31 março, 2009

A braçadeira da arrogância

Sempre que representa a selecção de Portugal, a arrogância de Cristiano Ronaldo dispara para níveis insuportáveis. A "boca" proferida antes do jogo com a Suécia, «se todos fizessem o que eu já fiz, éramos campeões do Mundo», caiu mal no balneário junto de «pesos-pesados» da equipa nacional como são Deco, Simão, Ricardo Carvalho e Pepe. A verdade é para se dizer e os factos estão à vista de todos: Ronaldo é um jogador vulgar com a camisola das quinas. Lá por ser ter sido o «Melhor do Mundo» no ano passado, não significa que seja um intocável. Devia ser substituído mais vezes quando não joga bem e nunca devia ter recebido de mão beijada a braçadeira de capitão de equipa. É cedo demais, ainda só com 24 anos de plena imaturidade, para tanta sobranceria acumulada. O caminho que leva esta selecção explica-se pela falta de talento, mas especialmente, pela ausência de referências e pela repetição dos maus exemplos. Curiosamente, o treinador das «quinas» é um professor, mas com a crise de autoridade que grassa nas escolas é natural que a falta de respeito já tenha chegado ao futebol.
A oportunidade do tema leva a que desafiemos os leitores do blog a pronunciarem-se sobre a braçadeira de capitão de selecção: está bem ou mal entregue? A sondagem está disponível até sexta-feira no canto superior direito.

Os amigos americanos

Chegaram os americanos, agora de novo amigos, para uma semana inteira na Europa. Obama vem para espalhar popularidade e charme, fazendo sonhar os cidadãos europeus que, se pudessem votar nele, não hesitariam em escolhê-lo para seu presidente. Para a primeira dama, Michele, trata-se da sua estreia no «Velho Continente». O fardo de Jacqueline Kennedy que pesa sobre o seu papel na Casa Branca, promete transformar esta primeira visita à Europa numa exigente prova de fogo, que vai incluir um cházinho com a Rainha Elisabeth, no Palácio de Buckingham. Lá para dia 7 de Abril, coincidindo com o terminus da viagem, se verá quão produtivo foi o périplo e se o fascínio pelo «mulato mágico», que lhe chamam pelos «states», continua intacto. Para os mais desatentos que tencionem ir a Londres nos próximos 2 dias, o melhor é desistir da ideia. O cenário deverá ser de pré-guerra civil, por causa da cimeira do G-20.
A cimeira, que previsivelmente não produzirá resultados extraordinários, vai custar 75 milhões de dólares aos governo britânico. Imaginem se não houvesse crise!

Justiça de vão de escada

A inabilidade do Procurador-Geral da República, Pinto Monteiro, começa a assemelhar-se à demonstrada pelo seu antecessor, Souto de Moura. Às 5 horas, lança um comunicado a negar «pressões e intimidações» aos magistrados do caso Freeport e já ao princípio da noite, em declarações ao site da «Sábado», anuncia uma reunião com o presidente da Eurojust, Lopes da Mota - o tal que foi secretário de Estado do Governo Guterres, a que Sócrates pertenceu - para esclarecer se este pressionou e ameaçou os titulares do mediático processo que envolve o nome do Primeiro-Ministro. O artigo da internet coloca em discurso directo Pinto Monteiro, com declarações do seguinte teor: «Ontem, durante uma reunião na Procuradoria, os procuradores do inquérito fizeram-me referência que um colega tinha tido uma conversa com eles ao almoço que podia ser interpretada como uma pressão (...) Quero ver se não se tratou de uma brincadeira estúpida ou se foi algo mais». O absurdo de tornar estas declarações publicas é tão grande que confesso não saber se estamos perante um caso de «off record» transformado em «on record» ou, definitivamente, Pinto Monteiro é um caso perdido de falta de jeito para comunicar, sendo outro dos que sente uma irresistível vertigem sempre que vê um microfone à sua frente. No estrangeiro, um alto cargo do Ministério Público dificilmente fala num vão de escada ou arrisca, sequer, ter um programa de rádio ou TV para dissertar sobre os males de que enferma o sistema judicial onde intervém.

A mim ninguém me controla!

«Não tenho que dar explicações sobre isso. Já não ando na escola primária. Vocês [jornalistas] não podem fazer perguntas como se fossem os meus controleiros», Manuel Alegre, interrogado sobre o motivo da sua ausência no primeiro dia das Jornadas do PS, em Guimarães, Agência Lusa, 31 Março 2009

Simplesmente «José»

Mais magro e também com uns milhões a menos na conta bancária, Mr. Berardo regressa de novo, qual fénix renascida, para junto dos holofotes da fama. Depois de muito tempo em que foi o «Joe», para amigos e demais anónimos, o coleccionador de arte/empresário e benfiquista desde pequenino, é agora conhecido pelo portuguesíssimo nome «José». Simplesmente.

