26 abril, 2009

O bicho é manso, diz ele

O «animal feroz» voltou a fazer das suas. Desta feita, à saída da dura sessão de perguntas, cirurgicamente seleccionadas pelo aparelho do Largo do Rato. A jornalista do «Público» estava lá e descreveu o delicioso diálogo:
«(...) José Sócrates saíra da sala da “entrevista”, sorridente, com ar de quem passou com distinção na prova oral, e perguntou “Não foi mal, pois não?”, dobrando as folhas brancas com notas usadas nas respostas. E estava ali, a “dar sopa”, para os poucos jornalistas presentes. Uma jornalista pergunta se se pode aproximar e fazer uma pergunta. “Claro, eu não mordo”, responde Sócrates sorridente.“Não morde mas rosna. E às vezes rosna muito”, replica-lhe ela em voz alta. O primeiro-ministro fica atrapalhado, responde que não é bem assim, ainda a rir, sem saber muito bem o que fazer, mas ela insiste com o “rosnar”. Talvez pelo efeito surpresa, Sócrates nem se zangou, mas o caso cerrou alguns sobrolhos».
Fonte: Público, 26 Abril 2009

Higiene política

A «Veja» brindou os seus leitores com mais um exercício de inteligência e de crítica aberta aos políticos, ilustrando a capa do último número com um autoclismo, incitando os eleitores puxarem o dito para se livrarem deles. «A falta de honestidade, pudor, decoro, compostura e espírito público desmoraliza o Congresso. Só o o voto pode banir os maus políticos sem ameaçar a democracia», pode ler-se. Um retrato com inquietantes semelhanças com o nosso «quintal». Só nos faltam é publicações com a coragem da «Veja».

Amor em tempos de cólera

Os casos multiplicam-se a cada hora. A gripe suína, com epicentro no México, ameaça converter-se num grave problema de saúde pública a nível mundial. Na foto, dois jovens beijam-se, em plena Cidade do México. Um gesto que as autoridades desaconselham vivamente, sem protecção. Curiosamente, o slogan turístico da capital é «bésame mucho».

25 abril, 2009

Um dia (quase) perfeito

Cavaco trocou as voltas aos jornalistas que andaram a semana toda a especular que o PR ia desancar, outra vez, no governo. Os recados, a tal palavra «horrível» segundo Jorge Sampaio, vieram de mansinho e reeditando discursos anteriores. No fim, todos concordaram com o que disse o Presidente. Também era o que faltava se isso não acontecesse. Pior mesmo é passar das palavras aos actos. A sessão solene demonstrou ainda uma oportuna demonstração das qualidades de tribuno de Paulo Rangel. Mais uma. Inteligente a associação entre o dia da liberdade que se comemorava e o «roubo da liberdade de escolha às gerações futuras», devido à dívida contraída pelo executivo através do seu «Programa de Grandes Obras Públicas». Está bom de ver que Rangel faz-se. Perfeito, perfeito para as hostes sociais-democratas era que a líder o acompanhasse.

Obamas de imitação

Assim à primeira vista, parece ser um expert em novas tecnologias a explicar as virtualidades do meio, mas vendo bem é Santana Lopes, que passa de andar por aí a estar entre nós, nos próximos meses. O pontapé de saída foi dado esta tarde, numa comunicação no site oficial de campanha. Por seu turno, José Sócrates, o outro Obama de trazer por casa, vai responder, também hoje e também na internet a perguntas de internautas no seu site. Nenhuma delas deve ser de muito difícil resposta. Nenhuma deles deve ter o Freeport como assunto.

24 abril, 2009

Castigo exemplar

A inexplicável e incontrolável fúria de Pepe, o central meio português, meio brasileiro do Real Madrid, foi castigada com 10 jogos de suspensão. Em 3 dias, a comissão de disciplina espanhola deu o caso por encerrado.

