18 janeiro, 2009

O novo «poster» da política portuguesa

«O rapaz lançado pelo Ângelo Correia» (direitos reservados para Alberto João Jardim) prossegue, step by step, a sua lenta marcha até à glória, com o auxílio indispensável de uma «boa imprensa». Pedro Passos Coelho assiste, presume-se que deliciado, ao desgaste dos seus adversários. Aguarda pela sua oportunidade. Vai-se dando a conhecer, com entrevistas, mais íntimas e pessoais, na sexta-feira ao «Jornal de Negócios», e hoje, mais política e estratégica, ao «Diário de Notícias». Amanhã e terça-feira, participará com José Sócrates na conferência do «Economist», em Lisboa, dando o seu ponto de vista sobre as perspectivas económicas para Portugal. Uma espécie de líder da oposição informal, com mais forma do que conteúdo, mas que prima pela boa aparência, fresca e cativante. Convém advertir que a dita conferência é organizada pela Mota-Engil, conhecida empresa de construção civil liderada por Jorge Coelho, e que o nome de Passos Coelho, convidado como administrador da Fomentinvest, empresa na área das energias alternativas, foi sugerido pela agência de comunicação LIFT - as tais que constroem e implodem a imagem de um político, em três tempos. Muitos negócios e pouca política, pensarão os leitores. Sinais dos tempos.

Tudo na mesma no Caldas e nas Caldas

Aborrecidamente previsíveis continuam os congressos dos partidos portugueses. Com o recurso às directas, os conclaves tornaram-se rituais para televisão filmar, onde se estendem passadeiras vermelhas para o líder e os seus acólitos. O do CDS, nas Caldas da Rainha, não fugiu à regra. Depois dos reformados e dos homens e das mulheres da lavoura, Portas redirecciona as suas palavras de conforto para os pobres e para a classe média que subitamente se viu a braços com situações de aperto - os chamados «novos pobres». O CDS continuará a ser um partido unipessoal, à imagem de um líder obsessivamente centralizador. Tudo gira à volta dele. A renovação, pelo menos nas vice-presidências, revelou-se quase inexistente.
No Caldas e nas Caldas ficou tudo na mesma. Tarefa complicada a de Portas para chegar, como mínimo, aos 8 por cento nas legislativas, quando PS, PCP e BE recolhem quase 60 por cento das intenções de voto e, surpreendentemente, os democratas-cristãos não têm conseguido aproveitar a desgraça social-democrata. Em Outubro, depois dos três actos eleitorais, voltará a falar-se sobre se o CDS é um partido que faz falta à democracia portuguesa. Provavelmente, já sem Portas. Ou talvez não. Não nos esqueçamos que ele é um sobrevivente.

A retirada

Anteriormente disseramos que estava eminente a retirada de Israel da Palestina, previsivelmente antes da tomada de posse de Obama, era o mesmo que . A desmobilização do contingente, após 15 dias de intensos e desproporcionados bombardeamentos, militar começou esta tarde. Espera-se que o presidente americano ponha ordem no «galinheiro» judeu a partir da próxima semana.

A frase do dia

«(...)Se olharmos para a situação actual e compararmos as pessoas que estão a ocupar diversos lugares hoje com o que era há quinze ou vinte anos atrás, ou se quiser ir à Assembleia Constituinte ainda tem um choque maior, e de facto há uma degradação da qualidade dos gestores da coisa pública. Há evidentemente honrosas excepções, mas em média a qualidade das pessoas que estão na política decaiu muito nos últimos anos. Isto é gravíssimo. São pessoas que estão a gerir metade do que nós ganhamos, grosso modo. Metade do que nós ganhamos é gerido pelo Estado», Luís Campos e Cunha, ex-ministro das Finanças, entrevista ao CM/RCP, 18 Janeiro 2009