05 dezembro, 2010

«Perdoa-me» sul americano

À primeira vista até parece montagem, mas não é. Lula da Silva conseguiu, qual mágico, o milagre de colocar Cavaco e Sócrates a trocar um cumprimento durante a Cimeira Ibero-Americana que terminou em Mar del Plata. Como foi lá longe, no fim do mundo argentino, não conta para a contabilidade. O presidente brasileiro bem disse que queria ajudar Portugal a sair da crise. Não se esperava é que fosse desta maneira. Parecia um «Perdoa-me» sul-americano.

Mr. Cameron e Mr. Clegg à portuguesa

A efeméride Sá Carneiro juntou os dois líderes da direita e «ressuscitou» o cenário AD no actual contexto político. Diz o «DN» de hoje que «militantes mais ou menos históricos» exigem uma «nova AD». Nas eleições que todos anunciam lá para Maio é natural que Passos e Portas procurem a salvação política, coabitando num governo de coligação. Contudo, salvação só se for a deles. A do país continua adiada. E ver Passos e Portas no governo apresenta tenebrosas semelhanças com o parzinho Cameron-Clegg no governo britânico. O melhor é mesmo tentar descubrir as poucas diferenças.

Os mitos não governam

Este país adora efemérides. E insiste em masturbar-se na glorificação dos seus mitos predilectos. Sá Carneiro é um dos que figura, em destaque, na galeria mitológica nacional. Passaram 30 anos sobre o acidente ou o atentado de Camarate. A SIC-Notícias transmitiu ontem um documentário das Fundações Sá Carneiro e Amaro da Costa que constituiu num exercício especulativo sobre «e se o avião tivesse chegado ao Porto?». Gradas personalidades alinharam num exercício em que os portugueses são peritos, a teoria da especulação. Muitos garantem a pés juntos que Sá Carneiro transfiguraria por completo Portugal. Talvez Soares não tivesse sido Presidente e talvez Cavaco nunca tivesse passado de um mero ministro das Finanças. Sempre o «se». Menos aflorado foi o lado birrento e algo diletante de Sá Carneiro. Diz-se que quando as coisas não eram ao seu jeito, ameaçava atirar a toalha - talvez aqui estejada plasmada a influência que exerceu sobre Santana Lopes. Definitivamente os mitos não nos governam e Sá Carneiro e Amaro da Costa abandonaram o mundo dos vivos há três décadas. Acordem!