Mais inteligível desta vez, a declaração de Cavaco sobre a promulgação, a contragosto, do Estatuto dos Açores, foi a assumpção da sua impotência presidencial. Só lhe resta mesmo a «bomba atómica», chamada dissolução da AR, mas apenas para usar em caso extremo - nomeadamente se houver um Governo Santana Lopes por perto. O PR adjectivou, como nunca antes tinha sido visto, falou em «absurdo», «lealdade» e «interesses partidários». Disparou em todas as direcções e certamente que alguns dos «tiros» iam para Sócrates. O casamento entre Belém e S. Bento, ou a «cooperação estratégica», como pomposamente foi chamado, não acabou, mas, como a democracia, ficou muito «abalado». O que foi não volta a ser. E dia 1 de Janeiro há mais recados na tradicional mensagem de Ano Novo do Presidente. O voto dos imigrantes e o OE 2009 são os próximos conflitos em perspectiva, num ano em que os portugueses serão convocados para ir às urnas em três ocasiões.
Tenho o feeling que o panorama político vai, nos próximos meses, tornar-se mais apetecível do que as habituais (e já enfadonhas) tricas do futebol. Um duelo Sócrates-Cavaco pode vir a ser tão ansiado pelas massas como um derby Benfica-Sporting.
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