24 março, 2009

Tinha «Afonso Henriques» os testículos no sítio?

D. Afonso Henriques, o rei
Afonso Henriques, o puro sangue
No imenso deserto informativo que nos rodeia, aqui e ali, surgem verdadeiros «oásis» noticiosos que, pela originalidade, devíamos venerar. «Defeito nos testículos pode tirar título a cavalo», é o título de uma peça publicada no «JN» de hoje. O insólito do primeiro impacto, explica-se em três tempos: «o puro sangue lusitano "Afonso Henriques" foi aclamado rei, num concurso de cavalos da última feira da Golegã, em Novembro, mas a vitória vai ser contestada em tribunal, porque o animal não tinha os testículos no sítio certo.» Acrescenta o jornalista, que «a polémica está ao rubro e há quem brinque que aquela vitória é uma questão patriótica». Era só o que nos faltava. Contestar a virilidade de um cavalo, puro sangue, saliente-se, que por acaso tem o nome do fundador da pátria. Se a polémica alastra, alguns ficarão tentados a substituir a inscrição «Aqui nasceu Portugal» pela perturbadora dúvida, «Tinha "Afonso Henriques" os testículos no sítio?»

«Special Relationship»

12 anos depois o escaldante «Sexgate», entre Bill Clinton e Monica Lewinsky, terá versão hollywoodesca em «Special Relationship». Peter Morgan dirige, Julianne Moore interpreta a sofrida Hillary Clinton, enquanto o papel do «bad guy», o presidente Bill Clinton, vai ficar reservado para Dennis Quaid. Ninguém representará a menina Lewinsky, porque o realizador preferiu recorrer a filmagens televisivas da mais célebre estagiária do mundo. Aguarda-se um filme melhor do que o mais recente «W» de Oliver Stone.

Sílvio, o maquinista

Vergonha é o que Sílvio Berlusconi menos tem para dar e vender. Depois de já se ter fardado de bombeiro, e de operário, hoje foi a vez de «vestir» a pele de um maquinista, na viagem inaugural do «Frecciarossa», o TGV italiano, cumprindo os 900 quilómetros entre Milão e Roma em apenas 3 horas. Como político-espectáculo que é, não hesitou em marcar o dia com uma boutade, só ao alcance de um grande demagogo: «É mais fácil conduzir o "Frecciarossa" do que governar o país». Sócrates não se atreve a dizer algo parecido, mas pelo menos já deve ter pensado no assunto.

O porta-voz

Não tem semelhanças físicas com o ministro Santos Silva, mas o domínio da língua na arte de bem vergastar os adversários, sendo uma das suas peculiaridades, aproxima-o do governante. Os 10 anos em Belém deram-lhe calo político e capacidade de choque. Pena que João Gabriel não tenha aprendido algumas boas maneiras. Vir para a sala de imprensa, fazer o trabalho sujo que devia competir ao ultimamente recatado presidente Vieira, destilar ódios, incendiando a paixão clubística, com a Taça da Liga vencida no sábado ao lado, foi um gesto de muito mau gosto. Depois queixem-se que os ânimos andem inflamados.

Contratação fantástica

O «geração rasca» publica em rigoroso exclusivo o primeiro das dezenas de e-mails que prometem entupir as caixas de correio esta semana. O autor é desconhecido, mas a origem intui-se (a palavra apropriada para o caso em apreço) que seja leonina.

As trafulhices não comovem o povo

Manuel António Pina escreve na sua coluna habitual do «JN» um artigo delicioso. Afirma ele que «trafulhices não comovem o povo», justificando que o facto de uma petição promovida por sportinguistas na net já ter reunido muito mais assinaturas do que uma outra petição online que pede a demissão de Dias Loureiro do Conselho de Estado, pelo seu alegado envolvimento no caso BPN. «A pátria comove-se é com "penalties" roubados, não com milhões roubados», sintetiza o poeta e jornalista nortenho. Porta-aviões ao fundo!