29 janeiro, 2008

Teorias da conspiração

O novo ministro da Cultura , António Pinto Ribeiro, pertence ao conselho de administração da Fundação Berardo, enquanto Ana Jorge, a indigitada ministra da Saúde, apoiou Manuel Alegre nas presidenciais. Nomeações para pagar favores e calar criticas?

Governo à prova de bufos

A política de comunicação e imagem deste Governo é algo nunca visto. Nada ou quase nada transpira. Nada ou quase nada de sabe das manobras políticas e do que pensa no seu círculo restrito o Primeiro-Ministro. A notícia da remodelação governativa chegou às redacções durante os discursos do ano judicial e no dia em que vieram a lume mais informações comprometedoras sobre os prisioneiros de Guantánamo. Acto contínuo, os jornalistas atiraram-se como gato a bofe ao pitéu e não o largaram mais o resto do dia. No tempo de Santana Lopes, minutos antes da tomada de posse do seu governo, todos os «media» especulavam sobre as personalidades que integrariam o elenco governativo. Com Sócrates, tudo mudou. Eficácia comunicacional ou inépcia jornalística?

Roupa suja

Ainda os ecos da remodelação. Rui Rio congratulou-se com a decisão de Sócrates, frisando que saíram (olha a coincidência) «os dois ministros que agrediram deliberadamente o Porto». «O primeiro-ministro remodelou exactamente os dois ministros que eu tinha dito que não deveriam estar no Governo, porque não tinham demonstrado sentido de Estado", disse o autarca da Câmara do Porto. Hoje, Rio e Sócrates unem esforços para desgastar Menezes. Amanhã, se calhar daqui a um ano, estarão a digladiar-se para as legislativas de Outubro. A política é mesmo uma sujeira.


A frase do dia

«O afastamento do Ministro da Saúde na esperada remodelação governamental, constitui uma clara vitória da rua, do aparelho do PS e da oposição. Decididamente é impossível fazer reformas contra os interesses estabelecidos, contra as visões localistas e contra o clamor demagógico dos média», Vital Moreira, Blog Causa Nossa, 29 de Janeiro 2008

Estupefação e celebração

Segundo relata o repórter parlamentar do "Expresso", na edição online, os socialistas no hemiciclo reagiram de forma distinta. Uns ficaram estupefactos com a reduzida dimensão da remodelação, enquanto outros chegaram mesmo a trocar um efusivo abraço, em sinal de júbilo, para quem quisesse ver. Diz Filipe Santos Costa que só faltou mesmo o champagne.

Haja Saúde

Sócrates estava determinado a continuar com a sua teimosia. Contra ventos e marés, não remodelar o Governo. Mas a sucessão de casos envolvendo o sector da Saúde e as anedóticas intervenções de Correia de Campos, fizeram do ministro da tutela o elo mais fraco e uma bomba relógio que podia explodir nas mãos do Primeiro-Ministro. Solução: afastá-lo. Para compor o ramalhete, desviando, assim, atenções, Isabel Pires de Lima, a ministra invisível da Cultura, também foi no (pequeno) pacote de mudanças governamentais. Uma mera operação de cosmética. É preciso mudar alguma coisa, para que tudo fique na mesma.