02 fevereiro, 2010

A «calhandrice»

Não servindo de atenuante para a política de pressão e condicionamento que Sócrates tem exercido sobre os «media», reportar, através de uma fonte sem rosto, que três políticos do governo, primeiro-ministro incluído, conspiraram à mesa de almoço contra Mário Crespo, com vista a «limpar-lhe o sebo», profissionalmente falando, é parecido com aquilo que Inês Serra Lopes fez ao escutar e divulgar na primeira página do «Independente» uma conversa do mouco Sousa Franco (que Deus o tenha em descanso) à mesa do «Pabe», dizendo raios e coriscos do governo de Guterres. Párem de espreitar pela fechadura e ouvir atrás da porta!

01 fevereiro, 2010

Políticos sem relógio e sem maneiras

O pai do «choque fiscal» que nunca existiu fez hoje uma valente birra por causa de um atraso do Primeiro-Ministro. Explicando: Sócrates atrasou-se quase 1 hora para a abertura de uma conferência no CCB e teve o desplante de dissertar sobre os sucessos do seu governo durante 50 eternos minutos. Os trabalhos arrastaram-se e a intervenção do vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, Miguel Frasquilho, foi chutada para perto das 14 horas, quando os estômagos já davam horas. O ex-secretário de Estado considerou o atraso «lamentável», pese embora nunca identificar os alegados responsáveis, mas sempre acrescentou que assim o «país não sairá da cepa torta». O demagógico Frasquilho ainda arrebatou aplausos de algumas centenas de resistentes, mas veio, em casa alheia, dar lições de boas práticas, quando era mais um convidado. Se é certo que precisamos de políticos pontuais, certamente que o país está carente de políticos com maneiras e completamente distanciados dos poderosos lóbis da banca.

Rigorosamente uma bomba

Temos «novela» para uns dias e uma bomba em potência. Mário Crespo iria denunciar nas suas crónicas do «Jornal de Notícias» uma alegada conversa entre o PM e dois dos seus braços-direitos, em que o classificavam como um «problema» para resolver. O artigo foi cancelado e a colaboração do jornalista interrompida. Aqui fica o texto para reflexão:
«Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento. O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa. Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal. Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o. Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos. Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados. Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre. Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009. O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu. O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”. O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”. Foi-se o “problema” que era o Director do Público. Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu. Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.»

31 janeiro, 2010

Sócrates, take 2, dia 100

Leio que o Governo socrático, na versão take 2, faz amanhã 100 dias. Por acaso, hoje, vi de relance, num qualquer site que não fixei, que o governo fazia «100 anos». Um lapso lamentável, mas que revela bem o que vai no inconsciente de muitos portugueses. Basta olhar para o ar envelhecido e gasto do Primeiro-Ministro para reparar que já passou uma eternidade desde Abril de 2005, quando o ímpeto reformista se encontrava no auge.

A frase do dia

«A arbitragem em Portugal não é cristã», Manuel Machado, treinador do Nacional, no final do jogo em que a sua equipa foi derrotada pelo FC Porto, RTP-1, 31 Janeiro 2010

30 janeiro, 2010

Nasceu uma estrela mediática

Em todas as entrevistas que concede António Saraiva faz questão de sublinhar: «não sou doutor, nem engenheiro, sou empresário». Pelos vistos a humildade caiu bem à subserviente imprensa indigena, e às respectivas graças, que têm levado ao colo este senhor, que tomou posse apenas no passado dia 21 como presidente da CIP, substituindo o não menos mediático Van Zeller. O homem está em todas. De completo desconhecido a «estrela» mediática, presente em todos os debates para falar de economia. Assim se faz o percurso em Portugal. Isto de ser «patrão», mesmo não sendo engenheiro ou doutor, acaba por ter muita força.

O regresso da «Ipide»

No «Conselho de Estado» da TSF, o «conselheiro» Ricardo Araújo Pereira sugeriu que depois do «Ipod» e do «Ipad», só falta mesmo inventarem o «Ipide», numa alusão à polícia política do regime salazarista. Uma tertúlia que vale a pena ouvir.

Bad feelings

O BES, patrocinador oficial da selecção, já «está» no Mundial de Futebol. A campanha «I've got a feeling» tem Liedson, Bruno Alves e Nuno Gomes como protagonistas. Um afecto a cada «grande», jogadores de inegável qualidade, mas com uma folha de serviços disciplinar pouco recomendável. O jogador do Sporting esmurra superiores no balneário, o central do FC Porto é o rei da cotovelada dentro de campo, enquanto Nuno Gomes ainda é lembrado por ter dado um «chega pra lá» ao fiscal de linha nas meias finais do Euro 2000, aquando da célebre mão de Abel Xavier. Uns guerreiros.