30 março, 2009

Isaltinando

«Na década de 1980, a declaração apresentada por um político ao Tribunal Constitucional nunca era levada a sério por ninguém e não valia nada»

«Falam na fuga ao fisco, mas a maior não era para pagar a SISA. Acham que os construtores queriam era que os clientes poupassem? Se o valor de uma casa fosse escriturado em valor real, o IRC era muito maior»

«Dá-me dinheiro quem quer, quem acredita em mim»

«Mas os imigrantes que vão para a Suíça enriquecem todos menos o meu sobrinho? A mulher dele, por exemplo, ganha cinco mil euros como cabeleireira»

Fonte: Frases proferidas por Isaltino Morais, hoje, no Tribunal de Sintra (Agência Lusa)

Acontece por cá...

Domingos Névoa, o administrador da Brapagarques, foi condenado há semanas por corrupção activa e ao pagamento de uma mísera multa de 5 mil euros, tendo o tribunal provado os factos. Hoje, foi nomeado para presidir à empresa intermunicipal Braval, que trata dos resíduos sólidos de alguns concelhos do Minho. E ninguém, tirando o «Zé» Sá Fernandes, diz nada? Este país é uma verdadeira lixeira a céu aberto.

Os dias difíceis do canal público

Como já hoje li, algures, os resultados líquidos da RTP em 2008 são uma vergonha, agravados em 10, 8 milhões de euros a performance, também desastrosa, do ano transacto. Daqui se tiram duas ilações sujeitos, contudo, a confirmação: ou o trabalho de Almerindo Marques, que foi administrador durante uns anos e que foi gabado por todos pelo esforço de saneamento realizado, foi destruído por completo pelos seus sucessores ou então a «montanha pariu mais um rato». Se, como em França, não houvesse publicidade nos canais estatais portugueses, como seria justo, então a cinquentenária RTP já tinha ido a sepultar.

Um tenista português com «muitas ganas»

Se por acaso ainda não o conhecem, fixem este nome: Frederico Gil. É um tenista português e logrou vencer 8 jogos diante do melhor do mundo, Rafael Nadal, no Open de Miami. Gil, 24 anos, esteve à beira de ganhar o primeiro «set» ao espanhol, mas a experiência de Nadal falou mais alto. No final, Frederico Gil foi derrotado por 7-5 e 6-3 e arrisca subir alguns lugares no ranking ATP, onde ocupa, actualmente, o 74.º posto, a melhor classificação de sempre de um tenista nacional. A sempre tão fervorosa imprensa desportiva portuguesa bem que podia amanhã fazer uma manchete com o rapaz, na sequência desta autêntica proeza, mas deve preferir destacar os problemas com os voos de Katsouranis nas viagens para a Grécia ou os candidatos às próximas eleições no Sporting. É o país que temos!

29 março, 2009

Ópera para os operários

O público que assiste aos espectáculos líricos é, geralmente, exigente e não perdoa deslizes. O «CM» e o «24 horas» noticiam que José Sócrates e a primeira dama informal, a senhora «f», como assina no seu blog, foram vaiados em pleno grande auditório do CCB, pelo atraso de meia hora no início da ópera cabo-verdiana «Crioulo». Fonte do gabinete do Primeiro-Ministro esclareceu que Sócrates chegou às 21h10, mas, por motivos de protocolo, aguardou pela comitiva do seu homólogo de Cabo Verde, que compareceu em Belém cerca de trinta minutos depois da hora marcada para o espectáculo.

Homem por fora, mulher por dentro

Começou por chamar-se Estefania, mas mudou o nome do BI para Rubén. Tem 25 anos, vive em Madrid e pode ser o primeiro transexual a ser pai/mãe (whatever) de gémeos. Considera-se «homem por fora - penso, actuo e sinto-me como um macho, mas (ainda) mulher por dentro», disse ao suplemento «Cronica» do «El Mundo».

