Está na moda insistir no argumento que vivemos acima das nossas possibilidades. É verdade. Os bancos e os governos insistiram muito e o povinho não desperdiçou o ensejo. É evidente que agora ninguém quer ir de cavalo para burro e continua a abusar. O aflitivo é que alguns economistas como Luís Campos e Cunha já atribuem ao campo da fé a salvação do país. Diz o ex-ministro das Finanças ao «Público»: «Está na hora de rezar». Aproveitando a visita do homem de branco, pode ser que o mês de Maio seja bom conselheiro e o que Papa perdoe os desmandos materialistas da nação tuga.
29 abril, 2010
Muros de lamentações e impropérios
Foi fértil em grafitis o fim-de-semana comemorativo de mais um aniversário da revolução dos cravos. Praça dos Restauradores, Praça da Figueira e Elevador do Lavra foram algumas das zonas brindadas com as indignadas mensagens que o blog Cidadania Lx reporta. No muro da estação superior do elevador do Lavra, o visado com umas palavras muito pouco delicodoces foi o Primeiro-Ministro, José Sócrates. Se fosse há uns meses atrás aposto que os autores destas frases seriam detidos e processados. Agora que o homem anda mais «manso», segundo observação bloquista, talvez passem impunes.
O maquiavélico «Mou»
Ao mesmo tempo que o país se afunda na confiança das agências de rating, José Mourinho está a caminho de tornar-se uma das marcas portuguesas mais confiáveis e admiradas no Mundo. Este predestinado treinador ganha na táctica, na psicologia e na arrogância. Reagiu de forma pouco comum, sprintando para uma das bancadas do Camp Nou, com gestos e gritos desafiantes de comememoração/provocação, como aconteceu hoje no final do jogo com o Barcelona, em que o Inter perdeu por 1-0, mas garantiu o passaporte para a final da Champions de Madrid, em Maio. O Inter conquista o lugar numa final da máxima competição de clubes 38 anos depois. Um feito. Mourinho regressou ao clube onde começou como tradutor de Bobby Robson. Hoje, muitos anos depois, está à beira de mais uma época gloriosa, tornando-se num dos raros treinadores com duas ligas dos campeões conquistadas. Dizer em conferência de imprensa que esta foi «a melhor derrota de toda a carreira», só pode ter sido uma frase estudada, com a marca de «Mou», como o tratam carinhosamente em Itália.
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