Estão bem lembrados como a semana passada foram recriminados termos empregues no Parlamento, como «esquizofrénicos» e «inimputabilidade», para caracterizar senhores deputados. Cria urticária a insustentável leveza com que certa imprensa aborda questões tão sérias como as que se relacionam com o foro psiquiátrico. Ao folhear os jornais portugueses sobre o caso do «souvenir assassino», deparo-me com dois exemplos gritantes do que acabo de mencionar. No tablóide «CM», o agressor Massimo Tartaglia é apelidado de «deficiente mental», enquanto no semi-tablóide «DN», o engenheiro que visou Berlusconi é entendido como um «louco». Pelas informações disponíveis, o indivíduo é acompanhado por psiquiatras há 10 anos, mas não consta que merecesse estar internado, numa camisa de forças, no que popularmente se chama como «hospital dos malucos». No máximo era um desequilibrado, não um demente como os garrafais títulos pretendem fazer supor. O insensato acto que cometeu poderá ter explicações dessa natureza, mas radica, para começar, no clima de ódio e vingança que nunca deixou de existir na política italiana. Se calhar fez pelas suas mãos o que muitos italianos invejavam. Para Berlusconi, acaba por cair como sopa no mel esta agressão, óptima para recuperar, através de uma campanha de vitimização, os índices de popularidade e dar novo fôlego a um «consulado» político em acelerado processo de erosão.
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