23 abril, 2009

O «polícia sinaleiro»

Santana Lopes lança oficialmente no sábado, o dia que assinala a revolução, a sua candidatura à Câmara de Lisboa, em coligação com o CDS. A escassa actualização nas últimas semanas do seu blog indicia que ele está para chegar. Na blogosfera vai mostrando a sua preocupação pela descoordenação dos semáforos na cidade de Lisboa. «Continua o caos. D. João V, Rua Castilho, Av. Estados Unidos, entre várias, todas congestionadas. É o resultado de meses de brincadeira com os tempos dos semáforos» ou «que pandemónio, hoje, outra vez. Com as consequências difusas das alterações da circulação automóvel na Baixa, somar esta desregulação dos semáforos lança mesmo a grande desordem. Manda a verdade dizer que já há meses que se vinham notando as variações na temporização semafórico... Sabe quem anda de carro comigo quantas vezes o tenho notado nos últimos tempos». Pela conversa o «menino guerreiro» está com alma de polícia sinaleiro. Jogador profissional como é vai testar, mais uma vez, o «efeito» decorrente das suas magníficas e aguardadas aparições. Talvez até consiga um bom resultado eleitoral, não pelo magnetismo que (já não) exerce nas massas, mas pela manta de retalhos que é a esquerda.

O vizinho «hot e sexy»

O «The Washingtonian» publica na próxima edição de Maio as 26 razões para amar a vida na capital dos Estados Unidos. A capa não podia ter outro protagonista que não fosse Obama, mas desta vez, pasme-se, em tronco nu, num instantâneo captado no Hawai. A publicação apelida o físico do presidente de «espectacular» e elenca como segunda razão para visitar Washington, o facto de o «vizinho» que habita a Casa Branca ser «hot e sexy».

A hora do «i»

O jornal da construção civil, o «i», vai nascer no próximo dia 7 de Maio, ou seja, dentro de 15 dias.«I num instante tudo muda», é o mote do jornal dirigido por Martim Avilez Figueiredo. Espera-se que o lounge por cima da redacção inspire os 74 jornalistas a conceberem uma publicação de qualidade. Contudo, o timing do seu lançamento, próximo com os actos eleitorais, e as suas ligações com a Lena, uma empresa de construção civil, alegadamente com boas relações com o Governo, não auguram nada de bom.
A campanha "I Num Instante Tudo Muda" já anda a circular...

22 abril, 2009

Prato do dia: Sócrates frito

«Sócrates está a ser frito em lume brando», Carlos Magno, analista político, RTP-N, 22 Abril 2009

Sempre a ferrar

Uma melga, um emplastro, uma sarna. Sócrates bem tenta, mas não consegue afastar o Ferrão do Bernardo da sua beira. O jornalista da SIC, de seu nome Bernardo Ferrão, é um dos mais dinâmicos repórteres da nova geração. Depois de ter estalado o «Freeport», parece que o incumbiram de ser a «besta negra» do Primeiro-Ministro. Uma espécie de repórter para «cobranças difíceis». Geralmente não tem sorte. Sócrates foge a sete pés sempre que o vê de microfone em punho. Mas hoje, o Bernardo lá teve direito a algum tempo de antena do nosso primeiro, que sempre que o vê, muda de cor. Se o subserviente universo jornalístico tivesse mais exemplares destes, os senhores que nos (des)governam não fariam metade das asneiras.

Será que no Governo estão a perceber?

A ferro e fogo a relação entre o governo e a TVI. Moniz considera Mademoiselle F., a namorada de Sócrates, um «erro de casting», agora que ela abandona o programa «A torto e a direito» do TVI24 e decide processar o Primeiro-Ministro pela «travestida» observação do Jornal Nacional das sextas-feiras. Será que o governo consegue entender que, se a escalada noticiosa em torno do Sócrate prosseguir, o canal largamente mais visto do país pode contribuir para mudar a intenção de voto do eleitorado?

Coitadinho de mim

Como político especializado em dar umas «petas», cometer umas omissões ou pronunciar meias-verdades, Sócrates atingiu o zénit quando na entrevista de ontem disse «ter pouco jeito para servir de vítima». Quem vir o resumo da coisa, até pode «comprar» a ideia, mas quem assistiu ao programa na integra, reconhecerá que o admirável líder passou toda a conversa de 60 minutos com os dois funcionários públicos da RTP a fazer de coitadinho.

Foram cardos, foram prosas

Manuela Moura Guedes vai processar judicialmente o primeiro-ministro, por difamação na sequência de acusações de José Sócrates ao "Jornal Nacional" da TVI. O marido da jornalista e director-geral do canal, José Eduardo Moniz, vai explicar os motivos do processo, em declaração ao país, às 20h. O Jornal Nacional das sextas-feiras vai aumentar ainda mais as audiências. Quem se mete com a Manela, leva!