28 março, 2009

Os campeões da Matemática

3 empates a zero. 9 pontos perdidos na fase de qualificação, ainda esta vai a meio. Depois de 8 anos em que nunca falhámos, com mais ou menos dificuldade, o apuramento para as fases finais de mundiais e europeus, arriscamo-nos, seriamente, a ficar fora da Taça do Mundo, em 2010, na África do Sul. Os pecados, ultrapassados ou mitigados com Scolari, são os de sempre. Muita habilidade, pouca eficácia. Por vezes, pouco talento, não raro, escasso empenho. É justo referir, aqui e ali, tem faltado a «estrelinha». Mas também é preciso dizer a verdade: a «geração Ronaldo» vale substancialmente menos do que a «geração Figo». Se calhar até valia a pena ficar 4 anitos em pousio, a ver os outros a jogar os grandes certames pela televisão. É irritante admitir, mas não querendo ser porta-voz dos portugueses, creio que continuamos com saudades desportiva de Scolari. As contas do homem, nas fases de qualificação, batiam sempre certo. E o «clube do amigos», que invariavelmente escolhia, tinha o espírito e a entrega que esta amálgama de «bons rapazes» seleccionados por Queiroz, definitivamente não tem.
Ah, e não se esqueçam de naturalizar depressa o Liedson, para afastar o Hugo Almeida da convocatória, um autêntico elefante numa loja de porcelanas - o mesmo é dizer, um zero à esquerda dentro da área. Enquanto isso, comprem calculadoras. Até ao próximo mês de Outubro vão fazer falta.

Antevisões fúnebres

Sócrates anda acossado pelo caso Freeport e pela TVI, mas pode estar descansado em termos de confronto político, já que a oposição não lhe faz frente. No «laranjal», continua sem se saber o nome do cabeça de lista às europeias, o que abre caminho à fértil especulação e boataria. Marques Mendes é o nome que mais se ouve, mas Borges, Aguiar-Branco e Agostinho Branquinho (medo!!!!), entram na «bolsa de apostas». Para piorar as coisas, Marco António Costa, deu hoje uma entrevista ao «JN», admitindo poder vir a ser candidato à liderança nacional do partido. «Quem sabe... A vida política é uma caixa de surpresas e uma permanente incógnita. Se sentir que posso contribuir e se considerar que tenho as capacidades necessárias, admito que possa um dia ser candidato», disse o braço direito de Menezes. Se Dias Cunha perspectivou que o Sporting acaba dentro de 10 anos, por este caminho o PSD não chegará, sequer, a essa marca.

27 março, 2009

A frase do dia

«Não tenho culpa que o actual primeiro-ministro tenha um passado recheado de episódios que vale a pena investigar! Estão constantemente a aparecer... Não vou investigar porque é o primeiro-ministro?! Pelo contrário: ele tem de ser ainda mais escrutinado do que os outros.», Manuela Moura Guedes, Suplemento «P2» do «Público», 27 Março 2009

A tendência para a falcatrua

Na sua infinita sapiência, dizia o senhor Presidente do Conselho, o ilustre professor doutor, António de Oliveira Salazar, que «os portugueses tinham uma propensão falcatrueira». Já no seu tempo. Se soubesse o que anda pelo seu Portugal, Salazar daria umas quantas piruetas no túmulo. No terceiro dia do julgamento de Isaltino Morais, o Ministério Público e o colectivo de juízes quiserem saber mais pormenores sobre a «apetência» do autarca de Oeiras por «dinheiro vivo». Isaltino voltou a justificar-se, com o que não tem justificação, afirmando «que sempre gostei de ter dinheiro no bolso». Para desculpar-se, disse até que a sua ex-sogra guardava dinheiro em...frigideiras. Toda a vida fez e alinhou em esquemas. O que eu faço, todos fazem, é o seu lema. Pois, e é, também isso, que faz com que ganhe, sucessivamente, eleições. Ele e os outros da sua cepa. Da boca do povinho, sai a cassete do costume: «Ok, ele rouba. Mas não roubam todos? Pelo menos ele faz qualquer coisa».

Encontramo-nos no tribunal

O telejornal que faz parar o país voltou a colocar em xeque a credibilidade do Primeiro-Ministro, ao transmitir o DVD da conversa de Charles Smith e Alan Perkins, em que o primeiro classifica o então ministro do ambiente de «corrupto». A conversa e o video que que incriminam Sócrates podem ser vistos aqui. De S. Bento a reacção foi rápida para controlar os danos. Um comunicado difundido minutos depois fala em «falsidades e difamação». O caso segue para a barra dos tribunais.

