Há, de facto, um novo homem Sócrates. Comovente. Enternecedor. Da boca do Primeiro-Ministro sairam estas duas pérolas para mais tarde recordar: «fere-me a sensibilidade» e «parte-se-me o coração», disse, ao abordar o caso dos depositantes do BPP. Algo nunca visto nos quatro anos de governação. Parecia uma conversa de esplanada em noite de canícula entre dois potenciais namorados. Se aquilo não fosse uma entrevista política, até podia parecer um constante flirt dissimulado. Ana Lourenço, a menina dos olhos tristes, caprichou no decote, mas não descolou do seu registo sonolento e doce. A espaços, a entrevista pareceu um imenso sussuro, de parte a parte. Um exercício de propaganda socrática, sem contraditório, com passadeira vermelha. O clímax, aconteceu mesmo, mesmo, como não podia deixar de ser, à beira do fim: «Acha que foi um bom primeiro-ministro», perguntou a pivô. «Perdão?», responde Sócrates. A resposta veio célere: «Estou muito satisfeito comigo». Num segundo, o artista distraiu-se e caiu-lhe a máscara. Lá se foi a humildade deste novo português suave.
17 junho, 2009
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