Pensamento do dia

«Em política cada um pedala a sua própria bicicleta», José Sócrates, entrevista à RTP, in «Público», 22 Abril 2009

21 abril, 2009

O sonso, a fera e o provocador

O homem não muda. Crispado, arrogante e com um gozo tremendo em picar os entrevistadores. Sócrates teve, contudo, um erro de cálculo. Do outro lado, estava um José Alberto Carvalho sonso e mole, mas uma Judite de Sousa, qual fera enfurecida, depois de ter sido chamada de «tola» pelo Primeiro-Ministro, no seu habitual estilo desarmante do «está a perceber?» ou «não sabe?». A jornalista acusou o toque e elevou o grau de agressividade, brindado o líder do governo com uma incomodativa mirada glaciar durante todo programa.
Tratou-se, contudo, de um registo de entrevista mais equilibrado, em comparação com a entrevista de Outubro na SIC. Pena que o servilismo de Carvalho tenha borrado a pintura. De resto, mais do mesmo. A eterna vítima, mesmo recusando ter jeito para isso, as referências a Kafka e a frase velocipédica, que deve ter decorado na véspera, «cada partido pedala a sua bicicleta». Para o jantar dos portugueses famintos, Sócrates foi ao frigorífico buscar os suspeitos do costume - os painéis fotovoltaicos e a banda larga. O grande momento, mesmo a terminar, foi o comovente elogio ao director do DN, no seguimento do artigo que João Marcelino escreveu a "malhar" no telejornal das sextas-feiras da TVI. O tal noticiário que Sócrates chama de «telejornal travestido». Um «presente envenenado» para quem escreve no DN. Processa um jornalista do jornal da Avenida da Liberdade, que alegadamente o difama e, logo a seguir, elogia perante milhões de portugueses o director do mesmo jornal. Desconcertante.
O engenheiro deu ares de estar esgotado e seco de ideias. Nós, portugueses, começamos a ver a paciência a esfumar-se. As eleições europeias, com a ajuda do «Freepor» (no dizer do querido líder) podem ser o prenúncio de um virar de ciclo.

O fenómeno

Susan Boyle é mais popular do que Barack Obama no Youtube

O «competente corno» no Diário da República

(Clique na imagem para ampliar)

O grau zero da política

Lamentável exemplo de baixa política dado pelos malcriados senhores e senhoras candidatos ao Parlamento Europeu. «Quatro contra um» e «tiques de estalinismo», foram algumas das críticas ouvidas na noite do «Prós&Contras», nomeadamente entre o anafado Rangel e o «avó cantigas» Vital. Completamente aos papéis, a moderadora deve ter-se arrependido mil vezes de organizar um debate sobre esta temática.

20 abril, 2009

Foram-me ao bolso!

Farto de «lhe irem ao bolso», politicamente falando, Cavaco «despejou o saco». Sem se esperar. Provavelmente para esvaziar as expectativas que se criavam para o discurso do 25 de Abril. A «Rainha de Inglaterra» cá do burgo, pouco ou nada pode fazer, mas pode manifestar o direito à indignação, mesmo que resista a pronunciar-se sobre «assuntos de Estado», como o Freeport. Com recados e contra-recados, a actualidade política está a ferver. Amanhã, na entrevista à RTP, o Primeiro-Ministro deverá dizer as relações entre Belém e S. Bento estão na paz dos anjos. É mais uma mentira. Mais uma, para enganar o pagode. Sócrates só conta com ele próprio e com a sua capacidade de sobreviver aos escândalos que o vão enlameando. O seu grande teste é saber se quatro anos depois os portugueses têm a confiança suficiente neste homem para lhe comprar um carro em segunda mão.

Romantismo italiano

O artista Filippo Panseca pintou um quadro com o primeiro-ministro, Berlusconi, e a ministra de igualdade de oportunidades, Mara Carfagna, a musa pela qual o poderoso político italiano confessa ter uma paixão assolapada, tendo garantido que contrairia matrimónio, caso não estivesse casado com a sua esposa, Veronica Lario. A polémica está servida, mas o artista frisou que este trabalho visa apenas «homenagear» Berlusconi. Ninguém diria.

