D. José Policarpo devia ter mais cuidado quando fala. Ainda para mais são raras as entrevistas que concede. Hoje ao «JN» disse que nenhum político saí da política com as mãos limpas. Até podia pensar isso, mas as suas responsabilidades impunham algum recato na observação típica atribuída ao «Zé povo». Eu até sou dos que acha que existem políticos que são «bacteriologicamente» puros.
Na sexta-feira ouvi Rui Rio numa conferência na cidade do Porto. É um político que admiro, apesar de não residir na cidade «invicta», mas desde 2001 que lançou como desafio pôr ordem numa casa que outros desarrumaram. E bastante. Não sei se Rio terá possibilidade de chegar a S. Bento. A vida política tem ciclos e como diria Guterres há comboios que só passam uma vez na estação das nossas vidas. Outros, são como o Pendular, nem chegam a parar. Na dita conferência, Rio criticou o facto de terem querido «apoucá-lo» ao apelidá-lo com a observação, «há um contabilista a liderar a Câmara do Porto». Sem papas na língua, Rui Rio, há 3 mandatos ao leme da autarquia, disse: «Sou contabilista e com muito orgulho. Têm de engolir o que disseram, até porque não sei ser de outra maneira». E demonstrou-o com factos: «A Câmara tem as finanças equilibradas, um passivo menor do que tinha, paga o que deve quase sempre a 30 dias e ainda sobra para investir em qualquer coisa. Enquanto isso, os sábios rasgaram o futuro de todos nós». Sem se deter, Rio não escondeu a sua perplexidade com certas situações que se vão sucedendo: «Pode uma empresa acumular lucros e ficar à beira da falência? Pode um banco acumular lucros fabulosos e acabar de mão estendida ao Estado?» A resposta é a que todas sabem: em Portugal, sim.
25 setembro, 2011
Em português nos desentendemos
Não pensei que tal fosse possível, mas efectivamente existe um português que consegue falar tão bem ou melhor inglês que Jorge Sampaio. Chama-se Vítor Gaspar, «gasparzinho» para amigos e inimigos, e ouvi-o ontem no encontro do FMI e do Banco Mundial nos «states» a expressar-se de forma fluente e sem mácula. O pior são mesmo as contradições na Língua de Camões. O titular da pasta das finanças avisa que o pior ainda está para vir, quando, se bem me lembro, o líder do governo anunciara na Universidade de Verão do PSD, há poucas semanas, que lá para o final de 2012, o pior já teria passado e começaria o ciclo de recuperação. Será tudo uma questão de (mau) português?
Coincidências em rede
Judite, a entrevistadeira do regime, será a anfitriã da primeira entrevista do segundo mandato de Cavaco Silva, quarta-feira, na TVI. Curioso, Cavaco vai falar de viva voz aos portugueses, abandonando o seu cantinho virtual no Facebook, e a jornalista anuncia a entrevista, em primeira mão, na sua página no «bar do Zuckerbeg». Muito bom!
Dizem que é uma espécie de inquisição
A inquisitorial ERC anda de volta do arquitecto Saraiva, excelentíssimo director do semanário «Sol». Depois de lhe ter movido um processo por causa do artigo de opinião sobre os gays, a instituição liderada por Azeredo Lopes, o presidente que já expirou o seu mandato, mas que ainda por lá anda, voltou a abrir um processo de averiguações ao mesmo jornal por ter publicado uma foto de Rosalinda Ribeiro, no tal caso que envolve Duarte Lima, sem vida. A foto, apesar de mostrar a morte de uma pessoa, não é especialmente violenta, nem o corpo apresenta, pelo menos de forma visível, sangue ou outro tipo de marcas. No fundo, é um documento jornalístico. Já tenho apreciado noutros jornais, como o CM ou o JN, fotografias onde se vêem corpos esfacelados no meio da estrada e animais às postas, já para não falar das exaustivas descrições de velórios e funerais. Nesses casos, o «Torquemada» da Av.24 de Julho assobia para o ar, como se nada fosse.
Democracia da banana
A Jardim chamam-lhe o «petit Salazar», o líder regional responde que «quer acabar com os toxicodependentes», em alusão ao grupelho constituído por Baltasar, Fontes e amigos. Esta manhã o presidente do PSD-M teve um encontro imediato de terceiro grau com José Manuel Coelho na Festa da Sidra, no Santo da Serra. Nas costas, Coelho chamou-lhe «advogado vigarista, reles e falso». Jardim não reagiu, pelo menos diante das câmeras de televisão, a maior parte delas de meios de comunicação do continente. O cumprimento até foi cordial e a reacção também: «Faça o seu trabalho que eu faço o meu».
As aventuras de Putin e Medvedev
Prossegue a dança das cadeiras do poder entre Putin e Medvedev. Agora foi a vez do presidente, Medvedev, propôr o nome do primeiro-ministro, Putin, para suceder-lhe no Kremlin. Um autêntico jogo de sombras numa democracia que de alternância política só tem mesmo o nome. No departamento de Estado norte-americano já se baptizou esta dupla como Batman (Putin) e Robin (Medvedev), em alusão ao herói da banda desenhada e do cinema que, depois de longas aventuras sozinho, faz-se acompanhar de um ajudante mais jovem e menos experiente.
A frase do dia
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