01 janeiro, 2008

Políticos de fraca memória

É curioso que na sua mensagem de Ano Novo, Cavaco Silva apele ao Governo para promover o diálogo como forma de reduzir a conflitualidade e as tensões sociais que se têm vindo a verificar, quando as pessoas com memória, mesmo as mais novinhas, se lembram das cargas policiais para dispersar manifestações e greves levadas a cabo pelo seu executivo, nomeadamente por Dias Loureiro, o então Ministro da Administração Interna.
Um ano depois, o PR constata também que na Educação, na Justiça e na Economia poucos resultados foram alcançados pelo executivo. Quase a cumprir dois anos de mandato, Cavaco eleva o tom mais muito de mansinho. Fazem-se apostas para quando é que o PR vai libertar o «monstro» que existe dentro dele?

E o que é que o Rui Rio vai fazer?

Pedro Abrunhosa debitou umas postas de pescada em plena Praça do Comércio direitinhas para a Avenida dos Aliados, no Porto. Ao seu destinatário, Rui Rio, o músico que canta como quem arrota baixinho, chamou «ditador de província». Depois de Salazar e Sócrates, portugueses com pulso e fortemente determinados, para usarmos um eufemismo, não se espantem que o Abrunhosa engula daqui a uns anos o que agora está a dizer. Afinal, os portugueses, adoram um líder de cinto na mão...

O silêncio já não é de ouro

As modas já chegaram aos rituais fúnebres e de pesar e, o mais curioso, é que atravessaram mesmo o quase sempre inexpugnável canal da Mancha. Quando julgávamos que a idiota prática de bater palmas num minuto que se imortalizou como sendo de silêncio, se confinaria à parte continental do Velho Continente, assistimos que a mesmo bizarria aconteceu agora nos campos da Premier League, quando se prestava homenagem ao jogador do Motherwell que sucumbiu no passado fim de semana.

E depois do adeus?

«Foi uma merda, foi um cocó, foi uma cagada». O coro gospeliano que encerrou “Diz que é uma espécie de réveillon” prosseguiu a senda de auto-comiseração iniciada e permanentemente alimentada pelos autores nos dias prévios. O programa não foi mau, mas também não deslumbrou. Mas curiosamente foram os momentos musicais, todos resgatados aos anos 80, que salvaram a honra do convento. A ideia de regressar à década prodigiosa até que foi bem engendrada, mas, por exemplo, o recurso ao helicóptero acidentado acabou por aborrecer, repetido até à exaustão. Curiosamente, o melhor sketch, teve como protagonista, mais uma vez, José Sócrates, num regresso ao passado, corria o ano de 1985. A fumar brocas com um companheiro, o então jovem, com ar woodstockiano, já prometia criar 150 mil empregos, construir o aeroporto da Ota e até disse ao colega de desbunda que mais depressa chegava a líder do governo do que tirava o curso de engenharia. Agora que os “Gato” entram em ano sabático, confessamos que vamos ter saudades da sátira política. Em São Bento, respira-se de alívio. A pausa dos “fab four”, enquanto humoristas, justifica-se. O balão estava a perder ar. A imaginação começava a gastar-se. Já os “gato” líderes da oposição deviam continuar em funções. Em nome do não à claustrofobia democrática. Por muito que se esforce, L Filipe Menezes não chega aos calcanhares de Araújo Pereira & Cª.