Confesso que fiquei particularmente incomodado com o teor do artigo assinado na revista «Visão» por Rosa Ruela. «O homem a quem tudo acontece», é o título da peça que, aparentemente, procura traçar um perfil de Paulo Teixeira Pinto (PTP), o ex-presidente do BCP. O artigo informa no lead que 2008 é o ano horrível para PTP - saiu do maior banco privado português, divorciou-se de Paula Teixeira da Cruz e admitiu ter uma doença neurológica. The last but not the least, o filho Paulo Guilherme faleceu há duas semanas, de causas indeterminadas. Mas ao ler a prosa, subitamente, pensamos estar com um pasquim da pior estirpe nas mãos. Primeiro, uma passagem sobre o comportamento de PTP no velório do filho: «(...)Alheado das gentes da política e da alta finança que ali se misturam com familiares e amigos, não se coibia de fazer festas na testa de Guilherme, de lhe compor as mãos no caixão (...)». Sobre a doença degenerativa, alegadamente Parkinson, «segundo um médico neurologista, que pediu para não ser identificado»(sic), a jornalista descreve com minúcia as dificuldades de PTP em lidar com a enfermidade, em actos tão simples como «cortar um bife», «acender uma cigarrilha» ou «vestir o sobretudo». Acerca do divórcio do casal, outra fonte sem rosto diz que era um cenário que se desenhava, «face à diferença abissal de feitios».
Mas é a conclusão do artigo que ultrapassa todas as marcas. Citando, outra vez, um amigo anónimo de PTP, lê-se: «Não sei se o Altíssimo quer castigá-lo por ter saído da Opus Dei». Palavras para quê? Uma peça jornalística (???), a cheirar muito a encomenda - ainda por cima mórbida - que julgava poder encontrar nalgumas publicações, devidamente identificadas, mas nunca na «Visão». Não sei se a Entidade Reguladora da Comunicação Social tem alguma coisa a dizer...
1 comentário:
Fico muito triste em saber de tudo isto.
Paulo Teixeira Pinto merecia bastante melhor sorte na vida e tinha muito a dar ao País.
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