Realmente há dias em que não se pode sair de casa…de
autocarro. Fiel utilizador dessa «toupeira» da cidade de Lisboa chamada
Metropolitano, decidi, em má hora, arriscar uma incursão alternativa nos
«amarelos» da Carris, onde há muito não entrava. Optei pelo 726, que passa
na Pontinha, relativamente próximo da minha casa. Homem prevenido, madruguei, não estava era a contar com meia hora de espera e uma hora em
trajecto errático pelas ruas da capital até ao meu trabalho. O que se faz em 25
minutos de Metro, demorou 95 minutos. Não está mal. Contudo, valeu pela experiência
antropológica que bebi ao longo do percurso. Desde uma cachopa, que não devia
ter mais de 14 anos, de coração destroçado, a perguntar ao namorado: «Voltas
para mim?», até um tipo com um ar de empregado de restaurante
«nepalês/tandori e italiano também» que me «assediou»
de tal maneira que pensei que me ia tirar a carteira do bolso das calças, que eu agarrava como se
fosse a minha vida, até aos desesperados pedidos dos utentes para o desgraçado
homem do volante: «Sr. motorista, abra a porta», «Sr. motorista, abra o ar
condicionado, estamos a respirar o ar uns dos outros», «não empurrem». Como fiquei mesmo ao lado do funcionário da Carris,
de nacionalidade brasileira, ouvi-o amaldiçoar a sua vida face ao que se passava na
apinhada viatura a seu cargo: «Fod….qualquer dia mudo de profissão!», bramou ele,
bufando e não escondendo o seu enfado. A odisseia terminou. Lá piquei o ponto, com 10 minutos de
atraso, ou a chamada tolerância académica, dirão outros. Certo é que da próxima vez que
comer sardinha em lata, vou ter mais respeito. É certo que resisti. Mas não
repito. Da próxima vou de táxi.
22 maio, 2012
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2 comentários:
Talvez agora já consiga perceber porque é que a sardinha é a "imagem de marca" das festas de Lisboa.
Tu ainda podes andar de taxi...!
Coitados é dos que andam a fazer de sardinha TODOS os dias e não podem!
A propósito...não te ensinaram que não se deve ouvir as conversas íntimas alheias? E nem reproduzir...neste caso...
Ainda ês processado!
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