«Benito Berlusconi»

Comparado com a Itália, Portugal é um pequeno paraíso. Mesmo atraídos pela instabilidade, estamos a anos-luz das dezenas de governos que os transalpinos conheceram depois da grande guerra. Hoje, milhares de italianos saíram às ruas para protestar contra o que dizem ser «Benito Berlusconi», o «fazedor das suas próprias leis» e o protagonista de uma «ditadura branda». Realmente as três eleições de Berlusconi para primeiro-ministro são uma enigma aos olhos de um não italiano. O homem é aldrabão, quer controlar juízes, comunicação social e a indústria do futebol, assumindo, tudo isso, sem constrangimentos. E o povo, a maioria, apoia. Coisas do Diabo e da democracia.

«Dragão» traído pelo ambiente

A precisamente um mês do início dos Jogos Olímpicos, os organizadores do evento não devem estar a ter noites tranquilas. As infraestruturas estão prontas, mas o factor ambiental ameaça manchar os Jogos. A espessa neblina, fruto da concentração de poluição,vai tornar o ar irrespirável, especialmente para atletas de alta competição sujeitos a esforços colossais. Como uma desgraça nunca vem só, as algas tomaram conta do lago onde se vão realizar as provas de vela. Moral da história: o «dragão», afinal, também tem pés de barro.

As estratégias de um vigarista milionário

Ficou hoje a saber-se o que há muito se suspeitava. O novo patrão de Scolari admitiu ter feito fortuna através da compra de favores políticos e da influência do Kremlin. Pois. Assim já dá para perceber como é que um oligarca transformou um clube de bairro, sem história, num dos cinco emblemas mais famosas e reconhecidas à escala planetária, o Chelsea FC. E também se começa a perceber o motivo porque o senhor Abrahmovic fugiu da Rússia a sete pés e «exilou-se» em Londres, protegido, ainda assim, pelos seus 40 guarda-costas. Consta que a alimentação do dono do Chelsea está rodeada de cautelas dignas de um presidente americano. Segundo dizem está proibido de encontrar-se com estranhos em bares de sushi no centro de Londres. O fantasma Litvinenko ainda paira.

O novo «special one»

O day one de Scolari em Londres. O brasileiro foi apresentado no centro de estágios do Chelsea e perante uma plateia composta por mais de 100 jornalistas exprimiu-se num inglês quase tão bom como o de Mourinho (o que também não é difícil). Para primeira amostra parece que a press britânica gostou do homem. Tememos é que a lua de mel seja efémera. Fazem-se apostas para saber qual é o primeiro órgão de comunicação social a «comprar» uma briga com o «Big Phil».

O contestatário do 5.ºdireito

Em Portugal, não há tragédia que não faça emergir um protagonista. Um anónimo que, da noite para o dia, passe a ser um rosto «lá de casa». A vida de António Ramalho, morador no 5.º direito do número 21 da Avenida da Liberdade, mudou radicalmente ao bater da meia noite de domingo passado, quando eclodiu o incêndio no prédio contíguo. Ramalho denunciou, desde a primeira hora, os interesses dos especuladores imobiliários e não foi preciso morder a língua para afirmar que tinha sido «fogo posto». Hoje, Ramalho e outros dois vizinhos, colocaram a Câmara e a empresa proprietária do imóvel devoluto, em tribunal, alegando «incúria». O contestatário do 5.º direito pode ter perdido tudo, mas não perdeu o direito à indignação. Nota-se que há ali potencial de político. O mayor «alfacinha», António Costa, vai ter trabalho aturado para calá-lo.

A frase do dia

«Quem era o Robin dos Bosques? Alguém que ia buscar impostos que ilegalmente e imoralmente o xerife de Nottingham arrecadava. Nesta história dos combustíveis o xerife de Nottingham é o engenheiro José Sócrates, é ele que todos os dias arrecada mais impostos», Paulo Portas, presidente do CDS-PP, Agência Lusa, 8 Julho 2008