Fechados para balanço

Outro «buraco». O do futebol. Boavista, V.Setúbal e E.Amadora não deverão sobreviver às dificuldade financeiras que praticamente inviabilizam o seu futuro como instituição. Os «axadrezados», campeões nacionais há meia dúzia de anos, estão à beira da despromoção para a divisão de honra. Ninguém questiona a responsabilidade do clã Loureiro, após mais de 20 anos de gestão, no descalabro. Os «amigos do Boavista» fazem manifestações pela cidade a pedir ajuda da Câmara municipal. Ninguém lhes vale. Lamentavelmente, o Boavista não é o FC Porto, o Sporting e, muito menos, o Benfica. Como dizia hoje um convidado do «Nós Por Cá», na SIC, quando questionado o que fazia se mandasse no País: «Fechava por 20 anos o futebol profissional em Portugal». Lastimavel o desemprego que causava, mas talvez não fosse má ideia.

O túnel do Costa

João Soares teve o seu túnel, o da João XXI. O túnel de António Costa começou hoje a ser construído, na Avenida de Berna, em Lisboa, uma das principais artérias da cidade e entrada prioritária de quem vem da auto-estrada de Cascais e da Ponte 25 de Abril. Dizem os bombeiros que o abatimento do colector de esgotos, provocou um buraco de 2 por 3 metros. Aparentemente pequeno, mas que, se a sorte não tivesse bafejado os condutores lisboetas, podia, perfeitamente, ter engolido o equivalente a dois autocarros. As obras deverão demorar cerca de uma semana, deixando semi-bloqueada a avenida. Lisboa, está assim. Ao abandono, desmazelada, sem norte. Já nem o solo que pisamos está seguro. Resta-nos confiar na sorte e encher-nos de coragem para a eleição autárquica no próximo Outono.

Monárquico suicida

O «Prós&Contras» vai ter de reforçar a segurança na Casa do Artista. As ameaças sucedem-se, numa escalada preocupante. Os excluídos pela Dona Fatima Campos Ferreira prometem endurecer os seus protestos. Hoje, foi a fez do candidato do PPM às europeias, o jornalista Frederico Duarte Carvalho, ameaçar «meter-se à frente dos carros» dos participantes no programa, afectos a PS, PSD, PCP, BE e CDS, ou seja, todos os partidos com assento parlamentar.

A frase do dia

«A corrupção devia ser legalizada e os corruptos obrigados a divulgar o que roubam. Preto no branco, sem virgulas ou pontos finais», António Ribeiro Ferreira, Correio da Manhã, 20 de Abril 2009

19 abril, 2009

Janela de negócio

Em tempo de crise, há um restaurante no centro de Lisboa que não tem mãos a medir. Chama-se «La Finestra», localiza-se nas Avenidas Novas e está na primeira linha das escolhas do «beautiful people» alfacinha. Está aberto há dois meses e na boca de toda a gente. A reserva é quase obrigatória, sob pena de se ter de ir pregar para outra freguesia gastronómica. Na sexta-feira, o fecho aconteceu já a madrugada ia alta e ontem, sábado, o volume de reservas para o jantar aproximou-se da centena. Muitos pedidos foram recusados. Só os mais afortunados puderam provar as deliciosas pizzas daquele espaço, que já caiu no goto de jogadores de futebol, jornalistas e designers consagrados. Escrevo estas linhas na altura em que oiço no «Telejornal» que os portugueses comem cada vez mais enlatados, em detrimento da carne e do peixe. Uma imagem gastronómica contraditoria de um país gritantemente desigual.

O deve e o haver

O FC Porto vai ser, justamente, o próximo campeão nacional. Melhor do que o Sporting, muito melhor do que o Benfica. Quando se chegar à 30ª jornada, para quem se der ao trabalho, que faça uma contabilidade do deve e do haver em termos de erros dos árbitros. Só hoje, na folgada vitória diante da Académica, aconteceu um penalty escandaloso não assinalado por mão de Meireles e um golo de Farias em fora-de-jogo. E ainda há a habilidade de Proença no lance entre Lisandro e Yebda no Dragão,que evitou a derota azul e branca.

