30 julho, 2012

O «efeito Mamede»


De 4 em 4 anos é sempre a mesma coisa. Os portugueses pensam que vão ver os seus atletas chegar à Portela ou a Pedras Rubras com as arcas cheias de medalhas. É uma ilusão. Sem política desportiva e um plano nacional para o desporto que comece desde muito cedo nas escolas, é impossível acalentar grandes expectativas. Os Lopes, as Rosas, as Fernandas, os Évoras e as Neides deste nosso portugalzinho são excepções a uma mediocridade muito nossa. O que é ingrato é malhar em cima de jovens, homens e mulheres, que treinaram anos a fio para uma prova, para um sonho, que em poucos minutos é desfeito, como o esboroar de um castelo de cartas. O caso de Telma Monteiro, hoje eliminado logo no primeiro combate, creio que reside numa outra debilidade muito portuguesa: o factor mental. A judoca pode ter feito um ano fantástico na sua modalidade, mas o dorsal olímpico pesa muitos quilos. É o tal «efeito Fernando Mamede», o célebre atleta de fundo português que batia os recordes europeus e mundiais em meetings, mas quando pisava uma pista nas olímpiadas, como aconteceu em Los Angeles 84', desistia a meio e ia chorar para junto do mar.
Cá para mim todos estes atletas olímpicos são uns heróis. Sei que se esforçaram para «isto» e no «seu» momento fracassaram. Política desportiva sem investimento e sem cabeça é insucesso pela certa.

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