João Cravinho, o arauto anti-corrupção, anda por Londres no seu exílio dourado, a levar uma vida de pré-reformado de luxo, enquanto em Portugal a sua bela invenção durante o seu tempo de ministro chamado SCUTS ou portagens virtuais está a motivar a revolta das gentes do norte com a decisão do governo de introduzir portagens reais. As buzinadelas deram lugar às vuvuzelas. Teme-se o pior. Rio e Menezes aproveitaram o episódio para trocar bicadas.
22 junho, 2010
O guru da bola
Tem milhares de filmes, jornais e revistas que consulta religiosa e exaustivamente para saciar uma paixão sem limites chamada futebol. Excluindo o incontornável Rui Santos do «Tempo Extra», Luís Freitas Lobo é o analista de futebol mais conhecido da actualidade. O seu tom tranquilo e estilo ponderado são um oásis na imensa gritaria e no chorrilo de disparates em que se tornaram os relatos de bola na televisão. Em entrevista ao «Ensino Magazine» de Junho, Freitas Lobo considera Cristiano Ronaldo e José Mourinho os «nossos heróis contemporâneos» e rejeita o recurso a meios tecnológicos, confessando que adorou ver o golo de Maradona com a mão, em 1986. Sobre o mundial aponta o Brasil como favorito para levantar o «caneco».
Um café, a conta e um processo disciplinar
O ecologista Macário Correia, celebrizado pela frase, «beijar uma mulher que fuma é o mesmo que lamber um cinzeiro», vai restringir as idas dos funcionários da Câmara Municipal que lidera, em Faro, ao café vizinho. Parece que há uns quantos baldas que passam lá o dia - ou fazem «ronha» como diz o autarca. Quem desrespeitar esta ordem levará falta injustificada ou um processo disciplinar. Pausas para esticar os ossos, ir à casa de banho, tomar café ou fazer um pequeno jogo de playstation portable, qualquer ser humano que trabalha tem direito, o que importa aqui travar é o abuso sistemático e reiterado que existem em todos os locais de trabalho, em Portugal, na Eslovénia e no Senegal. Talvez seja mais eficaz para aumentar a produtividade moralizar as idas ao café do que propriamente extinguir feriados com simbolismo histórico e encostá-los ao fim de semana apenas para evitar as inevitáveis «pontes».
O funeral dos «enfants de la patrie»
A imagem dos jogadores franceses apertando a mão a Raymond Domenech recordou o momento dos pêsames num funeral. Assistiu-se ao enterro da França, enquanto selecção de futebol, do seu treinador, odiado em todo o «hexágono» e, já, agora, de uma geração de jogadores que terminam a sua carreira. O país está revoltado com a atitude de toda a comitiva, a imprensa despeja a sua bílis e o caso já meteu políticos ao barulho. Corajosas as palavras da ministra do desporto gaulesa que classificou a prestação dentro, e especialmente fora das quatro linhas, de «desastre moral». Gostava que os nossos governantes tivessem a mesma coragem de chamar os nomes aos bois nos momentos difíceis.
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