18 agosto, 2007

A coragem de por o dedo na ferida

A revista brasileira “Veja” fez capa, na edição da passada semana, com um tema muito caro ao nosso país: “A praga da impunidade – Por que eles não ficam presos”, ilustrando a toda a largura da capa uma pessoa de fato completo e de mala na mão, mas com cara de rato, preparado para se evadir da prisão. “A Justiça brasileia é incapaz de manter presos asssassinos confessos e corruptos pegos em flagrante. Na origem da impunidade está a propria lei”. Onde é que nós já ouvimos isto? A “Veja” identifica dezenas de caras que, em condições normais, estariam atrás das grades por envolvimento em casos de corrupção, lavagem de dinheiro, peculato, fraude, etc.
Ora aí está o exemplo de uma publicação corajosa - de grande qualidade, mas que é vendida em Portugal a um preço quase proibitivo (5 euros) - que teve um importante papel ao denunciar vários escândalos envolvendo o governo Lula, nomeadamente o caso do mensalão. Por cá, as nossas newsmagazines, são macias, anódinas, chegando a confundir-se com revistas cor de rosa. Menos mal que são mais baratas que a "Veja"...

2 comentários:

Ana Clara disse...

Ora aqui está um bom exemplo para as nossas intituladas revistas de referência! Há semanas, coincidência ou não, que parece haver combinações de primeira (capa)... É triste, mas uma lição!

Anónimo disse...

Já o apreciado BB tem opinião diferente e por acaso coincidente com a minha



«Os jornais portugueses afastaram-se da realidade portuguesa. Mas, também, do que, internacionalmente, nos domínios da política, da arte, da literatura, do cinema, do teatro, nos possa, nacionalmente, interessar. Pouco ou nada sabemos do que acontece na América Latina. A informação sobre as eleições brasileiras constituiu uma vergonha - pela orientação ideológica, pela natureza das notícias, pelos comentários. Os escândalos do governo de Lula mereceram toda e exclusiva atenção, enquanto se omitiam as grandes reformas e conquistas sociais que beneficiaram milhões e milhões de brasileiros sobrevivendo no limiar da miséria mais atroz.

Basta frequentar, ocasionalmente que seja, a revista "Veja", e ler um subproduto jornalístico, chamado Diogo Mainardi, para se perceber o empreendimento reaccionário que estava (e está) em movimento. Há tempo, Hélio Fernandes, irmão do Millôr, e director da "Tribuna da Imprensa", publicou um artigo terrível, no qual revelava as fontes económicas e alimentares daquela revista. E A extraordinária, por volumosa, vitória de Lula não está firmemente consolidada. A direita brasileira é golpista, e tem escrita uma história sangrenta contra a democracia. Nunca perdoou a Lula as grandes alterações sociais realizadas. E tem "esquecido" os "mensalões" do tempo de Fernando Henrique Cardoso.»
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