Oiço os franceses escandalizados com a «humilhação» a que está a ser sujeito Strauss-Khan, mas isso só significa que nos states, os poderosos perante a justiça valem o mesmo que os pés-rapados. Depois de aparecer algemado perante o mundo, o ex-presidente do FMI vai mudar de aposentos, sendo já oficial que vai trocar o luxo do Sofitel pelas camaratas da prisão da ilha de Riker, paredes-meias com o aeroporto de La Guardia, o que é garantia de ter de comprar tampões para os ouvidos.
Confesso que tive medo. Depois de ter acabado de ver em home movie, «Biutiful» de Alejandro Gonzalez Iñarruti, com uma interpretação soberba de Javier Bardem, carreguei no canal 1 para ver o que desta vez o regresso do «Prós e Contras» proporcionava. Vejo o Bastonário Marinho e Pinto de dedo em riste a trocar galhardetes com um indivíduo na plateia sobre o sexo oral do sr. Strauss-Khan à empregada de origem senegalesa do Hotel Sofitel. Está tudo doido? Continua a atracção pela pintelheira. Para manter a boa saúde mental e poupar na conta da electricidade, desliguei o televisor.
«O dinheiro, as mulheres e o meu judaísmo são os meus pontos débeis", Dominique Strauss-Khan, director do FMI, em entrevista ao jornal francês «Liberation», feita em Abril e hoje recordada
Esta dever a suprema humilhação. Um dos homens mais poderosos do mundo fotografado por dezenas de jornalistas à saída de uma esquadra, algemado e sob suspeita. A teoria da conspiração ou da campanha negra já veio a lume. Para já, só sabe que a empregada era imigrante africana. De qualquer forma se o futuro político de Strauss-Khan é escuro como breu, o futuro pessoal pode ser um buraco negro.