01 julho, 2007

A desfaçatez da RTP

É pacífico constatar que a RTP está substancialmente melhor do que há uma década. O esforço para sanear as contas do deficitário canal do Estado e a qualidade da programação imprimida pela administração de Almerindo Marques tem sido altamente meritório. Lamentavelmente, as “paragens cerebrais” do canal do Estado sucedem com preocupante frequência. No Verão de 2005, a transmissão do Live Aid, foi vergonhosamente interrompida com comentários avulsos e com um "pingue pongue" estonteante entre Lisboa e Londres. Pensávamos que a lição tinha sido aprendida. Puro engano. Dois anos depois, a RTP garantiu os direitos da transmissão do tributo da Princesa Diana que hoje se realizou no Estadio de Wembley e persistiu nos mesmos erros. Os apresentadores de serviço, Júlio Isidro e Maria Elisa, exageraram nas palavras e nas “flores”, quando o espectáculo era musical. O desfile de convidados em estúdio ligados a organizações de solidariedade social e as múltiplas paragens para compromissos publicitários, “mataram” um espectáculo que os portugueses tinham obrigação de assistir na íntegra. O ridículo atingiu tal proporção, que foram os próprios convidados de Elisa e Isidro a sugerir aos apresentadores “quer que eu pare?", assim que viam no plasma à sua frente que um novo artista entrava no palco de Wembley. Mas a cereja no topo do bolo de tanta desfaçatez, aconteceu com a pausa abrupta para o programinha ecológico de Sílvia Alberto e para o Telejornal às 20h.
Na prática, o concerto durou em Londres das 16h às 22h. Os portugueses que seguiam a RTP viram a emissão das 16h às 19h50 e com uma meia dúzia de pausas de permeio e muita converseta avulsa. Perante isto, e à semelhança do que aconteceu com o Live Aid em 2005, já estamos a contar os dias para o lançamento do DVD que contemple na íntegra este concerto.
Quanto ao desempenho do canal do Estado, pouco há a acrescentar. A RTP promoveu durante uma semana um evento e acabou por desrespeitar os portugueses que nela confiaram, já para não falar que para a aquisição desta transmissão foram gastos dinheiros públicos. É caso para dizer, queremos o nosso dinheiro! Em nome do direito à indignação, o meu protesto em relação a este (mau) serviço público vai seguir directamente para a caixa de e-mail do
Provedor dos Telespectadores da RTP, Paquete de Oliveira.

PS: Já depois de termos escrito o comentário, a RTP decidiu "ressuscitar" o tributo a Lady Diana, a partir das 22h. Habilmente, manteve no canto superior esquerdo a palavra "directo" para enganar os mais incautos, quando se via perfeitamente nas imagens que o sol ainda era intenso em Londres. Para adornar o "show" televisivo, Isidro cometeu mais uma gaffe e trocou o nome das músicas de Rod Stewart. Um dos convidados do período nocturno da emissão foi (pasmem-se) o ex-assessor de imprensa de Mário Soares, Carlos Ventura Martins que foi ao estúdio contar "as duas vezes e meia" (sic) que esteve com a Princesa de Gales. Hilariante, no mínimo.

3 comentários:

Anónimo disse...

A RTP soma erros atrás de erros. E isto passa-se com uma tutela no mínimo surrealista. A pérola do Ventura Martins não lembrou ao diabo. (Provavelmente ele deveria ter sido convidado para comentar outras paradas). Sem comentário... Já agora onde está o "Conta-me como foi"?

Ana Clara disse...

Para os que, como eu, viram, apenas pequenos excertos desta «mega» medíocre transmissão televisiva, só tenho uma palavra: «Mau». Melhor, duas palavras: «Muito mau».
Para uma televisão de serviço público, num espectáculo como este, pedia-se mais. Muito mais.

nonio disse...

Eu penso que o resultado desta má transmissão televisiva tem a ver com 2 pontos importantes:
1º-De há um certo tempo a esta parte os apresentadores sobrepôem-se aos realizadores,o que tecnicamente está errado.
2º-Onde está a Maria Elisa mais ninguém fala.Está a mostrar que sabe e para isso é bem paga.Só culpo os responsáveis que a contratam.