06 maio, 2009

Esforço olímpico

É neste magnífico estádio Olímpico de Roma que Manchester United e Barcelona vão decidir, a 27 de Maio, quem leva para casa a cobiçada taça da Champions League. A acústica da infraestrutura, partilhada pela AS Roma e pelo Lazio, pertença do Comité Olímpico Italiano, é de uma qualidade invulgar, o pior é mesmo para um estrangeiro tentar aceder a um jogo do calcio quase em cima da hora. Os bilhetes encontram-se disponíveis numa bilheteira improvisada, a 2,5 kms do estádio, e sem acesso por metropolitano. As filas são enormes e ao fã não resta outro remédio do que pagar uma «corrida» entre 7 a 10 euros à volumosa frota de táxis que se aproxima dos compradores de última hora para cumprir em 5 minutos o que, de outro modo, se faria a pé em mais de meia hora. Quem quer, desembolsa, quem não quer, arrisca-se a chegar ao Olímpico ao intervalo. Em Itália, tudo serve para fazer negócio e para driblar os incautos turistas. Não os critico, mas para quem critica tanto a comunidade cigana por ter invadido as cidades italianas, apetece citar o Frei Tomás...

As lições do «índio» Waldo

Waldo é um italiano com raízes brasileiras. O acento com muito açucar assim o denuncia. Exerce a profissão de guia turístico, mas pelos vistos, enganou-se na vocação. Na viagem para a bela cidade de Assis, na província da Umbria, a 180 kms da capital, não parou de denegrir «os portugueses», aproveitando o ensejo para contar algumas anedotas que correm em Itália, pouco ou nada abonatórias para todos nós. Como «il portoghesi» têm fama de aldrabões por terras transalpinas, o guia, assim que o autocarro da excursão se aproximou de uma portagem, fez questão de realçar que os portugueses não pagavam portagens. Depois, explicou ao pormenor o que era o taxímetro de um táxi, não fosse a invenção ainda não ter chegado a terras lusas. Uma tremenda desfaçatez que deixou a comitiva de sorriso amarelo. Como o passar da jornada, o «índio», como foi apelidado por alguns dos participantes, moderou as observações negativas e a sua pesporrência, à espera do seu «dízimo» que, pelo menos da minha parte, nunca chegou. Menos moral e mais competência, é o único conselho que temos para oferecer ao homem do chapéu vermelho.

«Documenti!»

Nos 34 anos que levo de vida, que me lembre, nunca nenhum agente da autoridade me abordou nas ruas do meu país para pedir-me a identificação. Nos 10 dias que estive em Itália, dois agentes dos carabinieri abordaram-se para pedir, de modo imperativo, «documenti». Sorte ou o azar o meu, pensei. A primeira situação aconteceu numa avenida do centro de Roma após ter atravessado um semáforo e a outra em pleno aeroporto de Fiumicino, já a madrugada ia alta. Os tipos viraram e reviraram o nosso característico B.I. (provavelmente em busca de alguma associação à Al Qaeda) e só descansaram quando dissemos a palavra mágica: «Portogallo».

Comédia italiana

Regressado a Portugal após um período de férias, confirmo o que já suspeitava. Nada mudou. Até o buraco do Costa na Avenida de Berna está no mesmo sítio. Só os insultos ao camarada Vital no 1.º de Maio agitaram uma pátria, subitamente assolada por um calor estival. No país onde estive, a Itália, é que as coisas estão animadíssimas. O casamento de fachada do «premier», Berlusconi, acabou nas páginas dos jornais, por iniciativa da própria Verónica Lários. A rica senhora cheia de«pasta», garantem as gazetas transalpinas, não gostou que o marido tenha andado a namorar (politicamente e literalmente, dizem as más línguas) ex-misses e actrizes para integrar a lista às europeias do seu partido. Uma verdadeira comédia italiana. Por cá anuncia-se que o nosso «premier» vai dar o nó com a Câncio, que para já promove o seu mais que tudo nas páginas dos periódicos, ainda este ano. Em ambos os casos, o grau abaixo de zero da política.