01 outubro, 2009

Asfixia comunista

Há jornais ou publicações sucedâneas que, por muita credibilidade que tenham, jamais passam da cepa torta, precisamente por lhes ser vedado junto de outros confrades qualquer tipo de divulgação. O «Semanário Privado» é um desses casos. Num breve olhar pela primeira página deste título, chamou-me a atenção umas declarações da camarada Odete Santos. A que parece a ex-deputada queixa-se de ter sido «saneada» dos comentários da SIC-Notícias porque disse que a ministra da Educação tinha «umas grandes trombas». É a chamada asfixia comunista.

Passar a mão pelo pelo

Não há um que falhe. Para ser alguém na vida, leia-se na política, tem que se ser «esmiuçado» por Ricardo Araújo Pereira, a inteligência máxima dos gatos da SIC. Depois de António Costa, seguiu-se Rui Rio, dois putativos líderes do PS e do PSD, respectivamente. Quando acabar o programa e se fizer a contabilidade dos convidados presentes, é capaz só mesmo de faltar o prof. Aníbal, mas o nosso PR, como é do conhecimento geral, é pouco dado a esse acosso e «vigilância» televisiva. Do que ele gosta mesmo é de «comunicações ao país» quando o povinho está na manjedoura.

A vida que o major escolheu

Não se confirma que os supermercados «Modelo», propridade de Belmiro de Azevedo, estejam envolvidos na campanha de proximidade cultural e artística desenvolvida por Valentim Loureiro em Gondomar. Depois do episódio dos electrodomésticos aquando da sua primeira candidatura à câmara, o major anda a oferecer aos munícipes bilhetes, à borlix e em mão, para o concerto do grande Tony Carreira, a poucos dias do acto eleitoral, no dia 11. A loucura é tanta que o espectáculo foi transferido do Multiusos de Gondomar, mandado inaugurar pelo major, para um descampado que pode albergar três ou quatro vezes mais espectadores. A oposição classifica este acto como «a sul-americanização absoluta da política, fazendo de Gondomar uma república das bananas». Valentim encolhe os ombros e argumenta não ter culpa que as festas do concelho coincidam com as eleições.

Ideais pouco olímpicos

Copenhaga parece que está a acolher uma cimeira do G-20. Amanhã, ao final da tarde, Jacques Rogge, o presidente do Comité Olímpico, vai revelar a anfitriã dos Jogos Olímpicos 2016. Chicago, Tóquio, Rio de Janeiro e Madrid , são as cidades candidatas. Todos os chefes de Estado e de governo estão na Dinamarca para participarem no habitual jogo de bastidores. Ninguém quer desperdiçar a oportunidade de acolher um dos maiores negócios do Planeta, cada quatro anos. Michele e Barack Obama, deixaram tudo no «states» para se deslocarem fisicamente ao norte da Europa para pressionarem o voto dos delegados na cidade de Chicago, onde até há pouco tempo trabalhavam. Corre o rumor de que existe um comércio de votos em curso, tendo a França assegurado que os seus votos irão direitinhos para a candidatura brasileira. Com tanto atropelo aos ideais olímpicos, o barão Pierre Coubertin já teria dado dúzias de voltas em sinal de desespero ao seu túmulo. Chicago e Rio levam ligeira vantagem. Veremos se quem leva a melhor: o petróleo brasileiro ou o charme dos Obama?

Jornais incaracterísticos e sem cor

Sou dos que acha que a imprensa portuguesa prima pela falta de transparência e exagera nos biombos. Por cá, apoia-se um político, mas de forma velada, quando seria muito mais sensato, a começar pelo cultivar da relação de confiança com os próprios leitores, revelar inclinações e preferências de cor partidária, como acontece em Espanha e Inglaterra, por exemplo. Foi precisamente em terras de Sua Majestade que o «Sun», o jornal mais vendido além-Mancha com 3 milhões de exemplares diários(!!!), tomou partido público, pela primeira vez, em 12 anos pelo candidato conservador, David Cameron, em detrimento do primeiro-ministro Gordon Brown. «Após 12 anos no poder, o governo perdeu-se. Agora, também perdeu o The Sun», escreveu o jornal do magnata Rupert Murdoch na edição de ontem. Clarinho como água. Não creio que será por esse apoio que o «Sun» vai ver descer as suas vendas ou Cameron vá ser eleito primeiro-ministro. Em Portugal, ainda reina o preconceito e um enorme temor de declarar apoios, quer seja na política, quer seja no futebol.

A tarde das facas longas

O Presidente e o secretário-geral do PS encontram-se esta tarde, às 15h15 (mais um preciosismo) no Palácio de Belém. Esta podia ser, ao melhor estilo da «Contra-Informação», a conversa entre ambos:
Cavaco Silva - Não sei se o insulte, se o despreze, senhor Primeiro-Ministro eleito.
José Sócrates - Não sei se lhe chame «força de bloqueio» ou «fabricante de encomendas», senhor Presidente.