06 julho, 2009

«Deixem-me vetar»

Os que se desfazem em elogios para com a «cooperação estratégica» de Cavaco, provavelmente vão apanhar uma desilusão se lerem aqui o score de vetos dos últimos presidentes. Cavaco já leva 11 vetos, Mário Soares, a tal «força de bloqueio» segundo o PM de então, soma 5 e, finalmente, Sampaio, o malandro que «deitou tudo abaixo» quando implodiu a frágil maioria santanista em S. Bento, apenas vetou 4 diplomas. Contra factos...

O Santo engenheiro

As páginas 48 a 51 da última edição da «Visão» deviam ser fotocopiadas e exibidas numa cadeira de ética e deontologia de um curso de comunicação social ou ciências da comunicação, como modernamente se apelida. «Santo na Ordem», é o título de artigo, escrito por Francisco Galope, com o perfil do bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE), Fernando Santo, que parece ter sido urdido de raiz por uma agência de comunicação desejosa de fazer um bom servicinho a quem lhe paga o seu sustento. Se dúvidas existiam, o quinto parágrafo da prosa afasta qualquer ponta de sombra: «O protagonismo recente da OE não se deve só ao facto de, nos últimos anos, a actualidade ter estado repleta de acontecimentos relacionados com obras públicas. Essa projecção resulta, essencialmente, de uma estratégia de comunicação deliberada (e, diga-se, apoiada por uma das principais agências de lóbi do País, a LPM), envolvendo a intervenção da Ordem nos debates em torno dos principais temas nacionais (...)». Mais à frente, sempre num registo «Omo lava mais branco», o Santo engenheiro aparece em ternurenta fotografia, abraçado à sua esposa, Maria do Céu Santo, «hoje uma referência da ginecologia e da sexualidade»(sic), pode ler-se. De facto, mais valia terem posto o rótulo de «publireportagem» na «peça». A seriedade no jornalismo anda ao mesmo nível da pureza anti-doping dos ciclistas que disputam a Volta a França, pelas ruas da amargura.

Rosa e a imprensa cor de rosa

Muito empenhada na transmissão dos espectáculos planetários de Cristiano e de Michael Jackson, a RTP tem uma correspondente em Madrid rendida aos encantos da «prensa del corazón». Rosa Veloso escolheu uma pergunta sobre a vida pessoal do jogador (como reagia aos que o aconselhavam a arranjar namorada fixa erm Espanha) para dar o ar da sua graça na conferência de imprensa que decorreu após a apresentação oficial no estádio Bernabéu. Com caro de enfado, Cristiano passou a bola ao director-desportivo do Real, afirmando que não respondia a questões pessoais. A Rosa ficou a falar sozinha e sem resposta. Metediça.

Passerele Madrid



Histerias à parte, importa reconhecer que a transmissão televivisa desta noite fez mais pela pela projecção da marca (termo tão em voga) Portugal do que campanhas de milhões promovendo o turismo nacional. A «estrela, Cristiano Ronaldo e a referência do passado, Eusébio da Silva Ferreira, são portugueses, já para não falar da música de fundo que, escolhida a dedo pela organização , pertenceu aos portuguesíssimos Xutos e Pontapés, com «À minha maneira». Mago na arte de comunicar, a Cristiano estenderam-lhe a passadeira...verde. O craque não se fez rogado e desfilou, perante intermináveis flashes.

Deus no céu, Ronaldo na Terra

A diferença entre Cristiano Ronaldo e uma estrela pop do meio musical ou cinematográfico é nula. Ele faz paz parte do selecto grupo dos eleitos. Tem de ter seguranças 24 horas por dia, não vá o diabo tecê-las. A civilização do espectáculo elevou-o a Deus na Terra. O tempo se encarregará de reforçar ou destruir o mito.