Afazeres de natureza profissional levaram-me esta tarde ao Parlamento. Ao bater das 3 o plenário até estava relativamente bem composto, mas com o avançar dos trabalhos a debandada foi-se generalizando em todas as bancadas, sem excepção. O entra e sai do hemiciclo é constante. O número de telefonemas feitos, para dentro e para fora da sala, é frenético. Seja do telefone fixo, seja do telemóvel pessoal. Paulo Portas ganharia, de certeza, o prémio de «o deputado sempre em pé». Aposto em como entrou e saiu mais de meia dúzia de vezes, deambulando vezes sem conta pelas mesas dos outros partidos para conversas amistosas com «colegas deputados», como foi o caso de Mota Amaral. Os assessores tagarelam aos ouvidos dos deputados as últimas. Fica-se com a nítida sensação que a esmagadora maioria dos que se sentam no lugar dos «eleitos» da nação está apenas a fazer figura de corpo presente. Ninguém ouve ninguém. O ruído é permanente - muito maior aliás do que no som que nos chega a casa pelo Canal Parlamento. O frete de escutar um deputado é igual se estiver em causa a bondade de criar um museu mineiro em São Pedro da Cova ou que os produtos sem glúten possam ser deduzidos como despesas de saúde no IRS. Abundam os deputados profissionais em bater palmas e os especialistas em dizer, com generosos vozeirões, «muito bem!». Os «experts» no Twitter começam a a massificar-se um pouco por todo o Parlamento. Difícil mesmo é sentá-los!!!
Dos 220 que por lá andam, seguramente que uma centena fazia uma melhor figura. Confesso que hesito entre se dá vontade de rir ou de chorar reparar nas bancadas e ver por lá, com lugar cativo, por exemplo, o radialista Ribeiro Cristóvão, o presidente da Liga de Clubes de Futebol, Hermínio Loureiro, o empresário de patentes, José Luis Arnaut, o fadista Nuno da Câmara Pereira ou o empresário e amigo pessoal da líder do PSD, António Preto, também conhecido por «o homem da mala». Talvez fosse interessante consultar a folha de serviços destes senhores nos quatro anos da legislatura que está quase a terminar.
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