05 junho, 2010

O pic-nic da saloiada



Salazar continua entre nós, se é que alguma vez nos deixou. Senão vejam. «Pobrezinhos, mas muito alegres», foi como uma das participantes do mega pic-nic da saloiada, organizado pelos supermercados «Modelo», que reuniu uns 80 mil participantes no Parque Eduardo VII, definiu o estado de espírito dos presentes, em declarações a um canal televisivo. Os pretextos eram nobres, despedir a selecção e ouvir o Tony Carreira. O Belmiro, com o beneplácito do autarca Costa, que só abre o Parque para espectáculos deste calibre, ofereceu dezenas de milhares de bolas, bonés e outros adereços a uma turba desvairada, completamente anestesiada face aos problemas nacionais. O principal jogo do dia foi saber quem conseguia levar mais bolas para casa, dentro de sacos ou debaixo das t-shirts, formando improvisadas e volumosas barrigas. Por momentos parecia estarmos em plena acção humanitária de distribuição de mantimentos num campo de refugiados. Falso alarme.
PS: O romancista francês Balzac dizia, em meados do século XIX, que se não fosse pelas tabernas, o Governo seria derrubado em França todas as semanas. Hoje passa-se o mesmo. Sem futebol e sem mega-pic-nics da saloiada este governo já faria parte da história.

O "feeling" do dia

«Vou torcer por Portugal por "default". Como quem torce por um filho sem talento. Por um filho com defeitos (...) Eu também tenho um "feeling". E não é bom», Pedro Bidarra, publicitário, Jornal de Negócios, 4 Junho 2010

Pausa para compromissos publicitários

O BES e a Galp são dois dos mais importantes patrocionadores da selecção, mas a gasolineira supera todas as marcas no que concerne à arte de irritar um santo. À partida dos «navegadores», assim baptizou Queiroz o seu grupo de jogadores, para África, o autocarro, pintado com as cores da Galp, claro, fez uma paragem estratégica numa estação de serviço(da Galp, obviamente) nas imediações do hotel onde a equipa estava concentrada. Altura para dar autógrafos, fazer ouvir as insuportáveis vuvuzelas e contribuir para o circo mediático. O único que parecia meio contrariado era Cristiano Ronaldo,vá lá saber-se porquê. Foi o que se pode chamar uma pausa para compromissos publicitários. Não me venham depois é com tretas que durante os estágios as «prima donas» não podem ser incomodados com sessões de autógrafos porque isso não é bom para a concentração dos atletas. Vão mas é soprar na vuvuzela!