08 março, 2009

O «Guarda Abel» da comunicação

Muitos anos após as temíveis incursões do «Guarda Abel», que ameaçava e pressionava os árbitros nos túneis e balneários das Antas, os controleiros chegaram agora aos assessores de imprensa do clube do «Dragão». Segundo conta a Lusa, o Conselho de Redacção da RTP repudiou a forma «insultuosa» como o director de comunicação do FC Porto se dirigiu a um jornalista da estação de televisão após o jogo Leixões-FC Porto da Liga Sagres. Os membros do Conselho de Redacção (CR) «lamentam profundamente» a atitude do funcionário do FC Porto Rui Cerqueira e esperam que as estruturas da direcção de informação da RTP «exijam ao clube um pedido de desculpas» ao jornalista João Pedro Silva e à própria RTP. O incidente em questão ocorreu durante a flash interview do jogo, que a RTP transmitiu em directo. Após a entrevista rápida, o jornalista, que questionou Jesualdo Ferreira sobre a sua eventual renovação de contrato, foi «insultado pelo aludido funcionário do FC Porto. Começou por acusá-lo de desrespeitar 'a instituição FCP' e de 'fazer perguntas encomendadas'», lê-se no comunicado do CR. «És um filho da p…, um bardamerdas, és muito pequeno para mim», terá, alegadamente, dito Rui Cerqueira a João Pedro Silva, segundo a mesma fonte.
A confirmar-se esta atitude de mais um ex-jornalista que pulou a cerca, vestindo a pele de intocável assessor ou «director de comunicação», como se auto-intitulam, julgando-se superiores a tudo, o episódio não pode ser deixado em claro. Um dia, quando se acabar a «mama», regressará, de «bolinha» baixa, ao convívio dos seus ex-colegas, provavelmente à RTP de onde saiu, e encontrar-se-á com João Pedro Silva. Um incidente para mais tarde recordar.

Os «malhadinhas»

Sócrates reuniu hoje a sua primeira comissão política pós-congresso e definiu o actual PS como um «referêncial de estabilidade». Para a função de caceteiros de serviço, o chefe designou, o ministro Santos Silva, desempenhando o papel em permanência, e o actual presidente da assembleia parlamentar da NATO e responsável pelas Relações Internacionais do partido do Largo do Rato, José Lello, para revezar o titular da pasta dos assuntos parlamentares, sempre que se justifique. Chefe que é chefe, não suja as mãos. Para meter lama na ventoinha estão lá essas duas referências do socialismo actual. O PS no seu melhor.

Temor reverencial

Os critérios jornalísticos e a postura da pivô são altamente discutíveis, mas a verdade é que o Jornal da Noite de sexta-feira da TVI foi o mais visto da semana, com 1 milhão e 300 mil espectadores de média, tendo atingido o pico às 21h26, com 1 milhão 798 mil fiéis espectadores ligados, quando passou a peça do palavrão do deputado social-democrata. Os sinais desta sondagem são contraditórios e de dupla interpretação: se por um lado a maior parte da população gosta de ver o outro lado das notícias, mesmo com abordagens miseráveis, o facto é que os estudos de opinião não têm penalizado assim tanto o governo e o primeiro-ministro, os principais visados dos telejornais da «quatro». Em entrevista ao «CM», Manuela Moura Guedes conta as «negas» que tem levado de ministros socialistas para se sentarem à sua frente nos estúdios de Queluz. O medo é tanto que até a secretária de Estado das Obras Públicas deu «corte». Se não houver mais ninguém para convidar, talvez o Afonso Candal lá queira ir explicar como enervar um deputado da oposição em três tempos e ser insultado de seguida.