03 abril, 2009

Quem se mete com o Sócrates, leva!

Diz a imprensa deste sábado, nomeadamente o «Sol» e o «Correio da Manhã», que o juiz Lopes da Mota disse pessoalmente aos dois procuradores do Freeport que tinha recebido da boca do ministro da Justiça, Alberto Costa, a mensagem do Primeiro-Ministro que se este perdesse a maioria por causa deste processo iria exercer represálias sobre ambos. Por outras palavras, ordem para arquivar e a certeza de que as pressões realmente existiram.
Entretanto, soube-se esta sexta-feira que José Socrates processou o jornalista João Miguel Tavares pelo artigo publicado no "Diário de Notícias" de 3 de Março, sob o título «José Sócrates, o Cristo da Política Portuguesa». «Ver José Sócrates a apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte da Cicciolina», assim começou a prosa do irreverente articulista. O advogado do Primeiro-Ministro, Proença de Carvalho, é que não tem mãos a medir, tal é o volume de processos movidos pelo seu cliente.

Jantares de aniversário e tabuleiros de xadrez

O julgamento de Isaltino ainda acaba em novela televisiva, tal é o inusitado alcance das informações que brotam diariamente da sala do tribunal para a comunicação social. Soube-se, hoje, que um construtor, José Guilherme de seu nome, pagou 680 euros por um jantar de aniversário do autarca de Oeiras. Não se confirma que tenha sido pela indefectível amizade entre ambos. Recorde-se que o agora regressado Jorge Coelho, o actual homem forte da Mota-Engil, viu a sua casa ser devassada, há um par de anos, pela PJ em busca de um valiosíssimo tabuleiro de xadrez que alegadamente teria sido dado como suborno pela construtora A. Santo ao então ministro socialista para facilitar umas adjudicações. O caso de Coelho caiu. Por falta de provas, como agora se diz. E o de Isaltino, mesmo chegando a tribunal, deve ter o mesmo epílogo. O presidente da Câmara de Oeiras é especialista em confessar crimes prescritos e nem a ex-secretária, despeitada e com sede de vingança, parece capaz de travar esta autêntica força da natureza do poder local.