O grande momento do congresso socialista não foi o desvendar do nome de Vital Moreira para a Europa ou a ausência de Manuel Alegre. Do conclave de Espinho, saiu a notícia de que o grande líder também se emociona. Quando o filme da história do PS passou no ecrã gigante do pavilhão, foi evidente que Sócrates procurou para este momento (espontaneamente ou devidamente forjado) passar a mensagem que é um ser de carne e osso e até consegue estar à beira de verter uma lágrima (sim, vê-lo a chorar era excesso de empenho de representação!). Um momento digno do filme italiano «Cinema Paraíso», tendo como pano de fundo o velhinho tema «That's what friends are for», com as carinhas dos amigos (e que amigos) Soares, Constâncio, Sampaio, Guterres, Ferro e o próprio Sócrates.
De resto, ao longo dos três dias, o secretário-geral do PS foi uma autêntica «pop star». Discursos com o indispensável teleponto, caminhou sempre rodeado por assessores e seguranças, só falou durante uns minutos aos jornalistas sobre o que lhe interessava - o recurso às novas tecnologias, numa clara colagem a Obama. Na apoteose, distribui beijinhos, aceitou solitações de admiradores (?) para tirar fotos e revelou-se um entendedor do novo «Sócrates Mobile». Do PS que passou do video, pese embora a emoção, já pouco ou nada resta. Nem ideologia fundadora, nem líderes com o carisma de Soares. O que existe, e para durar, é a marca Sócrates. E, tal como as marcas brancas em tempo de crise, são muito procuradas como alternativa ao vazio.