Perugia é uma graciosa e medieval cidade do centro de Itália, mais recentemente conhecida pelo seu pólo universitário. Tal como a Praia da Luz, também lhe calhou em sorte (ou azar) um caso judicial que hoje parece ter tido o seu fim. O Algarve teve o processo Maddie, Perugia teve a morte violenta de Meredith Kercher, em 2007, uma universitária americana que foi encontrada assassinada, com brutais sinais de violência. Falava-se de uma noite de copos, droga, sexo e traição numa residência universitária. Os suspeitos da morte de Meredith eram vários. Amanda Knox, companheira de quarto de Meredith, e o seu namorado de então, Rafaelle Solicito, foram os principais suspeitos. Foram julgados e condenados a 26 e 25 anos de cadeia, respectivamente. Após 4 anos atrás das grades, o apelo foi agora analisado pelo tribunal que os declarou «inocentes» do crime. A deficiente investigação policial, nomeadamente em termos de provas periciais, fez cair pela base uma teoria que vinha perdendo consistência. A arte da defesa de Amanda e Rafaelle fez o resto.
Aos 24 anos, Amanda recupera a liberdade para regressar a Seattle, na costa oeste americana, a sua cidade natal, de onde saíra com 19 anos para estudar em Perugia. Uma verdadeira história com ingredientes de novela, beleza, sexo e crime, que as televisões americanas e britânicas esmifraram até ao tutano. De estranhar o alheamento dos canais portugueses, até porque a moral da história acaba por humanizar a moribunda justiça portuguesa: afinal os incompetentes estão por todo o lado. Basta ligar a televisão e os jornais.
Bem vinda à liberdade, Amanda! Juro que o teu choro convulsivo aquando da leitura da sentença conseguiu emocionar-me. Só se dá valor à liberdade quando se está privado dela.
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