova polémica: o peso do Presidente. Fotografado à saída de um ginásio, especula-se que Obama trabalha muito, faz muito exercício e come pouco. Durante a campanha chegou mesmo a ironizar-se que ele não teria peso, em quilos, suficiente para chegar à Casa Branca. Certo é que o que foi um slogan de campanha assente numa afirmação assertiva, está transformado numa pergunta que poucos ousam responder: será que ele consegue dar a volta?

No reino da permissividade

38 infracções depois, Cristina Araújo ficou com o cadastro demasiado sujo para qualquer juiz pensar ser benevolente. Nos últimos 20 anos acumulou no seu registo criminal um «mix» de delitos, como a falsificação de documentos e a desobediência e atentado à integridade física, que deixaria corado um qualquer deliquente de favela brasileira. Já a mandaram para casa em prisão domiciliária, mas nem assim a visada acatou. A senhora que teima em conduzir para ir trabalhar, apesar de não conseguir passar no exame de código, foi hoje condenada a um ano de prisão efectiva. O seu advogado pondera apresentar recurso. Enquanto isso, enquanto não se conhece uma decisão, e uma vez que o crime não implica o cumprimento de prisão preventiva, a senhora deverá continuar a deslocar-se, à margem da lei, no seu automóvel. As autoridades continuam a fechar os olhos à ilegalidade, por muito insignificante que possa ser. Chegámos a um ponto, sem retorno, em que o coro de reprovação e linchamento popular só acontece no homicídio qualificado e, de preferência, com requintes de malvadez e envolvendo menores. Tudo o resto é permitido.

O julgamento eterno

Os principais arguidos do caso Casa Pia juraram por Deus. e solenemente, que nada têm a ver com o assunto. Cinco anos depois o julgamento está próximo do fim, mas a leitura do acórdão ainda não tem data marcada. Talvez durante 2010, com sorte. Recurso puxa recurso. Prescrição puxa prescrição. E já está. Ainda se acaba por concluir que, afinal, as crianças mentem e «Bibi» é o único mau da fita.

De olhos bem fechados

De apagão em apagão, até à tragédia final. Até a luz falha. É assim a Justiça portuguesa.