07 setembro, 2012

A ler

Para o ano será pior
«O que levou o primeiro-ministro a anunciar novas medidas de austeridade para 2013 quando na próxima semana serão conhecidas os resultados da quinta avaliação da troika ao memorando de entendimento que o país assinou? A resposta só pode ser uma: a troika vai aceitar a derrapagem do défice orçamental este ano (5,3% contra os 4,5% definidos) mas vai manter o objetivo de 3% em 2013. E isso quer dizer outra coisa: a austeridade será mais pesada no próximo ano mas, ao contrário do que pediu o Presidente da República, agravará as desigualdades. Com efeito, em 2013, os funcionários públicos ficam sem dois subsídios e os trabalhadores do setor privado sem um. É o caminho para nunca mais existirem. Em contrapartida, as empresas tem a sua tesouraria aliviada em €2100 milhões de contribuições para a Segurança Social. Espera assim o primeiro-ministro que o setor privado consiga, por esta via, contribuir para combater o flagelo do desemprego. É muito pouco provável. Com estas medidas, a procura interna vai afundar-se ainda mais no próximo ano. As empresas venderão menos - e quando muito manterão os atuais postos de trabalho. Seguramente que não investirão nem contrarão mais gente. Tentarão sobretudo sobreviver até passar o mau tempo. Quem ganhará serão as empresas exportadoras, que ficam com margem para tornar os seus produtos mais competitivos. Mas a recuperação da economia e o combate ao desemprego não podem assentar apenas em 18.000 empresas exportadoras.
O atual colapso da economia portuguesa não é apenas resultado de erros acumulados no passado. Resulta também da orientação económica que tem vindo a ser seguida. As medidas ontem anunciadas insistem no mesmo caminho. É pouco inteligente pensar que os resultados serão diferentes».

Nicolau Santos, «Expresso Online», 7 Setembro

Até para mentir é preciso ser competente

Da  leitura rápida que fiz às personalidades ouvidas esta noite pela Agência Lusa, na sequência das medidas de austeridade do governo, apenas vislumbrei o elogio rasgado de Pedro Ferraz da Costa, ex-presidente da CIP e presidente do Forum para a Competitividade. Um patrão, portanto. Todos os outros, de políticos, economistas e reitores, contestam o rumo traçado. Até Mira Amaral está «chocado». Depois do aldrabão do Sócrates, calhou-nos em sorte outro acrobata, mas que mente muito pior do que o ex-primeiro ministro socialista. Será que é desta que o país acaba, como um dia teorizou o sociólogo Barreto?

O «cara de pau»

«Cara de pau» foi o que ouvi da boca de Honório Novo do PCP e explica de forma cabal o modo como Passos Coelho anunciou mais um aumento de impostos de forma encapotada. Em nome de uma alegada equidade, sobe-se as contribuições dos privados, diminuiu-se o das empresas, sem nunca dizer que estamos a aumentar impostos. O CDS diz que sim senhor. A marcha fúnebre continua. O PCP agita-se e promete agitar, com a ajuda das centrais sindicais, o Outono. O discurso do Pontal, afinal, nunca existiu. Foi um verdadeiro sonho de uma noite de Verão.

O sol dá lugar à chuva

O sol e as altas temperaturas darão lugar à chuva forte e à trovoada, com o início da tempestade previsto para as 19h20, altura em que o Primeiro-Ministro vai começar a ditar a nossa sentença para os meses que faltam para terminar o ano. Se olhar para o céu e dominar a cor azul, é porque está daltónico.