22 janeiro, 2009

A mácula

Há já algum tempo que andamos a «bater no ceguinho». Não uma, não duas, não três, não quatro. Mas por cinco ocasiões, alertámos para o que aí vinha no «Caso Freeport». É, de facto, uma coincidência que o assunto volte a ganhar força a poucos meses de eleições, ainda por cima, depois do Ministério Público ter reiteradamente afirmado desconhecer qualquer evolução digna de registo, mas não deixa de ser igualmente intrigante que o nome do actual Primeiro-Ministro volte a ser referenciado. As buscas efectuadas no escritório do tio materno de Sócrates constituem a cereja no topo do bolo que faz deste caso uma enorme incógnita. Na opinião pública, poucos esquecem a trapalhada que foi o escândalo da licenciatura do Primeiro-Ministro na defunta Universidade Independente. Esse, foi o momento de maior apuro nos quase 4 anos de legislatura. Sócrates e o seu executivo não resistiriam a uma segunda mácula chamada «Freeport» que, por outro lado, podia ser o balão de oxigénio para um PSD à deriva.

Esta história dava um filme

Em Lisboa, tudo se converte em polémica. Desta feita, mais uma dicussão estéril. Depois das ruidosas corridas de Fórmula 1, Avenida acima e abaixo, agora é a vez dos ambientalistas contestarem o stress e o frio a que estão expostas as pobres vaquinhas na Praça de Espanha, na campanha promovida pelo turismo açoriano.
Mas nem tudo é mau pela capital. Uma boa notícia. 25 anos depois, reabriu o Cinema Alvalade, na Avenida de Roma, propriedade da cadeia de cinemas do Campo Pequeno e Beloura, por exemplo. Dizem que vão passar filmes alternativos/independentes e apostam em ser um cinema «de rua», em detrimento do que existe nas grandes superficies. Não sabemos se há pipocas, mas teme-se que sim.

Aconteceu na América

Obama tem razão: a América é o país onde é tudo possivel. O melhor: Timothy Geithner, o secretário do Tesouro indigitado, a braços com o escândalo de ter fugido aos impostos em 50 mil dólares, humilha-se diante dos membros do Senado, pede desculpa e faz o seu acto de contricção pela conduta inapropriada. Remédio santo. Não cairá em tentação.
O pior e, de alguma forma, a contradição com o anterior caso: a obsessão legalista que faz com que o presidente Obama seja obrigado a repetir o juramento solene, um dia depois, por uma inadvertida troca de palavras na posse. Na terra onde tudo é possível, provavelmente Obama teve medo de algum impeachment...

Proposta decente e democrata-cristã

Não é novidade para ninguém. Paulo Portas é um «olheiro» de primeira água na caça de talentos políticos. Um perfil publicado hoje na revista «Sábado» sobre Assunção Cristas, a nova vice-presidente do CDS, revela que Portas «descobriu» a docente universitária durante um debate do «Prós e Contras» sobre o aborto. Vidrado na argumentação da senhora, Portas conseguiu, por portas e travessas, o contacto de Assunção e por volta das duas da manhã, (como sabem Portas e Marcelo são os portugueses que menos horas dormem por noite) enviou um SMS à senhora (ao melhor estilo Cristiano Ronaldo, mas sem propostas indecentes), elogiando a sua performance televisiva. Um café romântico no «Linha d' Água», junto ao El Corte Inglés selou a empatia. O «namoro» político, prossegue e, pelos vistos, com êxito. Com uma condição: Assunção pediu a Paulo para não convocar reuniões do partido para o fim da tarde. Não é tarefa fácil cuidar de três petizes com 3, 5 e 7 anos.

Ironia sem abrigo

Retive esta informação recentemente, a propósito das reportagens de Natal publicadas na imprensa. Uma das maiores densidades populacionais de sem-abrigo da capital, cerca de 50, está sediado junto às arcadas do Ministério das Finanças. Pernoitam por ali todas as noites. Ironia das ironias.

O pivô strikes again

Mário Crespo voltou a fazer das suas. Modéstia à parte, parece que leu o nosso post de ontem. O convidado do seu «Jornal das 9» foi...Augusto Santos Silva. «O homem põe e as notícias dispõem», foi o aforismo «mariocrespiano» inventado esta noite pelo pivô.

O advogado auto-mediático

Castanheira Barros, advogado de Coimbra, que se distinguiu pela luta contra o processo de co-incineração, é um daqueles «cromos» muito difíceis de arranjar nas cadernetas. Teve os seus 15 minutos de fama quando tentou candidatar-se à liderança do PSD, mas não logrou as 1500 assinaturas necessárias para formalizar o acto. O homem que idolatra A J Jardim, envia mails a um ritmo quase diário e remete a sua revista de imprensa pessoal sempre que é citado em algum órgão de comunicação social, com o sugestivo título: «Saiu hoje». Há de tudo: comentários políticos, opiniões sobre televisão e até anedotas sobre o Benfica. Promoção pessoal, bem entendido. Moral da história: podem falar mal de mim, mas o importante é que falem. As suas páginas pessoais na net (com blogs, acção politica e poesia) é uma autêntica feira de vaidades. Navegar para crer.