11 dezembro, 2011

Necessidade e luxo

Relato pungente o que lemos hoje as páginas do «Público» sobre o aumento dos furtos de bens essenciais nos supermercados. Pão, bolachas e leite são produtos cada vez mais subtraídos das prateleiras das superfícies comerciais. Clientes que chegam à caixa e dizem que só têm 10 euros para gastar. Uma mãe, acompanhada pelos dois filhos, que não consegue comprar os cereais por insuficiência financeira. Este é um Portugal. O outro é dos concertos, claramente um bem de luxo, que se realizam quase a um ritmo diário e registam quase sempre casa cheia, com bilhetes sempre acima de 20 euros. As tristezas não pagam dívidas, mas o dinheiro não se multiplica.

E se Portas fosse Clegg?

Imaginem que o Paulo Portas dava uma entrevista no domingo de manhã ao programa semanal do Mário Crespo onde partia a loiça todo e dizia que não concordava com a decisão do primeiro-ministro e companheiro de coligação, Passos Coelho, na Cimeira Europeia. Caía o Carmo e a Trindade. Ora bem, o vice-primeiro ministro, Nick Clegg, fez esta cena, esta manhã, com o seu colega David Cameron. É certo que os britânicos até concordam com o finca pé do seu primeiro-ministro, mas este episódio revela que as coligações são apenas por conveniência, necessidade absoluta e sede de poder. O resto são amendoins.

As saudades da minha alegre cozinha

Começa a ser deprimente visitar certas livraria. Na secção de cozinha já não se encontra só o Sá Pessoa, o Chakal e o Jamie Olivier, mas agora também é possível encontrar os grandes «chefs» de culinária cá do burgo, que dão pelo nome de Miguel Sousa Tavares, Helena Sacadura Cabral e...Clara de Sousa. Os títulos então são de arromba. A Clara fala-nos da «minha cozinha», a mãe de Paulo e Miguel Portas convida os leitores a «coma comigo» e o Miguel mal-disposto abre a sua «cozinha d'amigos». Estou a pensar lançar um livro sobre a minha relação cúmplice com o meu micro-ondas. Vai ser um best-seller.

Anonymous in Saldanha

A Praça do Saldanha acordou estas manhãs com as mensagens do grupo Anoynimous. A indignação globalizada chegou a Portugal.