26 março, 2009

Pontapé na Justiça




No dia em que Isaltino confessou em tribunal que cometeu umas ilegalidades fiscais e que meteu ao bolso uns milhares dos donativos de campanhas eleitorais, o choque veio do tribunal de Marco de Canavezes que absolveu Avelino Ferreira Torres, que estava acusado de quatro crimes que o Ministério Público considerou provados: corrupção, peculato de uso, abuso de poder e extorsão. Continuamos a descer no poço que não tem fundo à vista. Não se deve acreditar em mais nada. A desfaçatez é tal que o homem aproveitou para lançar candidatura às próximas autárquicas. Posto isto, já se pode dar por adquirido que em Portugal só vai preso quem cometer homicídio, de preferência em série e com requintes de malvadez. E, mesmo assim, não é certa a pena máxima. A Justiça levou hoje mais um pontapé, como aquele que Ferreira Torres deu, há uns anos, no seu «próprio» estádio.

O grito do Sampaio

Desta vez Sampaio não chorou, mas a indignação fez com que lhe «saltasse a tampa». Por terras de «Vera Cruz», o ex-Presidente desabafou que «as notícias que lhe chegavam de Portugal nos últimos dias» se resumiam «ao penalty marcado contra o Sporting e ao Provedor de Justiça». «Convirá que é pouco», disse, o agastado Sampaio, para os jornalistas. Da maneira aborrecida como anda o país, temos, realmente, uma certa nostalgia do seu tempo, doutor. Que saudades do tempo, em que as decisões parlamentares do então inquilino de Belém, primeiro permitindo a Santana formar governo depois da saída de Barroso para o exílio dourado e depois dissolvendo a Assembleia da República, tirando o tapete ao mesmo Santana, agitaram fortemente as massas.

A primeira vez

Uma decepção. O melhor que os editores da «Playboy Portugal», que amanhã estará nas bancas, conseguiram fazer foi colocar Mónica Sofia (quem é??!!!) para a capa da revista inaugural. Parece que o «negócio» valeu 30 mil euros na conta bancária da menina, ex-cantora das Delirium e ex-concorrente do «Big Brother», que confessou que o marido, um tal de Rubim, a incentivou muito a participar. Pudera! O antigo jogador do FC Porto, Costinha, é o entrevistado do mês, enquanto Rute Penedo, é a primeira playmate «tuga» a dar cartas. Se tiver muita curiosidade, já sabe que vai perder amor a 3,95 euros. Entretanto, aguardemos que surja alguma cópia em pdf da revista ne net para formarmos opinião.

25 março, 2009

Música para certos ouvidos

O cenário é, para já, virtual, mas se a ideia chega aos ouvidos dos magnatas da comunicação social, pode ter pernas para andar. Só acho que os deputados da nação também deviam assinar esse novo contrato. Os Pc's novinhos em folha no hemiciclo são uma tentação para uma «tuitada» ou uma «blogada».

Lucílio e a violação do segredo bancário

Levianamente, supondo-se, contudo, que sem intenção de criar uma batalha campal no centro da cidade, o «Correio da Manhã» revela numa notícia hoje publicada que o árbitro Lucílio Baptista tem estado esta semana a trabalhar normalmente na dependência do BES, no Saldanha, no coração de Lisboa. Admite-se que o homem esteja resguardado, longe do balcão da sucursal, mas manda o bom senso, com a fogueira ainda a arder, que se evitem revelações desta natureza. O próprio Ricardo Salgado não gostaria, por certo, de ver repetida, embora noutros moldes, a invasão à dependência do BES de Campolide, no Verão passado. É chover no molhado, está bom de ver, mas fica o reparo.

Um advogado cheio de certezas

Quando um advogado começa a aparecer na alta roda mediática, protagonizando a defesa de não menos conhecidas personalidades, algumas com jeito para o gamanço, outras nem por isso, é prenúncio de que algo importante pode vir a acontecer. Aconteceu com Rogério Alves. Chegou onde chegou e não ficará por aí. Carlos Pinto de Abreu segue-lhe as pisadas. O homem ainda vai a bastonário. Pelo menos. Depois de defender os McCann, o advogado do poderoso escritório de Germano Marques da Silva, meteu mãos à obra ao processo que envolve Isaltino Morais. Aos jornalistas, disse em defesa do seu constituinte e do concelho que lidera: «o arguido pode ser acusado de muita coisa, de não ter declarado algumas quantias, de ter errado algum despacho, mas nunca de com isso obter algum propósito egoísta», referiu. Para se "enterrar" um pouco mais, acrescentou que num município com o desenvolvimento e a «transparência de procedimentos» como o de Oeiras «não há corrupção».
Lapidar constatação a de Pinto de Abreu. Tantas certezas. Onde há desenvolvimento não há corrupção. Para meditar.

