As páginas 48 a 51 da última edição da «Visão» deviam ser fotocopiadas e exibidas numa cadeira de ética e deontologia de um curso de comunicação social ou ciências da comunicação, como modernamente se apelida. «Santo na Ordem», é o título de artigo, escrito por Francisco Galope, com o perfil do bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE), Fernando Santo, que parece ter sido urdido de raiz por uma agência de comunicação desejosa de fazer um bom servicinho a quem lhe paga o seu sustento. Se dúvidas existiam, o quinto parágrafo da prosa afasta qualquer ponta de sombra: «O protagonismo recente da OE não se deve só ao facto de, nos últimos anos, a actualidade ter estado repleta de acontecimentos relacionados com obras públicas. Essa projecção resulta, essencialmente, de uma estratégia de comunicação deliberada (e, diga-se, apoiada por uma das principais agências de lóbi do País, a LPM), envolvendo a intervenção da Ordem nos debates em torno dos principais temas nacionais (...)». Mais à frente, sempre num registo «Omo lava mais branco», o Santo engenheiro aparece em ternurenta fotografia, abraçado à sua esposa, Maria do Céu Santo, «hoje uma referência da ginecologia e da sexualidade»(sic), pode ler-se. De facto, mais valia terem posto o rótulo de «publireportagem» na «peça». A seriedade no jornalismo anda ao mesmo nível da pureza anti-doping dos ciclistas que disputam a Volta a França, pelas ruas da amargura.
06 julho, 2009
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