25 maio, 2009

A novela do momento

Luis Filipe Vieira gosta de apregoar que durante o seu mandato o Benfica se tornou num clube estanque e respeitado. Os últimos dias desmentem as suas palavras. A novela do «fica» ou «sai» de Quique Flores, com pormenores diariamente na imprensa, uns inventados outros provenientes do interior da engrenagem encarnada, demonstram que começa a entrar água na nau «encarnada». Sem dinheiro para mandar tocar um cego, ou seja, para despedir Quique e a sua «tralha» de adjuntos que vinha apensa no pacote, o clube pode chegar ao ridículo de, por incapacidade financeira, ter de aguentar o espanhol mais uns meses, depois de se saber que o objectivo confessado de Vieira é Jorge Jesus. Perante isto, não se admirem que o FC Porto parta para a próxima temporada como claro favorito. E já agora o Sporting logo atrás, visto que Paulo Bento continuará como técnico caso se confirme a mais que provável vitória de Bettencourt nas eleições de Junho.
PS: Sintomática a presença de Fernando Seara no telejornal da TVI, às 8 horas, para comentar (???) o caso Quique. A poucos meses de eleições em Sintra e na Luz, este seria o timing ideal para o «careca do Benfica» abandonar a aborrecida tarefa autárquica, que há 8 anos aceitou a contragosto, e cumprir o seu sonho: chegar à presidência do clube da águia. O palco já é seu há muito, resta que apareça a oportunidade e que se chegue à frente. Vontade não lhe deve faltar.

"i"ndescritível


Aqui há uns anos, quando as novas empresas de comunicação social ainda não tinham despedido uma geração de jornalistas excessivamente caros, havia quem pelos jornais cronicasse a favor dos direitos humanos, liberdade e garantias. Entretanto, veio o 11 de Setembro, vieram os ataques ao Iraque. Alguns (escassos, muito escassos) dos velhos jornalistas não despedidos reconverteram-se. Houve quem passasse a achar que a tortura era justificável. Houve quem, apesar de benfiquista, tivesse elogiado o FCP, tamanha a desfaçatez. Entretanto veio o i, jornal do Grupo Lena. Havia quem temesse que, em anos de eleições, se enchesse de favores ao Governo. Mas ameaçavam trazer um novo jornalismo. Afinal, não. Na primeira manchete lixaram o rigor: «Sindicatos, patrões e governo: todos querem menos imigrantes». Nas páginas interiores lia-se outra coisa. Na CGTP não vingava a posição contra a imigração.
Nesse dia, com ou sem boleia, o Executivo diminuiu as quotas de imigração, não tanto quanto o PP quereria, mas mais do que um partido de esquerda devia fazer. Hoje, foi o zénite. Aproveitando a moda de ver quem bate mais no bastonário (José Miguel Júdice, convertido ao socialismo, começa a ter adversários fortes) - vincada pelo desplante de Marinho Pinto se ter atrevido a bater na corporação jornalística – malha-lhe também. Entre o tablóide e a falta de senso o “i” titula: “Ridicularizado: director da PJ diz que ninguém leva a sério Marinho Pinto”. No artigo dedicado à guerra na Ordem dos Advogados, a opinião de Almeida Rodrigues, director nacional da PJ, acabou por contar bastante. Um tribunal provou a tortura cometida por agentes da polícia dirigida por Almeida Rodrigues, mas o responsável da PJ prefere sacudir a água do capote. Entre a polícia que num estado democrático faz vista grossa à tortura – e que numa democracia a sério era de imediato demitida – e a tentação para malhar no Marinho, o “i” optou. E optou pela tortura.

Eleição festivaleira

O «furacão» Marinho que fustigou, sem piedade, no fim-de-semana o «arquipélago» Moura Guedes levou a que, injustamente, ignorassemos o caricato episódio da eleição para Provedor de Justiça. Obrigar o respeitado Jorge Miranda a uma segunda ronda de votações, remete este conturbado processo de sucessão de Nascimento Rodrigues para uma estranha mistura de «Festival Eurovisão da Canção» e «Chuva de Estrelas».

O gosto pela «malhação»

Outra vez Gonçalo Amaral na crista da onda. Fonte que bebe do fino, e que recentemente adquiriu o gosto pela «malhação», leia-se ginástica, informa-nos, directamente de um conhecido Wellness no Estádio da Luz, da presença do ex-inspector da PJ, Gonçalo Amaral, nas imediações do concorrido ginásio. Será que agora que já não pode «malhar», leia-se dar umas porradas, nos suspeitos, como o tribunal provou, o escritor se vai dedicar ao exercício físico ou a proximidade com a «catedral» pode indiciar que a dupla Vieira e Costa pensam contratá-lo como preparador físico para a próxima temporada do «glorioso»?