Não li, não vi, mas assino por baixo

Especialmente fértil em «pérolas» este dia de «S. Isaltino», tal foi a profusão de episódios relacionados com o autarca de Oeiras. À saída do tribunal de Sintra, Isaltino Morais admitiu, com muita tranquilidade (como agora se diz), que durante as suas funções, deverá ter cometido inconscientemente «muitas ilegalidades», já que os presidentes de Câmara acabam muitas vezes por «despachar milhares de coisas que não lêem» ou «assinar tudo o que lhe põem à frente». Falta de sinceridade não lhe falta. Agora imaginem os autarcas dos 308 municípios, intencionalmente ou por manifesta falta de tempo, a fazerem o mesmo. Talvez fosse oportuno questionar o senhor presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses sobre o assunto. É só uma sugestão.

Monstruosidades


Uma bronca, inadvertida ou talvez não, manchou o Telejornal da RTP-1, esta noite. Explicamos: quando o pivô, José Alberto Carvalho, que por acaso também é director de informação do canal, introduziu no alinhamento o início do julgamento de Isaltino Morais, surge no canto superior direito a imagem de Josef Fritzl, o «monstro» de Amstetten, e a palavra «Julgamento». A gaffe prolongou-se por apenas 4 ou 5 segundos, mas motivou um pedido de desculpas por parte do apresentador, cerca de 20 minutos depois, em pleno Telejornal. Um providencial telefonema terá desfeito o lamentável equívoco. Nem de propósito, Isaltino recusou hoje em julgamento todas as acusações que lhe são feitas pelo Ministério Público, afirmando que o processo se refere a um inexistente «monstro» preocupado apenas em «enriquecer e violar a lei». Uma coincidência, no mínimo macabra. Será que na RTP associaram o «monstro» de Amstetten ao alegado «monstro» de Oeiras?

Ainda os ecos do derby

«Padre sportinguista recusa baptizar crianças com nome Lucílio. Se a moda pega, os benfiquistas devem recusar os "Pedros"...»

«Pedro Silva fez mal em mandar a medalha para o chão. Lixo daquele é no Ecoponto amarelo.»

«Lucílio com doutoramento honoris cosa nostra»

Fonte: www

Os custos da democracia

Foi há pouco inaugurada a renovada sala do Parlamento. A plataforma que sobe e desce em função da altura do orador e os computadores instalados nos 230 assentos dos senhores deputados são as principais novidades de uma empreitada que custou mais uns milhões em derrapagens ao erário público. Valha-nos o consolo de a partir de agora existir em Portugal, segundo as palavras de Jaime Gama, «um dos parlamentos mais modernos da Europa e do mundo». Nunca mudamos. Tesos como um carapau, mas sempre com tentações de novos ricos.

24 março, 2009

Tinha «Afonso Henriques» os testículos no sítio?

D. Afonso Henriques, o rei
Afonso Henriques, o puro sangue
No imenso deserto informativo que nos rodeia, aqui e ali, surgem verdadeiros «oásis» noticiosos que, pela originalidade, devíamos venerar. «Defeito nos testículos pode tirar título a cavalo», é o título de uma peça publicada no «JN» de hoje. O insólito do primeiro impacto, explica-se em três tempos: «o puro sangue lusitano "Afonso Henriques" foi aclamado rei, num concurso de cavalos da última feira da Golegã, em Novembro, mas a vitória vai ser contestada em tribunal, porque o animal não tinha os testículos no sítio certo.» Acrescenta o jornalista, que «a polémica está ao rubro e há quem brinque que aquela vitória é uma questão patriótica». Era só o que nos faltava. Contestar a virilidade de um cavalo, puro sangue, saliente-se, que por acaso tem o nome do fundador da pátria. Se a polémica alastra, alguns ficarão tentados a substituir a inscrição «Aqui nasceu Portugal» pela perturbadora dúvida, «Tinha "Afonso Henriques" os testículos no sítio?»

«Special Relationship»

12 anos depois o escaldante «Sexgate», entre Bill Clinton e Monica Lewinsky, terá versão hollywoodesca em «Special Relationship». Peter Morgan dirige, Julianne Moore interpreta a sofrida Hillary Clinton, enquanto o papel do «bad guy», o presidente Bill Clinton, vai ficar reservado para Dennis Quaid. Ninguém representará a menina Lewinsky, porque o realizador preferiu recorrer a filmagens televisivas da mais célebre estagiária do mundo. Aguarda-se um filme melhor do que o mais recente «W» de Oliver Stone.