A «private dancer» do regime

O militante do CDS, Sampaio Pimentel, mostrou a sua indignação com a abstenção do grupo parlamentar centrista na votação sobre o sigilo bancário. Tão cioso da esfera privada dos contribuintes, desta feita o partido de Portas disse «passo». Pimentel teme que o CDS se transforme na «private dancer» do regime. Uma associação que faz lembrar a música de Tina Turner dos longínquos anos 80. Só que desta feita, o que está em jogo não é a dança em troca de dinheiro, é a abstenção em troca de poder, no período pós-eleitoral. O CDS é um partido moribundo, mas sem dignidade. Vende-se por pouco.

A semana Sócrates

À beira maneira de Obama, Sócrates vai socorrer-se dos meios de comunicação e das novas tecnologias para passar a imagem do homem do leme que, mesmo quando tudo desaba, não abandona o barco. Para terça-feira está prevista uma entrevista televisiva no canal do Estado e no próximo sábado, 25 de Abril, o Primeiro-Ministro e secretário-geral do PS, vai responder durante uma hora, em directo e por vídeo a dez perguntas, seleccionadas entre as que podem começar a ser enviadas hoje, através do site www.socrates2009.pt. Desconhece-se se o método para filtrar as questões preennche os requisitos mínimos da democracia.
Para ser igual a Obama, só lhe falta participar num talk-show televisivo. Da TVI, por exemplo.

18 abril, 2009

Hugo cumprimenta «El diablo»

«I want to be your friend», disse Hugo Chavez a Obama, na Cimeira das Américas. Curiosamente, o mesmo que tinha dito, em 2001, a George Bush, também durante a mesma cimeira. O que se viu nos anos seguintes, foi tudo menos amizade.

17 abril, 2009

Engenheiro, dê-nos atenção!


Depois do retiro pascal, regressou com toda a força o «Jornal Nacional - anti-Sócrates», com temas de rebimba o malho: imagens exclusivas da reunião em que Charles Smith chama corrupto ao querido líder e a renovação da frota automóvel do Parlamento que custou aos nossos bolsos 1 milhão de euros. O registo circense não abrandou no noticiário, já a postura gozona da Moura Guedes subiu alguns furos, depois de 15 dias de ausência. Mas é preciso reconhecer que os repórteres da TVI (eles e elas) são os que os «têm» verdadeiramente em «su sítio», profissionalmente falando. À saída da nova pousada de Viseu, uma menina jornalista de microfone em punho, perguntou a Sócrates: «Senhor Primeiro-Ministro, gosta dos Xutos?». Os seguranças e os assessores inviabilizaram a repetição da questão. Cá fora, uma manifestação de professores da zona centro entoava o hino da revolta:
«
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer»

16 abril, 2009

Ninguém manda calar a senhora?

«(O caso Freeport) vai demorar o tempo que for necessário para que a verdade seja posta cá fora», Cândida Almeida, directora do DCIAP

A frase do dia

«A TV Parlamento devia passar para o antigo Canal 18 do cabo quando passa a comissão de inquérito ao BPN. Pornografia pura», Paulo Ferreira, jornalista, in Twitter, 16 de Abril 2009

A «sirene da Lisnave» virou escritora

Os famosos descobriram outra árvore das patacas: escrever livros light às carradas. Só faltava mesmo Júlia Pinheiro, também conhecida pela «sirene da Lisnave», estrear-se na escrita, na versão romance, com «Não sei nada sobre o amor». Vai chegar aos tops, mas é de prever o pior. Valha-nos ao menos que através da escrita a Júlia poupa os nossos sensíveis e muito violentados ouvidos.

Um país, dois blocos

Tardia, eleitoralista e pouco relevante. Assim se pode caracterizar a aprovação do fim do sigilo bancário em casos de enriquecimento patrimonial injustificado. No fundo, essa possibilidade já existia no caso de decisão judicial, tendo-se progredido apenas um pouco mais no combate à fraude e evasão, agora que a «mina» das receitas fiscais se esgota. Quanto à corrupção, o verdadeiro cancro nacional, é ninguém mexe uma palha. O Bloco de Esquerda sai reforçado com a aprovação da sua proposta. Já o «Bloco Central» dos interesses permanece imóvel, a viver dos rendimentos e das negociatas. Fiéis á velha máxima de Lampedusa, «é preciso mudar algo, para que fique tudo na mesma».

