«Na manhã de quinta-feira, 15 de Janeiro, o telefone tocou em casa de Alfredo Mendes. "É do jornal", anunciou a mulher, ao passar-lhe o aparelho. "Está aqui o director adjunto Rui Hortelão para uma comunicação nada agradável", avisou alguém, do outro lado da linha. Só entrava às duas, mas correu para o metro. Por volta do meio-dia, chegou ao Diário de Notícias. Não tardaram a chamá-lo. Era um dos 122 trabalhadores do processo de despedimento colectivo do grupo Controlinveste. "Fui despedido num minuto e meio - dois minutos, vá lá". Trabalha no DN desde 1977: "Dediquei-me mais ao jornal do que à família e aos amigos. Tenho provas! Tenho os recortes de tudo o que escrevi. E agora? Como digo aos meus filhos para serem trabalhadores leais, para viverem para a empresa? Isto é tão humilhante, tão revoltante!"». Este trecho que aqui publicamos é parte integrante de um artigo publicado hoje no suplemento «P2» do «Público», sobre os despedimentos no grupo Controlivente. O caso em apreço é o do jornalista Alfredo Mendes, mas praticamente todos conhecemos uma situação em particular. Os magnatas da comunicação à portuguesa e os seus muchachos (des)tratam desta forma (como se fossem descartáveis) pessoas que deram a sua vida e o seu esforço em prol de uma instituição histórica do país. Para dia 4 de Março está convocada uma greve nas publicações do grupo de Joaquim Oliveira. A adesão será residual. Mesmo os que discordem com esta política, estarão ao serviço, revoltadamente e em silêncio, se não querem integrar a lista negra dos próximos a serem mandados para o olho da rua.
Oportunidade soberana para aferir a opinião dos leitores relativamente aos estragos que a vaga de despedimentos pode vir a ter numa imprensa independente e suficientemente distanciada e imune a pressões do poder político. A sondagem decorre até ao próximo domingo e está disponível no canto superior direito deste blog.
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