Sílvio, o maquinista

Vergonha é o que Sílvio Berlusconi menos tem para dar e vender. Depois de já se ter fardado de bombeiro, e de operário, hoje foi a vez de «vestir» a pele de um maquinista, na viagem inaugural do «Frecciarossa», o TGV italiano, cumprindo os 900 quilómetros entre Milão e Roma em apenas 3 horas. Como político-espectáculo que é, não hesitou em marcar o dia com uma boutade, só ao alcance de um grande demagogo: «É mais fácil conduzir o "Frecciarossa" do que governar o país». Sócrates não se atreve a dizer algo parecido, mas pelo menos já deve ter pensado no assunto.

O porta-voz

Não tem semelhanças físicas com o ministro Santos Silva, mas o domínio da língua na arte de bem vergastar os adversários, sendo uma das suas peculiaridades, aproxima-o do governante. Os 10 anos em Belém deram-lhe calo político e capacidade de choque. Pena que João Gabriel não tenha aprendido algumas boas maneiras. Vir para a sala de imprensa, fazer o trabalho sujo que devia competir ao ultimamente recatado presidente Vieira, destilar ódios, incendiando a paixão clubística, com a Taça da Liga vencida no sábado ao lado, foi um gesto de muito mau gosto. Depois queixem-se que os ânimos andem inflamados.

Contratação fantástica

O «geração rasca» publica em rigoroso exclusivo o primeiro das dezenas de e-mails que prometem entupir as caixas de correio esta semana. O autor é desconhecido, mas a origem intui-se (a palavra apropriada para o caso em apreço) que seja leonina.

As trafulhices não comovem o povo

Manuel António Pina escreve na sua coluna habitual do «JN» um artigo delicioso. Afirma ele que «trafulhices não comovem o povo», justificando que o facto de uma petição promovida por sportinguistas na net já ter reunido muito mais assinaturas do que uma outra petição online que pede a demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado, pelo seu alegado envolvimento no caso BPN. «A pátria comove-se é com "penalties" roubados, não com milhões roubados», sintetiza o poeta e jornalista nortenho. Porta-aviões ao fundo!

23 março, 2009

Masturbação televisiva

Duas horas de emissão televisiva, sem interrupções, para transmitir a entronização de doutor honoris causa de José Mourinho? Foi o exercício de masturbação televisiva da SIC-Notícias. Give me a break. Depois da chegada ao aeroporto que interrompeu uma entrevista com Santana Lopes, a cerimónia na Faculdade de Motricidade Humana «paralisou» o resto da emissão do canal de Carnaxide. Está visto que quanto pior, pior.

22 março, 2009

O recruta 10951

Mais um belo servicinho público do canal do Estado em pleno «Telejornal». A peça sobre mais uma participação do Primeiro-Ministro na meia-maratona de Lisboa, ostentando o dorsal 10951, não podia ser mais laudatória. No take 1, Sócrates, em passada cadenciada, a elogiar a vista da ponte sobre o Tejo; no take 2, Sócrates a afirmar estar em plena forma, contrariando os rumores de que engordara; finalmente, no take 3, Sócrates entra dentro de um carro, no lugar do morto, empapado em suor, com a voz off a informar os telespectadores que o primeiro-ministro realizou um tempo abaixo dos 60 minutos. Novo record nacional em S. Bento, esqueceu-se de dizer.

«Mea culpa» fantástico

Neste domingo fantástico, o fantástico árbitro Lucílio, veio pedir desculpas fantásticas aos adeptos do «Benfica, Sporting e FC Porto» - como benfiquista, dispenso-as e até agradeço o erro. Com direito a 15 minutos no fantástico noticiário das 20 da SIC, o fantástico Lucílio desmente que o fantástico «assistente 1» tenha dito que não era penalty. «Ele diz que não vê, não diz que não é», apressou-se, fantasticamente, a ressalvar Lucílio. O país do Sócrates é mesmo fantástico!

Mourinho, il dottore

Mais de uma centena de órgãos de comunicação social solicitaram acreditação para a cerimónia de atribuição do grau de doutor «honoris causa» a José Mourinho, que decorre amanhã na Faculdade de Motricidade Humana (FMH) da Universidade Técnica de Lisboa (antigo ISEF), instituição onde o técnico de Inter de Milão se formou há mais de 20 anos. Mourinho será o primeiro português a ser distinguido com o mais alto título académico por mérito, em futebol. A decisão causou polémica entre os catedráticos da faculdade da Cruz Quebrada, questionando-se o motivo pelo qual Carlos Queiroz e Jesualdo Ferreira, por exemplo, não receberam este título honorífico. Nas paredes da faculdade estão afixados cartazes que dizem «Mourinho, o melhor treinador do mundo». Banalização do honoris causa, dizem uns. Um golpe da faculdade nesse filão inesgotável de atenções mediáticas, dizemos nós.