Nas mãos de Freud

Continua na moda escrever livros e compilar artigos saídos nos jornais. «Diz que é uma espécie de democracia» repete a cómoda receita, mas é genuinamente diferente dos demais no conteúdo. Para começar, deve informar-se que o seu autor é João Paulo Guerra, jornalista da velha guarda e opinion maker no «Diário Económico». O autor, que pediu auxilio ao seu amigo Baptista Bastos para mais um corrosivo prefácio, fala sobre «a comédia política portuguesa nos últimos 10 anos» e «reflecte sobre o país no divã». Para concluir, deixamos uma pérola de JP Guerra para abrir o apetite aos leitores para o livro da Oficina do Livro: «Em Portugal a culpa não morre solteira: morre viúva, orfã, enjeitada e, pior que isso, virgem». Clap, clap, clap.

O portal das reclamações

Já se encontra disponível na net o Livro Amarelo, o Portal das Reclamações. Pela curta visita efectuada, dá para ver que os portugueses estão cada vez mais contestatários. Os protestos são de toda a ordem. Desde o falso Chihuahua, a facturação de chamadas para números de assistência técnica e, claro, as incontornáveis «faltas de profissionalismo» dos técnicos da hiper-contestada TV Cabo.

Cuidado com os «paparazzi» da Google

O «Street View» da Google Maps já anda por Lisboa e Porto e promete estar online até final do ano. Nessa altura, vamos poder ver todos os detalhes das duas maiores capitais do país através dos milhares de fotos, com panorâmica 360 graus, que vão ser captadas nas próximas semanas. A porta da nossa casa, o telhado do nosso emprego, com um bocadinho de sorte apanhamos o nosso melhor amigo a trair a mulher numa esplanada da moda. Fica o aviso à navegação: caso vejam um fotógrafo com material especial em cima de um carro ou autocarro descapotável, desconfiem. Depois de Porto e Lisboa, a equipa da Google assenta arraiais em Braga, no verão. Teme-se que seja descoberto algum pecado na cidade dos arcebispos.

15 abril, 2009

A armada invencível da «velha Albion»

O FC Porto foi melhor nos dois jogos, o Manchester foi mais eficaz. É sempre assim. Este país continua inebriado por triunfos morais. Cristiano Ronaldo marcou um dos melhores golos da temporada. E três equipas inglesas jogam as meias finais da Champions. Nada é por acaso. O dinheiro e o espectáculo residem na «velha Albion». Fica aqui a aposta para um colossal embate entre Manchester United e Barcelona, a 27 de Maio, no Olímpico de Roma.

Quando a política comanda a Justiça

O advogado José Maria Martins acha que decisão do caso Casa Pia só será conhecida depois das eleições. O seu colega, e ódio de estimação, António Serra Lopes, está de acordo com ele, pelo menos uma vez. Os causídicos perfilham o ponto de vista que uma sentença, de condenação ou de absolvição, de personalidades mediáticas teria, sempre, uma leitura política. A franqueza fica bem aos dois advogados, mas depois não nos venham contar histórias que a justiça e os juízes são independentes do poder político. Esses conceitos só mesmo nos livros de Princípios Gerais de Direito.

O deputado que só fala verdade

Ventura Leite é, provavelmente, o único deputado socialista verdadeiramente livre. Depois de ter manifestado a sua desconfiança no ministro Mário Lino, o parlamentar, licenciado em finanças, utilizou os 10 minutos a que têm direitos por sessão legislativa todos com assento no Parlamento, para criticar o Governo, afirmando que «o país está num rumo que, não sendo corrrigido, irá conduzir ao desastre, ou pelo menos ao descrédito no plano internacional». As verdades devem valer-lhe a condenação ao ostracismo nas disputadas listas para as próximas legislativas.Em política nada se esquece, tudo se paga.

Figurante ou larápio?

A RTP emitiu hoje uma interessante reportagem sobre a ascensão social da profissão de... figurante. São cerca de 30 mil (leram bem, 30 mil!) que estão inscritos, não nos centros de emprego, mas nas empresas que angariam as claques para bater palmas e ensaiar gargalhadas a soar a falso. Como a procura é maior do que a oferta de concursos, o trabalho está longe de ser muito e muito menos regular. A remuneração também não é famosa. Num dos exemplos dados pela «peça», um figurante, para fazer figura de corpo presente, recebe uns magros 12 euros por uma gravação matinal e vespertina. Mesmo que houvesse trabalho nos dias úteis de um mês, a coisa não rendia mais de 300 euros. Isto sem impostos. Agora se percebe, o motivo pelo qual a profissão de larápio continua a ganhar adeptos...

