17 julho, 2010

Mudar para que fique tudo na mesma

Passos Coelho quer mudar a Lei Fundamental e dar ao Presidente da República a faculdade de demitir o Governo, sem ter que dissolver o Parlamento. A primeira ideia forte do líder social-democrata já suscitou ondas de choque no país, a começar pelo «menino guerreiro», Santana. Acho contudo que este é mais um número de ilusionismo do género de Lampedusa, «é preciso mudar alguma coisa, para que fique tudo na mesma». Quando as propostas concretas dos nossos políticos, especialmente os com aspirações a governar, passarem pela redução do número de deputados, a condenação implacável às práticas pouco transparentes da classe e pela reformulação dos critérios de recrutamento dos políticos que se sentam no hemiciclo, talvez seja hora de parar, escutar e...aplaudir. Até lá, siga o circo, tragam palhaços e acrobatas.

O Costa é um cara «legau»

Quando não convém, acontece sempre o mesmo. As notícias são transformadas em notas de rodapé. Então é assim: a próxima edição do Rock in Rio não vai pagar imposto, tal como não pagaram as anteriores. A autarquia lisboeta, como está a nadar em dinheiro, dispensa assim de encaixar cerca de 3 milhões de euros em taxas municipais. O Costa é um autarca que sabe olhar pelos mais desprotegidos. Haja saúde e o próximo que se sentar na cadeira do poder dos paços do concelho que apague a luz. Se o fornecimento não tiver sido já cortado.

Ódio de perdição

Não há margem para erro em Belém. A 6 meses de eleições presidenciais foi escolhido um cenário idílico, nos jardins da residência oficial do PR, para a entrevista de Cavaco na «Sociedade das Nações», com os saltitantes Rogeiro e Cabral. Especialmente agressivo no capítulo Europa, o Presidente não disse nomes nem moradas, mas apontou o dedo aos culpados da crise, sem os nomear, como que dizendo que eles andam por aí. Um dos visados será um político que com ele se reúne todas as quintas-feiras, no palácio rosa?

Correio do Cristiano

Está à beira de ser oficial. O «Correio da Manhã», campeão das vendas nesta aldeia chamada Portugal, vai passar a ter uma secção intitulada «Cristiano Ronaldo, família, amigos e namoradas», tal é a profusão de notícias e fotos sobre o craque. Já que agora se fazem teses de doutoramento sobre tudo e mais alguma coisa, era capaz de ser oportuno desenvolver uma investigação sobre o número de vezes que o nome do jogador do Real Madrid apareceu na primeira página do jornal da Cofina nos últimos anos. Uma brutalidade, certamente.

A frase do dia

«O polvo que adivinhava os resultados doso jogos do Mundial de Futebol é um trágico exemplo da nossa miséria existencial», João Lopes, crítico, revista Notícias TV, 16 Julho, 2010