16 março, 2009

Lavores ministeriais

O blog «Escola de Lavores», da autoria de algumas jornalistas do mundo da rádio, foi um dos mais vistos do dia ao levantar a história de uma alegada má educação do ministro Rui Pereira. Conta a jornalista Dina Soares que o titular da pasta da Administração Interna, nas ultimas horas da viagem governamental a Cabo Verde, amuou por não ter lugar na mesa onde se sentavam o primeiro-ministro e os repórteres enviados especiais. Afiança Dina, e passo a citar, «ainda o café não tinha chegado à mesa, já Rui Pereira mandava um empregado do restaurante dizer a uma jornalista que se levantasse para ele se poder sentar junto de sócrates. Assim, sem mais. E antes que houvesse tempo para reagir, lá estava o ministro de pé, coladinho à cadeira da jornalista, para que ela se levantasse e ele se pudesse sentar. Sem um olhar, uma palavra, uma desculpa, uma razão por muito esfarrapada. Até ao fim do jantar, lá ficou sentado, colado, provavelmente com medo de ser remodelado depois dos resultados vergonhosos que apresentou no combate ao crime. Eu sei que é difícil acreditar numa falta de educação de tal calibre. Mas foi exactamente assim que se passou. Eu sei. Eu estava lá. Fui eu que tive que me levantar para o ministro se sentar.»
Poucos minutos depois começou a avolumar-se a caixa de comentários deste post. Um deles assinado por...Rui Pereira, e em que o alegado ministro mostra-se «estupefacto com o seu post e com a ordinária fotomontagem que o ilustra.» Uma troca de galhardetes que durou tarde e noite, posteriormente protagonizados por uns quantos «anónimos», provavelmente redigindo as suas prosas do ministério da Praça do Comércio.
Duas ilações: cada vez mais os jornalistas usam os blogs para dizer o que não podem ou não querem dizer nos jornais, por medo de represálias ou cobardia. Ajustes de contas também se dispensam. Outra conclusão, o poder político anda especialmente nervoso com a produção dos blogs. Monitoriza com tanto afinco os blogs como faz com a Agência Lusa. Com esta trica, Rui Pereira e a sua entourage, devem ter passado a tarde num gabinete de crise para tratar a questão em vez de pensar e agir sobre o que realmente interessa, os índices de criminalidade no País. Preocupante.

As vítimas do «Magalhães»

Carta aberta a José Sócrates
Autor: Paulo Carvalho Magalhães

Senhor Primeiro-ministro:Venho protestar veementemente através de Vª Ex.ª pelo nome dado ao computador que os vossos serviços resolveram distribuir aos meninos deste país (os que sobrarem do seu negócio com o Hugo Chávez na troca do petróleo, bem entendido).
Eu, Paulo Carvalho de Magalhães, nunca mais poderei usar a minha assinatura sem ser indecentemente gozado pelos meus colegas de trabalho.
Sempre assinei PC Magalhães e, desde que V. Ex.ª baptizou o tal computador, tive que alterar todos os meus documentos.
Uma coisa tão simples como perguntar as horas e a resposta que recebo é:- Então, Magalhães... Vai ao GOOGLE...
Se vou à máquina de preservativos, há sempre uma boca dum colega:- Para quê, Magalhães? Não te chega o antivírus?
Se vou ao dentista, a recepção é sempre a mesma:- Então o senhor Magalhães vem limpar o teclado...
A minha mulher, Paula Carvalho Magalhães, também sofre pressões indescritíveis no emprego: Ontem uma colega veio da casa de banho com um tampão na mão e gritou:- Paula.... Esqueceste-te da tua PEN!
Também o ginecologista não resistiu ao nome e, após a consulta, disse-lhe que tudo estava bem com as entradas USB!
Nem o meu filho, Pedro Carvalho Magalhães, escapa ao gozo que o nome veio provocar.A Rita, a mocinha com quem andava há mais de 6 meses, acabou tudo com este argumento:- Magalhães.... Vou à STAPLES procurar outro, que a tua pega é muito pequena!
Quando, devido a tudo isto, apanhei uma tremenda depressão que me impediu de trabalhar, fui ao psiquiatra. Ele olhou para o meu nome e disse:- Pois é, senhor PC Magalhães. Aconselho-o a passar pelo suporte técnico da STAPLES... Podem ser problemas de memória RAM!
Neste momento a minha mulher quer desinstalar-se e procurar alguém que tenha um nome 'decente'.
Senhor Primeiro-ministro... porque diabo não puseram Sócrates a esse maldito computador? Queria que o senhor visse o que custa!
Atenciosamente, assina
Paulo Carvalho M. (e não me perguntem o que é o M)