Investigue-se!

«Futebol podre», «árbitro ladrão», um penalty escandalosamente mal assinalado, uma peitada no juiz e o lançamento de um medalha para o relvado. Aconteceu tudo isto esta noite no estádio do Algarve na final da Taça da Liga, ganha pelo Benfica no desempate por grandes penalidades. Miguel Ribeiro Telles, administrador do Sporting, disse no final que a postura da SAD não é compatível com o futebol português», porque o clube «não fala com árbitros, não faz telefonemas, não pressiona na imprensa e depois sofre as consequências». Num país sob suspeita, estas declarações deviam merecer uma investigação policial, para apurar se o falseamento de resultados tem na sua origem fenómenos de corrupção ou tráfico de influências.

21 março, 2009

Taça da Liga ou Taça do Mundo?

É sabido que o futebol manda. E nas televisões, muito mais. E nas televisões em crise de audiências e com pouco futebol, essa supremacia é ainda maior. A SIC, para ganhar o dia de sábado em termos de audiências, montou uma operação televisiva para a final da Taça da Liga digna da final de um Campeonato do Mundo. Em cadeia na SIC-N e na SIC-mãe. Dúzias de repórteres, técnicos e até um helicóptero no ar, para mostrar as praias da costa algarvia. Já para não falar na sempre emocionante saída dos jogadores dos hotéis e dos incontáveis disparates que oa adeptos interpelados debitam para os microfones.

20 março, 2009

Manobras de Maio

Verdadeiramente idiota e cretino o anúncio promocional à Antena 1, ainda por cima, a telefonia do Estado. A criatividade publicitária e o sentido estatal andam muito por baixo neste país. A sub-directora de informação da RDP, Eduarda Maio, alinhou no festim e deu a voz ao spot, ela que o ano passado lançou o livro «Sócrates - O menino de ouro do PS», ao lado desse grande socialista convertido, de seu nome Dias Loureiro.

O preservativo em cartoon

Bento XVI
João Paulo II

17 anos depois o cartoonista António volta a caricaturar o Papa e as declarações sobre o preservativo. Amanhã, na edição do «Expresso».

19 março, 2009

Assim nasceu e agora renasce uma «estrela»

O país político vai parar. Tino de Rans apresenta, amanhã, pontualmente pelas 11h44 (momento do equinócio de Verão), a sua candidatura independente à Câmara de Valongo. Depois do inflamado discurso do Coliseu de Lisboa, já lá vão uns bons anos, quando os congressos partidários eram verdadeiros programas de massas, e da célebre frase «não durmam à sombra da laranjeira», nunca mais o PS foi o mesmo. Como aliás, hoje, se constata. Diz o sempre bem informado «Expresso», na edição online, que o Tino anda a estudar «Comunicação Social». Porventura a apreender as técnicas para quando encetar altos voos saber «negociar» com o «quarto poder». Condição indispensável para que qualquer político que se preze vingue.

O julgamento-relâmpago

O que separa e aproxima a Justiça que se pratica em Portugal e na Áustria? O lado bom da Justiça: Josef Fritzl, o «monstro» de Amstetten, foi condenado a prisão perpétua, num julgamento-relâmpago que durou pouco mais de 72 horas. O lado mau da justiça: aos 73 anos, Fritzl, pode ser libertado dentro de 15 anos se três magistrados assim o entenderem.

Jornal do incrível

Vaca colheu mulher

Uma vaca colheu ontem uma mulher de 70 anos em Samora Correia, Benavente, provocando-lhe um hematoma na cabeça. Segundo os bombeiros, o animal fugiu de uma herdade. Foi seguido por um carro de bombeiros e encurralado numa rua, onde foi pegado por um forcado.
Fonte: in «Correio da Manhã», 19 Março 2009

18 março, 2009

Os «vampiros» socialistas

A «Visão» de amanhã não será particularmente simpática para o partido do governo. As duas entrevistas publicadas deixam Sócrates e os seus pares com as «orelhas a arder». Na mais contundente, Nascimento Rodrigues, a «apodrecer» no cargo de Provedor de Justiça vai para 8 meses, critica o apetite dos socialistas pelo lugar e compara o PS «por ocupar todos os altos cargos públicos», aos «vampiros de Zeca Afonso», os tais que «comiam tudo e não deixam nada».
Finalmente, o célebre professor Charrua, «ressuscita» na «Visão», ao afirmar que a todo-poderosa Margarida Moreira, «é uma comissária política» do PS e que «montou na Direcção Regional de Educação do Norte um quartel-general dos socialistas». Aguardamos, pacientemente, as ondas de choque.

