10 abril, 2011

Porcaria política

Li no outro dia um artigo em que fala de um novo «trend» «made in USA», naturalmente, em termos de higiene. O objectivo de alguns jovens é passar o maior número de dias sem tomar banho, lavar a cabeça ou despejar uma gota de perfume para cima, para disfarçar a falta de água. Digamos que pela aparência o que dizem ser o putativo sucessor de Sócrates na liderança do PS reúne os requisitos do trend «lava-me porco», na versão tuga. O cabelo de Francisco Assis não parece levar pente há semanas e a barba mal semeada, num mitigado estilo à José Luís Judas, também está longe de inspirar confiança. Os marketeiros que me desmintam, mas isto de falar verdade e ser muito conciliador não chega. Definitivamente. Isto mesmo é capaz de explicar que o Sócrates se aguente nas canetas ao fim de 6 anos de disparates. O charme da personagem, aliado à elegância e ao bom gosto em vestir, o tal estilo «Armani tuga», escondem muita porcaria.

Partidos do arco da velha

Ouvi esta noite no telejornal uma tirada do camarada Jerónimo que fez-me soltar uma espontânea gargalhada. Dizia o chefe do aparelho comuna que os partidos chamados do arco do poder deviam chamar-se «do arco da velha» e que este primeiro-ministro «era um grande catavento». Para os mais incomodados com os PC's, convém dizer que, em plena era digital, a cassete comunista já é utilizada por todas as forças partidárias sem excepção e não consta que os petizes façam parte da ementa da primeira refeição do dia para os adeptos da foice e do martelo. É mesmo mito urbano. Vão dar banho ao cão!

E-broncas

Estou com alguma malapata no Censos 2011. Já não bastava o facto da recenseadora da minha área de residência, por não me encontrar em casa, julgar que a minha residência era de «uso sazonal», por isso só recebi a papelada na sexta-feira, agora é o sistema do INE que está aos soluços. Só consegui preencher uma folha do questionário na versão digital. Aparece-me uma mensagem de contornos estranhos que me convida a voltar mais tarde. Não sei me se apetece. É o Simplex em todo o seu esplendor. PS: Dificilmente a mensagem chegará à destinatária, mas a Inês Santos, a minha recenseadora, escreveu-me um bilhetinho pelo seu punho, todo «fashion», explicando os motivos para o atraso na entrega da papelada, mas não deixou o seu contacto. Inês, se me estiveres a ouvir, tens Facebook?

A pedido de muitas famílias...

Fernando Nobre vai ser o cabeça de lista pelo PSD (sim, ouviram bem, PSD) a Lisboa. O presidente da AMI foi muito mais esperto que o poeta Alegre na rentabilização do seu pecúlio nas presidenciais. Justifica ele, um eterno socialista e soarista de carteirinha, que foi «muito difícil» aceitar este convite. Pois, pois. Com Nobre o PSD vai buscar votos ao Bloco e ao PS nas legislativas e daqui a 5 anos quem sabe não patrocina a rencadidatura do médico a Belém? É certo que a política é ainda mais imprevisível que o futebol, mas as peças do puzzle encaixam. Dizem que a AMI também está como o país, depauperada em termos financeiros. Se os laranjas lá chegarem, estão prometidos uns subsídios. E há mais: vou estar na primeira fila para ver o debate por Lisboa entre Ferro e Nobre. Será que esta gente se revê nos valores que os partidos pelos quais se candidatam defendem? Muito interessante...

O comício mais longo da era democrática

O diácono Louçã foi certeiro: «terminou há momentos o mais longo comício da história da democracia portuguesa». Sem tirar, nem pôr. Para tudo ser perfeito, bastaria que o teleponto à direita do grande chefe tivesse funcionado, mas a verdade é que Sócrates, traquejado nestes «números», não vacilou. Para não dar muito estrilho, a intervenção no púlpito da «passionaria» Ana Gomes foi remetida para depois da meia-noite de domingo, hora mais própria para a exibição de filmes «XXX». Conclusões óbvias: O partido sai unido, nem que seja para o exterior, Sócrates, pelo menos durante os próximos dois meses, é o maior, e o PS, por força das circunstâncias, pelo menos na teoria, vira um pouco mais à esquerda. Ainda assim o único que se atreve a dar umas caneladas é o MNE Luís Amado. Eu ouvi ele dizer que o «país caiu no abismo» e que se calhar o «PS até precisava de uma cura de oposição». O eco foi escasso. Ou se calhar sou eu que estou com cera nos ouvidos.

O grupo dos 47

Juntar Soares e Eanes na subscrição de um documento chamado «Um compromisso Nacional», já era notícia, agora se a esses dois ex-PR se juntarem mais 45 nomes de alto coturno, dos mais variados âmbitos, de Jorge Sampaio, a Artur Santos Silva, Adriano Moreira, Belmiro Azevedo, Soares dos Santos, António Lobo Antunes, Eduardo Lourenço, Rui Vilar e Pinto Balsemão, entre outros, esta iniciatva, divulgada em exclusivo pelo «Expresso», adquire especial relevância. Veremos se não cai em saco roto.

A frase do dia

«A crise tem dois nomes que são Sócrates e Teixeira dos Santos. Os homens que desgraçaram o país», Alberto João Jardim, no Congresso regional do PSD-Madeira, TSF-Online, 10 Abril 2011

O guião

Do ponto de vista da encenação está a ser perfeito. Até parece que o PS esteve 6 anos na oposição e agora se apresta para chegar ao Poder. O guião, assente na vitimização, é uma boa história que se repete durante todo o tempo e como uma mentira, pode tornar-se uma verdade. O repescar de figuras gradas do partido da ala mais à esquerda, Alegre e Ferro, são uma estratégia bem conseguida. O filmezinho dos ex-líderes para verter uma lágrima foi a cereja no topo do bolo. Os profissionais da política são assim. Mesmo terrivelmente acossados, sobrevivem mais tempo que os amadores.