22 março, 2009

O recruta 10951

Mais um belo servicinho público do canal do Estado em pleno «Telejornal». A peça sobre mais uma participação do Primeiro-Ministro na meia-maratona de Lisboa, ostentando o dorsal 10951, não podia ser mais laudatória. No take 1, Sócrates, em passada cadenciada, a elogiar a vista da ponte sobre o Tejo; no take 2, Sócrates a afirmar estar em plena forma, contrariando os rumores de que engordara; finalmente, no take 3, Sócrates entra dentro de um carro, no lugar do morto, empapado em suor, com a voz off a informar os telespectadores que o primeiro-ministro realizou um tempo abaixo dos 60 minutos. Novo record nacional em S. Bento, esqueceu-se de dizer.

«Mea culpa» fantástico

Neste domingo fantástico, o fantástico árbitro Lucílio, veio pedir desculpas fantásticas aos adeptos do «Benfica, Sporting e FC Porto» - como benfiquista, dispenso-as e até agradeço o erro. Com direito a 15 minutos no fantástico noticiário das 20 da SIC, o fantástico Lucílio desmente que o fantástico «assistente 1» tenha dito que não era penalty. «Ele diz que não vê, não diz que não é», apressou-se, fantasticamente, a ressalvar Lucílio. O país do Sócrates é mesmo fantástico!

Mourinho, il dottore

Mais de uma centena de órgãos de comunicação social solicitaram acreditação para a cerimónia de atribuição do grau de doutor «honoris causa» a José Mourinho, que decorre amanhã na Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade Técnica de Lisboa (antigo ISEF), instituição onde o técnico de Inter de Milão se formou há mais de 20 anos. Mourinho será o primeiro português a ser distinguido com o mais alto título académico por mérito, em futebol. A decisão causou polémica entre os catedráticos da faculdade da Cruz Quebrada, questionando-se o motivo pelo qual Carlos Queiroz e Jesualdo Ferreira, por exemplo, não receberam este título honorífico. Nas paredes da faculdade estão afixados cartazes que dizem «Mourinho, o melhor treinador do mundo». Banalização do honoris causa, dizem uns. Um golpe da faculdade nesse filão inesgotável de atenções mediáticas, dizemos nós.

Investigue-se!

«Futebol podre», «árbitro ladrão», um penalty escandalosamente mal assinalado, uma peitada no juiz e o lançamento de um medalha para o relvado. Aconteceu tudo isto esta noite no estádio do Algarve na final da Taça da Liga, ganha pelo Benfica no desempate por grandes penalidades. Miguel Ribeiro Telles, administrador do Sporting, disse no final que a postura da SAD não é compatível com o futebol português», porque o clube «não fala com árbitros, não faz telefonemas, não pressiona na imprensa e depois sofre as consequências». Num país sob suspeita, estas declarações deviam merecer uma investigação policial, para apurar se o falseamento de resultados tem na sua origem fenómenos de corrupção ou tráfico de influências.