Lembrete solidário

Desde 2001 que é possível encaminhar 0,5% do IRS que pagamos a Instituições Religiosas e a Instituições Particulares de Solidariedade Social. Basta para isso colocar o Número de Identificação de Pessoa Colectiva da organização que pretendemos auxiliar no Anexo H da declaração do IRS. Afinal, não custa nada ser solidário. Fica o lembrete e o anúncio bem conseguido da Unicef.

O diário de Lance

Lance Armstrong é um mestre na arte de comunicar. O ciclista, tal como Obama fez na sua campanha eleitoral, está a adoptar as novas tecnologias no ano em que regressa à alta competição, em busca do oitavo Tour. A fazer o reconhecimento do percurso em França, Armstrong actualiza o seu diário no Twitter, sempre com factos tiradas minutos antes nas montanhas por onde passa (como esta que apresentamos, no Col de la Madone, perto de Nice). Sábado começa oficialmente a sua temporada na Clássica Milan-San Remo. Curioso um dos seus desabafos, num dos mais recentes post, sobre mais um controle a que foi sujeito: «Outro controle anti-doping surpresa. O 24.º. Este da responsabilidade das autoridades francesas. Urina, sangue e cabelo! O clássico».

Dolores by «CR7»

É verdade que os ingleses não são exemplo para ninguém, mas desta vez até alguma razão lhes assiste. Por certo já identificaram a senhora da foto. Dolores Aveiro, a mãe de Cristiano Ronaldo, lembrou-se de vestir os trajes que a foto publicada na imprensa britânica documenta, quando foi assistir ao jogo do filho em Old Trafford. A gozação foi grande. Basta fazer uma pesquisa no Google. É certo que mãe é mãe, mas Ronaldo devia explicar à progenitora que não é com um «manequim» deste quilate que a marca de roupa «CR7» vai vingar.

17 março, 2009

Os «predadores» da informação emotiva

Os últimos dias têm sido férteis em tragédias envolvendo crianças. Um verdadeiro maná para os «predadores» da informação emotiva. O «Correio da Manhã» de domingo passou das marcas. Foi exaustiva a descrição que a jornalista Manuela Teixeira fez do estado de espírito dos pais do pequeno João Pedro, a criança que faleceu esquecida no carro do progenitor, no dia do funeral. «A revolta» da mulher contra o marido, transformada, depois, em «choro compulsivo» de Liliana no ombro de João Carlos atinge o apogeu por ocasião do enterro, dentro do cemitério, trecho que passamos a citar: «Já no cemitério, o caixão foi aberto para a família se despedir do bebé. Neste último adeus ao filho, João Carlos desfez-se em lágrimas, enquanto a mulher desfaleceu.»
Haja decoro! Se a auto-regulação dos órgãos de comunicação social não funciona e a ERC só serve para alimentar uns «tachos», o melhor é arranjar alternativas para combater a acelerada degradação que grassa nas páginas dos jornais e nos ecrãs televisivos. Da mesma forma que há uns anos se rubricou um pacto para não dar notícias em directo de barricados, informações deste teor deviam ser difundidas de forma factual, com o máximo de recato e sem pormenores mórbidos.

«CadeiraGate»

O «CadeiraGate» de Cabo Verde, apropriada designação que li algures no Twitter, continua a gerar ondas de choque. Os comentários sobre a alegada cadeira disputada entre Rui Pereira e a jornalista da Renascença não pararam no blog «Escola de Lavores» e na restante blogosfera. Até a alegada namorada do Primeiro-Ministro, menina Câncio de seu nome, que também assina por f., se meteu ao barulho. Há pouco até eu recebi um conselho amigo (pelo tom, provavelmente com origem em alguém próximo do ministro ou grande fã do socratismo) no comentário feito ontem aqui no blog, para lá voltar e confirmar que a jornalista já tinha admitido outra versão dos factos. A monumental «trapalhada» de parte a parte é que já ninguém apaga. Completamente «surpreendidas» pela evolução dos factos, as 7 mocinha «proprietárias» do blog escreveram hoje um post com muita humildade democrática: «A Escola está surpreendida com os resultados obtidos nos últimos dias. Tivemos um ministro da Nação a responder, milhares de visitas, quase duas centenas de comentários, links dos mais prestigiados blogs nacionais. Estamos... sem palavras. Mas temos de continuar a trabalhar». Isso mesmo. Muito tempo perdido. Muito disparate alimentado. Vão mas é todos trabalhar!