O director secreto

Enquanto se aguarda pelo número 2 da Playboy «tuga», permanece incógnita a identidade do director da publicação. O responsável que consta na ficha técnica chama-se Manuel Lopes da Silva, mas este nome não consta dos registos da Comissão da Carteira Profissional de Jornalistas. O sinistro grupo detentor do título recusa revelar o verdadeiro nome do seu director. Outro tabu. Quase que mais interessante de seguir, do que o conteúdo integral da primeira revista.

Dizem que a letra tem a ver com o Sócrates


Música: Sem eira nem beira
Xutos & Pontapés

Anda tudo do avesso
Nesta rua que atravesso
Dão milhões a quem os tem
Aos outros um passou-bem
Não consigo perceber
Quem é que nos quer tramarEnganar/Despedir
E ainda se ficam a rirEu quero acreditar
Que esta merda vai mudar
E espero vir a ter uma vida bem melhor
Mas se eu nada fizer
Isto nunca vai mudarConseguir/EncontrarMais força para lutar...
(Refrão)Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a comer
É difícil ser honesto
É difícil de engolir
Quem não tem nada vai preso
Quem tem muito fica a rir
Ainda espero ver alguém
Assumir que já andou
A roubar/A enganar o povo que acreditou
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar
Conseguir encontrar mais força para lutar
Mais força para lutar...(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a foder
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Mas eu sou um homem honesto
Só errei na profissão

Fonte: Jornal «Público»

14 abril, 2009

O ditador de avental

O segredo mais bem guardado de Oliveira Salazar não era o seu caso com a jornalista Christine Garnier, mas o facto de ter sido maçon. A tese é defendida pelo juiz José da Costa Pimenta, no livro «Salazar - o Maçon», editado pela Bertrand. O título é provocativo e, para além de se denominar a maçonaria como a «nova fé» do Presidente do Conselho, abre-se o apetite ao potencial leitor, com a chamada na capa para «todas as provas ocultas» publicadas nas páginas interiores. Uma das «provas» que o magistrado defende com unhas e dentes é o facto de Salazar «ter deixado de se confessar e de comungar», o que atesta o seu «afastamento da Igreja Católica». Vai ser Best-seller, certamente.

A crise? Que a pague o vizinho!

O economista Silva Lopes personifica o típico português que aceita sacrifícios, desde que comecem pelo vizinho do lado. Relata o «Correio da Manhã», que o ex-governador do Banco de Portugal e ex-administrador do Montepio Geral, recebeu, em 2008, por quatro meses à frente da gestão deste último banco, gratificações do ano anterior no valor de 410 mil euros. Um belo exemplo que este senhor dá à sociedade, sabendo-se que há uns tempos propôs o congelamento de salários dos portugueses para fazer face à crise.

Está por aí o ministro Pinho?

* A economia portuguesa deverá registar este ano uma contracção de 3,5%, com paralelo apenas na recessão de 1975
* A Quimonda anunciou o lay-off de seis meses para 800 operários, sendo que 200 se mantém em funções e os restantes - com contratos a termo, serão dispensados a partir do final do mês de Maio
Fonte: dos jornais

O anti-talibãs

Carlos Queiroz apostou tudo no cargo de seleccionador nacional, tendo deixado o seu cargo de ajudante de Ferguson, no Manchester United. Está à beira de perder tudo. Dos melhores no trabalho de formação e planificação, Queiroz deixa algo mais a deixar como treinador principal, fazendo transparecer alguma falta de autoridade. As suas intempestivas «boutades» começam a dar para uma compilação: «limpar a porcaria», «levar os jogadores para a selva» e ontem, já sem barba, «o futebol português está cheio de talibãs», são dignas de figurar em destaque no friso que os jornais dedicam às frases dos outros. A verdade é que os talibãs continuam por aí e o professor, infelizmente para a selecção, vai perder o emprego, lá para o final do ano, quando for confirmado o nosso afastamento do Mundial 2010.

E o candidato é...Paulo Rangel!

