06 setembro, 2009

Audiências e poder

Política e televisão não vivem separadamente. Da mesma forma que as boas audiências de um canal conseguem neutralizar desavenças e maus ambientes internos, um partido político só se mantém à margem de climas de guerrilha quando se encontra no poder e distribui «tachos» pelos seus. Sabe-se agora, com mais detalhe, como é que o casal M & M (Moniz e Manuela) punha e dispunha na redacção da TVI. A «generala» mandava mais do que os próprios superiores hierárquicos e instalou um clima de medo em Queluz de Baixo. Juntou meia dúzia dos seus indefectíveis para fazer o jornal anti-Sócrates, imbuída unicamente do espírito de «fazer justiça pelas próprias mãos». Isto dizem os colegas, sob a capa do anonimato, ao «24 horas» de hoje. Paula Magalhães e Carmen Marques, jornalistas veteranas do canal, foram emprateleiradas pela «generala». E, sem medo, dão a cara. Dizem que na redacção poucos estavam de acordo com o estilo do «Jornal Nacional das sextas-feiras» e denunciam, a parte mais grave, que assessores de Paulo Portas conseguiram, mediante pressões, alterar o tratamento editorial de notícias incómodas para o líder do CDS, nomeadamente o acidente com o navio «Prestige», quando Portas era ministro da Defesa.
Daqui se conclui que a TVI, há uns meses considerada imbatível no panorama televisivo nacional, pode ter iniciado uma viagem sem retorno em plano inclinado. Afinal, as galas baratinhas do canal, onde muitos elementos da redacção demonstravam a sua alegada «união», eram só para «inglês ver» e para facturar audiências. Segue-se o abismo.

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