Hugo Chávez é um “one man show”. Para além das acrobacias legislativas que faz para se perpetuar no Poder, tem também um programa, tipo “talk show” à sul-americana, chamado “Alô Presidente”. O dito show tem momentos de humor, as habituais prédicas do “herdeiro” de Simon Bolivar, bem como convidados especiais da cor do anfitrião, claro está. A ultima vedeta convidada foi Diego Maradona, um admirador confesso de Chavez, Fidel Castro e Evo Moralez, três camaradas de luta na cada vez mais capitalista América do Sul. Fiel ao alinhamento, “El Pibe” disse “odiar tudo o que venha dos Estados Unidos”. Ainda bem que “El Diablo”, o nome que Chavez chamou a Bush, não deve ver a TV venezuelana e nem deve conhecer a cara de Maradona que neste programa, não fez por menos, e apelidou-o de “assassino”. Na Venezuela o regime é uma democracia travestida, onde espectáculos como “Alô Presidente” e o cultivar exacerbado da personalidade do “querido líder” são o pão e circo de uma nação que por acaso é muito rica em recursos naturais. Caso contrário, o ex-golpista bem que podia pregar no deserto.
20 agosto, 2007
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7 comentários:
Apesar das reformas constitucionais que alargam a duração dos mandatos presidenciais, Chávez tem de voltar a ganhar as eleições se quiser ser reeleito. Bem melhor do que aquilo que tentaram fazer os democráticos golpistas que o tentaram derrubar, sem escândalo dos democratas europeus ou americanos. Acedeu mesmo a, meio do seu mandato, convocar um referendo, exigido pela oposição e a que não era obrigado, à sua permanência no poder. Ganhou, e por muitos, com caução de todos os observadores internacionais.
As más companhias (tipo o presidente iraniano)podem ser lamentáveis, mas não anda o democrático Sarkozi de cama e pucarinho com o agora simpático Coronel Kadhaffi? Não dormiram na mesma cama Reagan e os taliban?
Quanto à riqueza venezuelana, ao menos agora é redistribuída, coisa que dantes não acontecia. Como diz o suspeito Ramonet «Poucos governantes, em todo o mundo, são alvo de campanhas de demolição tão odiosas como o presidente da Venezuela
(...)
Foram distribuídos aos camponeses três milhões de hectares de terras. Milhões de adultos e crianças foram alfabetizados. Milhares de centros médicos foram instalados nos bairros populares. Foram operadas gratuitamente dezenas de milhares de pessoas sem recursos que sofriam de doenças da vista. Os produtos alimentícios de base são subvencionados e propostos às pessoas mais desfavorecidas a preços 42 por cento inferiores aos do mercado. A duração semanal do trabalho passou de 44 para 36 horas, ao mesmo tempo que o salário mínimo subiu para 204 euros por mês (o mais alto da América Latina a seguir à Costa Rica).
Resultados de todas estas medidas: entre 1999 e 2005 a pobreza diminuiu de 42,8 por cento para 33,9 por cento [2], ao mesmo tempo que a população que vive da economia informal caiu de 53 por cento para 40 por cento. Estes recuos da pobreza permitiram apoiar muito o crescimento, que nos três últimos anos foi, em média, de 12 por cento, situando-se entre os mais elevados do mundo, estimulado também por um consumo que aumentou 18 por cento por ano.»
Este comandante da Venezuela é inenarrável: encerra televisões, persegue, monopoliza, num país que já conheceu melhores dias. Os amigos, claro, falam por ele. Basta ver quem são!
Sim, claro, Chávez é golpista, mas a estação que ele encerrou, tem presença e particpação, documentada com imagens, no golpe que o depôs durante algumas horas e toda a gente a acha muito democrática. Dualidade de critérios. Quanto a RFF suponho que se dá bem sendo antes amigo do televisivo canal.
Apenas discuto factos concretos: afirmar que a Venezuela é, hoje, uma democracia, é utópico, irrealista. Não há como ir aos dados: analise-se apenas a questão de criminalidade, que varre a nação de lés a lés. O DN de hoje traz um trabalho interessante de Ferreira Fernandes. Ideologias à parte, que democrata é Chávez ao estar oito horas num canal de TV?
Sem ser advogado de defesa de ninguém, permitam-me que entre na dialéctica: horas e horas a fio diante de um televisor, faz lembrar os serões cubanos e as "Conversas em Família" à portuguesa...
Se não admiro o género programa de oito horas, lembro ainda as palavras de Mário Soares - que admitirão ser um democrata - que disse que nunca faria o que ele faz pois é um europeu, civil e nunca sofreu um golpe da CIA, nem tentaivas de assasinato.
No entanto, É democrata o suficiente para desde que foi eleito ter de aturar uma série de canais em histeria a emitir muito mais que as oito horas diárias contra ele e até a conspirar e a participar num golpe de estado contra o presidente eleito, como aquela a que não renovaram a licença de emissão.
Quanto à criminalidade não me parece que seja um problema ligável a um regime ditatorial. Como se sabe, a China ou a Arábia Saudita nunca foram muito pródigas em criminalidade, ao contrário das democracias ocidentais. Se admiro Ferreira Fernandes pela qualidade da escrita, já não admiro quanto à lucidez política (fartou-se de defender o ataque ao Iraque por exemplo, e defende o recurso à tortura). Em tempos, o DN teve um jornalista que com recurso ao contraditório cobria bem os acontecimentos venezuelanos. Chamava-se Gilberto Lopes e ouvia todas as partes desde a situação à oposição chavista. Mas deve ter sido despedido.
Quanto a dados, volto a juntar alguns
que mostram diferenças entre a "ditadura chavista" e a democracia anterior.
«Foram distribuídos aos camponeses três milhões de hectares de terras. Milhões de adultos e crianças foram alfabetizados. Milhares de centros médicos foram instalados nos bairros populares. Foram operadas gratuitamente dezenas de milhares de pessoas sem recursos que sofriam de doenças da vista. Os produtos alimentícios de base são subvencionados e propostos às pessoas mais desfavorecidas a preços 42 por cento inferiores aos do mercado. A duração semanal do trabalho passou de 44 para 36 horas, ao mesmo tempo que o salário mínimo subiu para 204 euros por mês (o mais alto da América Latina a seguir à Costa Rica).
Resultados de todas estas medidas: entre 1999 e 2005 a pobreza diminuiu de 42,8 por cento para 33,9 por cento [2], ao mesmo tempo que a população que vive da economia informal caiu de 53 por cento para 40 por cento. Estes recuos da pobreza permitiram apoiar muito o crescimento, que nos três últimos anos foi, em média, de 12 por cento, situando-se entre os mais elevados do mundo, estimulado também por um consumo que aumentou 18 por cento por ano.»
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