27 setembro, 2009

96 + 21 = 117

Ninguém, excepto os socialistas, queria a maioria absoluta, mas é o tema que está a obcecar tudo e todos. Para atingir os 117 deputados no Parlamento, que perfazem a maioria, só somando 96 parlamentares socialistas com os 21 democratas-cristãos. Aqui e ali, Sócrates terá de se chegar mais perto de Portas que, deste modo, poderá «regressar» ao governo, mesmo sem o integrar. O líder do CDS poderá ser o fiel da balança para viabilizar propostas governamentais em S. Bento.

Quem se segue?

No PSD tenta-se mistificar uma evidente derrota e procura-se recolher os louros do PS ter perdido a maioria absoluta, quando é lógico que foram o BE e o CDS os obreiros de os socialistas terem uma minoria parlamentar para governar. A inenarrável «Zézinha» Nogueira Pinto, a tal que vota PSD no dia 27 de Setembro e vota António Costa no dia 11 de Outubro, meteu os pés pelas mãos ao tentar explicar que quem tinha perdido, afinal, era o PSD.
No seio da família laranja o primeiro a pronunciar-se por uma via da ruptura foi o do costume: Luis Filipe Menezes diz que Manuela não tem condições para prosseguir depois das autárquicas. Quem é o senhor que se segue?

«Armani» ganhou as eleições

A verdade, a autenticidade e o discurso da asfixia democrática não convenceram os portugueses. Sócrates fica sem a maioria parlamentar, mas nem os casos do Freeport e da licenciatura ou a contestação dos professores lograram derrotá-lo no score final. Terá sido por isto que ele vai continuar em S. Bento?

O populista incansável

Paulo Portas merece o resultado que pode levar o CDS, um partido que em termos estruturais é quase inexistente, a terceira força política no Parlamento. A mensagem que o esforço e o trabalho compensam, calou fundo em muitos portugueses que desviaram o seu voto do PSD para o CDS. O povo, na sua imensa sabedoria, curte da mesma forma um mentiroso com boa imagem e um populista incansável.

«Avarias» estatais

As «avarias» da RTP em termos de novas tecnologias na noite eleitoral não estão a correr pelo melhor. Rodrigues dos Santos e José Alberto Carvalho parece umas baratas tontas, caminhando de um lado para o outro de um estúdio grande demais. Depois de um intervalo, vê-se em imagem panorâmica, uma senhora de vermelho, com um microfone na mão, que cruzou em passo acelerado o estúdio, perante a estupefacção e atrapalhação do cada vez mais gago «Zé Beto». Um must.

O sobrevivente

As primeiras sondagens indicam que Sócrates vai manter a tradição: exceptuando Santana Lopes, nunca nenhum primeiro-ministro em funções, perdeu umas legislativas. Teremos de o aturar mais uma legislatura. Confirma-se o seu instinto de sobrevivência. Resta saber como governará, e se conseguirá governar, sem maioria. Quanto aos derrotados da noite, acima de repente, lembro-me de Pacheco Pereira, Manuela Moura Guedes e...Cavaco Silva.

Carros em segunda mão

Louçã e Sócrates, residentes no centro da cidade de Lisboa, foram votar na respectiva mesa de voto instalada num stand de automóveis na Rua Alexandre Herculano. Curiosa ironia, de facto esta eleição é um autêntico certame de carros em segunda mão e com pneus recauchutados.