25 setembro, 2011

Um Rio translúcido

D. José Policarpo devia ter mais cuidado quando fala. Ainda para mais são raras as entrevistas que concede. Hoje ao «JN» disse que nenhum político saí da política com as mãos limpas. Até podia pensar isso, mas as suas responsabilidades impunham algum recato na observação típica atribuída ao «Zé povo». Eu até sou dos que acha que existem políticos que são «bacteriologicamente» puros.
Na sexta-feira ouvi Rui Rio numa conferência na cidade do Porto. É um político que admiro, apesar de não residir na cidade «invicta», mas desde 2001 que lançou como desafio pôr ordem numa casa que outros desarrumaram. E bastante. Não sei se Rio terá possibilidade de chegar a S. Bento. A vida política tem ciclos e como diria Guterres há comboios que só passam uma vez na estação das nossas vidas. Outros, são como o Pendular, nem chegam a parar. Na dita conferência, Rio criticou o facto de terem querido «apoucá-lo» ao apelidá-lo com a observação, «há um contabilista a liderar a Câmara do Porto». Sem papas na língua, Rui Rio, há 3 mandatos ao leme da autarquia, disse: «Sou contabilista e com muito orgulho. Têm de engolir o que disseram, até porque não sei ser de outra maneira». E demonstrou-o com factos: «A Câmara tem as finanças equilibradas, um passivo menor do que tinha, paga o que deve quase sempre a 30 dias e ainda sobra para investir em qualquer coisa. Enquanto isso, os sábios rasgaram o futuro de todos nós». Sem se deter, Rio não escondeu a sua perplexidade com certas situações que se vão sucedendo: «Pode uma empresa acumular lucros e ficar à beira da falência? Pode um banco acumular lucros fabulosos e acabar de mão estendida ao Estado?» A resposta é a que todas sabem: em Portugal, sim.

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