O suspense foi tanto que mais parecia que Hitchcock se tinha instalado na sede do PSD. Possivelmente embaraçada com tantas recusas, e à falta de melhor, Ferreira Leite teve de socorrer-se da prata da casa. O jurista do Porto, Paulo Rangel, vai concorrer com Vital Moreira nas eleições de Junho. O mais engraçado é que Rangel vai ser uma espécie de «bombeiro de serviço», porque promete manter o cargo de líder do grupo parlamentar do PSD durante e depois da campanha para as europeias, até à posse como eurodeputado, em Julho. Tivesse o PS apresentado o candidato mais forte e o PSD teria um resultado miserável. No duelo Rangel-Vital, o equilíbrio de forças afigura-se mais apurado. Ainda assim, não desfazendo as qualidades de Paulo Rangel, mas considerando as mais recentes sondagens (que não são críveis que se alterem substancialmente em 2 ou 3 meses), o PSD deverá lutar para perder por poucos. Com Marques Mendes outro galo cantaria. Temos pena!!!

Um olho no burro, outro no cigano

Luís Filipe Vieira desceu à Terra, para dizer que o Benfica tem um treinador, o cigano, por mais um ano e que devolveu a estabilidade a um clube que não a tinha antes de assumir a presidência. Só não soube explicar como é que em 8 anos de «consulado» só conquistou um título de campeão nacional. Os habituais avisos à navegação tiveram, desta vez, um destinatário identificado. Não, não foram para Pinto da Costa ou Soares Franco, mas sim para o «engenheiro Paulo Fernandes», o dono do «Correio da Manhã», jornal que a entourage do presidente acha estar a fazer uma campanha (sempre a maldita campanha) contra o Benfica.
Bagão Félix, reformado e jardineiro nos tempos livres e Fernando Seara, o autarca que está louco por abandonar a terra das queijadas, têm um apetite voraz pela cadeira do poder da Luz. O afastamento da Liga dos Campeões podia precipitar eleições, marcadas para o mês de Outubro.

13 abril, 2009

Música, maestro!

A Moura Guedes e a Campos Ferreira meteram férias. Portanto, esta semana nem aqueceu, nem arrefeceu para o Governo. O país futebolístico, os 6 milhões de "vermelhos", mais os 3 milhões de anti-lampiões, está entretido com a crise do Benfica, as eleições e os "buracos" do Sporting e o jogo do FC Porto para a Champions. Enquanto isso, Sócrates, mesmo reconhecendo não ter jeito para maestro de orquestra, vai democratizar o ensino da música. «Julgo que esta é a ambição maior de um político: poder ocupar o lugar de alguém que dirige uma orquestra», disse. No fundo, confessa que vai (continuar a) dar música à malta. Para quem mente tanto, a sinceridade fica-lhe tão bem...

De ficar gago

No dia seguinte ao fim-de-semana pascal, nada melhor do que requentar um tema que já tem barbas: as universidades estão «tesas» e exigem ao ministro Gago soluções financeiras urgentes. O estardalhaço noticioso foi grande, mas a novidade não é de hoje. Valha o circunspecto e alinhado «Telejornal» do canal público, que conseguiu, nas «páginas interiores» do seu boletim noticioso das 8 dar uma notícia verdadeiramente nova: algures no interior, há uma escola de aldeia, entretanto extinta, que foi transformada em capela mortuária.
Com esta sim, qualquer um fica gago.

Nós ou o caos

A 6 meses do dia «D», soaram os alarmes na «esquerda» da capital. A proliferação de candidatos, a pulverização dos votos e a aliança PSD e CDS, faz indiciar dias difíceis para o actual presidente da Câmara. Vai daí, sai uma petição em jeito de toque a reunir, para a esquerda unida, a radical e a democrática, como os socialistas gostam de dizer, convergir esforços em torno de António Costa. Uma espécie de «nós ou o caos». O autarca «alfacinha» sabe que joga a sua sobrevivência política nesta contenda, caso Santana consiga o milagre (que não parece tão impossível como se previa) de regressar aos Paços do Concelho. Resta saber o que terá de dar Costa em troca para Louçã e Jerónimo mudarem de opinião.

Alma de contabilistas

O debate de ontem entre Soares Franco e Dias da Cunha parecia coisa de dois contabilistas, tal foi a acesa discussão em torno de termos como «resultados consolidado», «balanço» ou «passivo». A linguagem cifrada é sempre o melhor trunfo dos que nada têm para apresentar.