Uma das milhentas coisas que me intrigam em Portugal é o facto de nos chamados «minutos de silêncio» se insistir em bater palmas. Uma minoria (um grupito de vândalos, diria) das insubordinadas massas começa por apupar timidamente com assobios, que rapidamente dão lugar a uma vigorosa salva de palmas do estádio inteiro. Cá para mim é o mesmo que estar a bater em tachos e panelas durante o velório de um defunto. Excêntrico, no mínimo.
Esta noite, nos jogos do campeonato, houve palmas para o Juiz Adriano Afonso, antigo dirigente do Benfica, falecido esta semana, mas em Alvalade uns quantos «lagartos» resistiram em alinhar no tributo. Os microfones da RTP deixaram escapar um sportinguista inconformado, apelidando de «vergonha» o acto de homenagear um «lampião» no estádio do eterno rival da Segunda Circular. Perante estes facciosismos bacocos e muito nossos, cada vez mais admiro o comportamento dos adeptos ingleses nos «minutos de silêncio» que são guardados, especialmente na Premier League. Como o nome indica, cumpre-se, em silêncio, o momento de pesar e não com ruidosas palmas. Chega a ser arrepiante. Nós por cá, continuamos a gostar muito de bagunça e chiqueiro.