17 maio, 2009

Eça é que é essa!

«O País perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada, os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Nao há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia», Eça de Queirós, Maio de 1871, frase que integra o livro do economista Vitor Bento, «Perceber a crise para encontrar o caminho», publicado em 2009.

7 comentários:

Anónimo disse...

o vitor bento gatuno? pqp.

Anónimo disse...

É V. Bento presidente da SIBS, mas não sei se rouba ou já roubou. NDS

Anónimo disse...

é o mesmo é, o gajo que conseguiu ser reclassificado no Banco de Portugal depois de estar fora oito anos sem trabalhar lá para ficar coma reforma que vai negando a outros.

Anónimo disse...

Surripiado em

http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=11185&Itemid=130

Na semana passada, diversas publicações deram voz ao que Vítor Bento, presidente da SIBS, escreve no blogue da SEDES. Vítor Bento argumenta que, segundo o BCE, os custos unitários de trabalho em Portugal aumentaram mais 24% do que na Alemanha e mais 13% do que a média europeia (presumo que desde 2000). Segundo o economista, tal aconteceu "porque os aumentos salariais foram acima do que deveriam ter sido". A resposta para o problema passará por "uma redução dos salários reais" (Visão, 5/03/09).

Não conheço o argumento de Vítor Bento em pormenor, já que o seu prometido livro ainda não está à venda. Quero acreditar que o seu argumento tem nuances. Contudo as suas declarações, alvo de destaque em inúmeras publicações, valem por si mesmas, e configuram um claro exercício de legitimação da continuação da austeridade assimétrica permanente de que tanto temos falado. É grave, quando proeminentes economistas adoptam um discurso manipulador, simplista e, sobretudo, desastroso para economia portuguesa. É que podem ser levados a sério...

A manipulação

Vítor Bento constrói o seu argumento com base nos custos unitários de trabalho. Este indicador de competitividade é construído através da divisão de todos os custos do trabalho (salários, contribuições para a Segurança Social, etc) pelo produto real. Ora, neste cálculo só o produto é deflacionado. Os custos do trabalho são tomados no seu valor nominal. Ou seja, imaginemos dois países com a mesma moeda, Portugal e Alemanha. Os dois têm crescimentos de 5% do PIB e nos dois os custos salariais estão alinhados com a taxa de inflação (os salários reais estão assim congelados). Portugal tem uma taxa de inflação de 10%, enquanto a Alemanha observa uma taxa de 5%. O resultado será um aumento acrescido dos custos unitários do trabalho de Portugal de 5% face à Alemanha. O problema não estará, neste caso, nos salários, mas sim nas diferentes taxas de inflação.

Foi exactamente isso que aconteceu nos últimos anos na zona euro. A inflação foi bastante diferente de país para país. Como podemos observar pelos gráficos, existe quase uma identificação entre a posição dos diferentes países no primeiro (custos unitários) e segundo gráfico (evolução da inflação). Foram os países com maiores taxas de inflação a exibir uma evolução mais pronunciada dos custos unitários de trabalho.

Anónimo disse...

continuando:

Por outro lado, se observarmos a evolução dos custos unitários reais, deflacionando os custos de trabalho, observamos uma queda destes. O que é que isso nos mostra? Uma crescente desigualdade na repartição dos ganhos de produtividade em favor do capital. O problema não está definitivamente nos salários.

O simplismo

O facto do problema de competitividade estar situado na inflação e não nos salários reais não nega que haja um problema na divergência dos custos unitários de trabalho. Ele existe, mas a exposição de Vítor Bento, não é só manipuladora, como simplista. Ignora-se por completo a raiz do problema: a falta de coordenação de política económica dos países da moeda única. Até à chegada do Euro, um dos critérios de adesão era a convergência das diferentes taxas de inflação europeias. De facto, nos anos que precederam o euro assistiu-se a uma convergência das diferentes taxas de inflação. No entanto, tal critério foi abandonado no pacto de estabilidade, devido ao estreito entendimento de considerar que com a moeda única a única variável que poderia afectar a inflação seria o défice orçamental. Estavam enganados. A partir da criação do euro as taxas de inflação começaram a divergir nos países aderentes. O resultado foi, por um lado, a existência de taxas de juro reais próximas do zero ou mesmo negativas para os países com maiores taxas de inflação, uma vantagem competitiva face aos países, como a Alemanha, com taxas de inflação menores. Por outro lado, os seus custos unitários de trabalho nominais aumentaram face a estes países, perdendo competitividade.

Vítor Bento deveria defender, neste contexto, uma nova arquitectura económica na U.E., onde haja efectiva coordenação entre os diferentes países e um real orçamento europeu que corrija assimetrias e possibilite uma rede de protecção social a todos os europeus (nada de muito diferente do papel que os orçamentos de cada país têm na coesão nacional).

Prescrição para o desastre

Vítor Bento, que já no passado Outono se manifestava contra a subida do salário mínimo, prescreve um congelamento ou mesmo redução dos salários como forma de Portugal escapar à crise. Parece piada... Num contexto de crise internacional profunda, com a procura internacional deprimida, é irresponsável avançar com este tipo de proposta. Porque não tenhamos ilusões, quando Vítor Bento fala de redução de salários, está a falar dos miseráveis salários pagos pelos grandes exportadores nacionais, como é o sector têxtil. Já nem discuto a relação subjacente, no mínimo discutível, entre custos salariais e competitividade de uma economia. Também não quero discutir a imoralidade de pedir tal ajustamento a quem ganha 500 ou 600 euros por mês no país mais desigual da Europa Ocidental. O que me parece evidente é que qualquer redução dos salários em Portugal teria como efeito imediato a redução da procura interna, única variável que, no presente, consegue ainda suavizar um pouco a abrupta queda das nossas exportações. Se esta crise, a maior desde 1929, já é grave, mais terrível se tornaria. O que precisamos é, pelo contrário, um combate à desigualdades efectivo que valorize os piores rendimentos e dinamize a procura.

Nuno Teles, economista, artigo publicado no blogue Ladrões de bicicletas

Anónimo disse...

é muito curioso, aliás, que vitor bento cite esta frase do eça.

assenta-lhe como uma luva pois é um dos responsáveis pelo espírito dos cidadãso descrito pelo Eça.

mas não é inteligente é só um chico esperto pois não se reconhece

Anónimo disse...

Resumindo:

A consciência de bento desabou e a sua prática de vida tem como direcção a conveniência. primeiro saiu do Banco de Portugal para a SIBS para ganhar mais, depois foi promovido no BdeP, tornando a instituição motivo de escárnio, para se reformar ganhando melhor.


fala em baixar o salário dos outros enquanto aumenta o próprio mostrando o conceito de solidariedade que preserva e desmentindo os princípios que apregoa.

Isso fala muito acerca da honestidade de alguém, bem como do seu interesse em combater a exploração.

A pergunta é: pq caralho alguém cita este gajo? é a imbecilidade e inércia da classe média?