26 fevereiro, 2009

Onde andava o censor?

Passou despercebido ao censor americano a cena ocorrida nos Óscares. A cantora Beyoncé, quando recriava com Hugh Jackman o musical «Moulin Rouge», deixou o mamilo à mostra, facto que só hoje foi mostrado, com o detalhe que a foto documenta. A púdica e implacável censura americana, fortemente endurecida depois da patética cena de Janet Jackson na Superbowl, parece ter sido suavizada com a entrada em funções da administração Obama.

Salutar concorrência

Às 9 em ponto, começou o TVI24, mais um canal de informação, apenas disponível para os assinantes da ZON. Moniz, perspicaz como sempre, encheu o jornal da noite da TVI com a promoção do novo canal do cabo e até se deu ao luxo de fazer parceria com Henrique Garcia durante uns minutos na apresentação do primeiro boletim noticioso da estação. Quem parece ter despertado foi a SIC-Notícias. O dia de hoje deve ter sido dos mais dinâmicos dos últimos meses. Inquéritos, opiniões, análises e o pleno das entrevistas em directo com líderes políticos, a Louçã, Jerónimo, Portas, Ferreira Leite e Santos Silva. Se não inverter o esquema bafiento e ultrapassado instalado nos noticiários e em programas-âncora, em poucos meses a TVI 24 vai superar o canal informativo da SIC. É caso para dizer, viva a concorrência!
PS: Dispensava-se ter Vasco Pulido Valente em dose dupla. Já chega a tortura das sextas à noite.

Os descartáveis

«Na manhã de quinta-feira, 15 de Janeiro, o telefone tocou em casa de Alfredo Mendes. "É do jornal", anunciou a mulher, ao passar-lhe o aparelho. "Está aqui o director adjunto Rui Hortelão para uma comunicação nada agradável", avisou alguém, do outro lado da linha. Só entrava às duas, mas correu para o metro. Por volta do meio-dia, chegou ao Diário de Notícias. Não tardaram a chamá-lo. Era um dos 122 trabalhadores do processo de despedimento colectivo do grupo Controlinveste. "Fui despedido num minuto e meio - dois minutos, vá lá". Trabalha no DN desde 1977: "Dediquei-me mais ao jornal do que à família e aos amigos. Tenho provas! Tenho os recortes de tudo o que escrevi. E agora? Como digo aos meus filhos para serem trabalhadores leais, para viverem para a empresa? Isto é tão humilhante, tão revoltante!"». Este trecho que aqui publicamos é parte integrante de um artigo publicado hoje no suplemento «P2» do «Público», sobre os despedimentos no grupo Controlivente. O caso em apreço é o do jornalista Alfredo Mendes, mas praticamente todos conhecemos uma situação em particular. Os magnatas da comunicação à portuguesa e os seus muchachos (des)tratam desta forma (como se fossem descartáveis) pessoas que deram a sua vida e o seu esforço em prol de uma instituição histórica do país. Para dia 4 de Março está convocada uma greve nas publicações do grupo de Joaquim Oliveira. A adesão será residual. Mesmo os que discordem com esta política, estarão ao serviço, revoltadamente e em silêncio, se não querem integrar a lista negra dos próximos a serem mandados para o olho da rua.
Oportunidade soberana para aferir a opinião dos leitores relativamente aos estragos que a vaga de despedimentos pode vir a ter numa imprensa independente e suficientemente distanciada e imune a pressões do poder político. A sondagem decorre até ao próximo domingo e está disponível no canto superior direito deste blog.

Sejam solidários, adicionem o P.Bento no Hi5

Pivô com pouco jeito para a bola

Não tive oportunidade de ver, mas contaram-me. Mal terminado o Sporting-0 Bayern-5, Mário Crespo, mal refeito do choque e «não sabendo como dar a notícia» aos telespectadores, perguntou ao comentador oficial, Rui Santos, se era difícil operar a reviravolta no jogo da segunda mão, na Alemanha. O comentador, fez um esforço para não se desmanchar, mas lá manteve o nível. De facto, na escola americana onde o Mário aprendeu tudo o que sabe na nobre arte de comunicar, o futebol é modalidade marginal.

A frase do dia

«Sócrates colocou o PS ao centro para ganhar o poder e encosta-o agora mais à esquerda para o manter», Rita Marques Guedes, Diário Económico, 26 Fevereiro 2009